“Uma vela branca acima da cabeça, um copo de água com mel e pronto, meu anjo está iluminado!”

Essa é uma afirmação que vemos constantemente no meio umbandista, porém de fato compreendemos o que estamos fazendo, qual a importância desse gesto, se de fato é importante? Acredito que muitos acabam por fazer esse ritual de forma repetitiva e sem prestar atenção no que estão fazendo, sendo assim, é um ritual inócuo.

Antes de entrarmos no ritual em si – e até mesmo de fazer algum ritual – devemos compreender as forças que estão envolvidas dentro desse processo. Quantos de nós sabemos, de fato, quem é o Anjo-da-Guarda? Poucos, pouquíssimos mesmo.

O Anjo-da-Guarda é uma estrutura ou inteligência (daemon) espiritual (mas não humana) que nos acompanha desde a formação do nosso ser, lá em épocas imemoriais. Em outras palavras, quando Deus decidiu por criar nossa Alma ou Espírito, designou ao mesmo tempo um tutor,  uma inteligência dentro das hostes dos anjos para que nos acompanhasse durante todo nosso processo evolutivo, até o final, até a perfeição do ser.

Alguns, associam os Anjos-da-Guarda, como membros presentes na terceira esfera angélica, sendo os mais próximos de nós humanos, conforme a Teologia de Santo Agostinho. Porém, algumas pessoas confundem essa figura, com um mentor espiritual. Vamos separar aqui as duas definições, para que fique clara, e também algumas outras definições – já tratadas em outros artigos – comuns dentro da Umbanda.

O Anjo-da-Guarda é uma inteligência primeva que nos acompanha desde a criação do nosso espírito imortal.

O Anjo-da-Guarda é uma criatura ou inteligência que foi criada por Deus, antes do surgimento do Espaço e Tempo. Por isso mesmo, eles abarcam toda a criação em todos os momentos da sua existência. Os anjos tem definições claras de funções, no caso “da-guarda” significa que eles devem guardar nossas almas imortais, até que cheguemos a perfeição. Isso não implica em nos cercear a liberdade ou impedir que possamos evoluir por meio da provação.

De fato os Anjos-da-Guarda tem uma função muito parecida com dos mentores espirituais, quando analisamos isso de uma maneira muito próxima e simplista. O Mentor Espiritual tem uma função para conosco de uma ou algumas encarnações, mas nem sempre esteve conosco desde o momento da criação do nosso Espírito Imortal. Pode ser que esse mentor, que é uma entidade humana, ou seja, fora um espírito humano, tenha sido criado ao mesmo momento que você, porém evoluiu de maneira mais célere, o que lhe possibilitou tomar a mentoria da sua próxima encarnação, para si.

Já no caso dos Anjos-da-Guarda, além de sua natureza atemporal (diferente dos espíritos humanos que são temporais) eles já estavam conosco desde a primeira respiração astral e estará até a última no fim dos tempos. Desta forma fica claro que o mentor espiritual poderá e irá mudar conforme o passar das encarnações, mas o anjo-da-guarda sempre será o mesmo.

Nesse momento peço a vocês um sacrifício para esquecer essa história de anjo do dia de nascimento, pois não faz o mínimo sentido dentro do que estamos falando.

O Anjo-da-Guarda não irá fazer com que as coisas fiquem mais  brandas, mas irá ter a certeza de que nossos objetivos sejam cumpridos de alguma forma, seja por meio da expiação e da prova ou por meio da Glória Divina. Porém, não irá atuar de forma a nos impedir a liberdade. Para sua atuação ser sentida, é necessário que façamos um gesto de permissão. Esse gesto se dá por meio do ritual do Anjo-da-Guarda.

Aqui não irei entrar em questões sobre Sagrado Anjo Guardião (S.A.G.), visão dos anjos Assírios, Babilônicos, etc e tampouco sobre anjos enoquianos (que nem anjos são).

Ritual para o Anjo da Guarda

Conforme dissemos acima, um ritual para um Anjo-da-Guarda é um meio pelo qual assinamos um contrato, permitindo que ele atue em nossas vidas para nossa melhora. Não adianta pedir ao Anjo-da-Guarda riquezas, fortunas ou fazer pedidos, pois o mesmo não atenderá. Ele está mais para um grande agente cósmico do Karma (não, não é Exu).

O ritual pode ser o mais simples possível, desde apenas uma vela branca simples acesa até mesmo um ritual com mais elementos, como o que está ilustrado no começo desse texto. Porém, o mais importante aqui é a DETERMINAÇÃO em permitir que este Anjo-da-Guarda possa atuar em nossas vidas.

Então, se você optar por uma vela simples, acenda a vela, eleve acima da sua cabeça e clame para que o Anjo atue na sua vida, com a sua permissão. Se for usar um ritual um pouco mais elaborado, use uma vela branca de 7 dias, uma taça com um pouco de água mineral e mel. Despeje mel dentro da água e ao redor da taça e eleve a vela acima da sua cabeça. Diga:

“Deus Pai todo poderoso, nesse momento clamo a Vós e com a Vossa permissão, autorizo que meu Anjo-da-Guarda atue em minha vida, permitindo que se cumpra minhas necessidades e tudo aquilo que for para meu melhoramento, afastando de mim o mal. Amém.”

Feito isso deixe a vela queimando ao lado do copo e repita o ritual toda semana, quando a vela acabar de queimar.

Anjo não precisa de luz!

Anjos, seja de qual coro ou casta forem, não precisam de luz! Logo, não acendemos velas para iluminá-los, mas sim para que permitamos a sua ação em nossas vidas. É como se estivesse tudo em trevas e a chama da vela – simbolicamente – mostraria onde nós estamos para nossos anjos-da-guarda.

Da mesma forma, rituais para desvirar o Anjo-da-Guarda, são figurativos. Você não consegue atingir o Anjo, mas pode impedir que sua conexão com ele seja estabelecida. Ainda assim, alguns desses rituais são, de fato, para inversão dos mentores espirituais, que são confundidos por diversas vezes com os anjos como já dissemos.

De qualquer forma é uma magia negativa e você pode proceder com a “desvirada do anjo”, conforme abaixo:

Pegue uma vela branca e crie um pavio no fundo da mesma, acenda esse pavio (invertido) e diga:

“Se hoje está tudo ao contrário ou de cabeça para baixo, que seja desvirado em nome de DEUS, de Nosso Senhor Jesus Cristo e de São Bento. Que todas minhas forças sejam realinhadas e reordenadas. Que meus mentores, anjos e forças sejam libertados das amarras, que assim seja.”

Nesse momento vire a vela com o pavio original para cima e acenda o pavio original, fixe numa base (apagando a chama do pavio recém-criado) e deixe queimar até o final. Agradeça a Deus, a Jesus e a São Bento e o ritual está completo.

Trabalho com Anjos

Por mais que queiramos trabalhar diretamente com Anjos, devemos ter certos cuidados. Os mais adequados para se trabalhar e de forma individual é com o Anjo-da-Guarda e da forma acima exposta. Todos os demais Anjos, não são aconselháveis de se trabalhar de forma leiga ou por qualquer motivo.

Apenas pessoas mais experientes na evocação devem se aventurar nesse terreno, pois Anjos, ao contrário do senso comum, não são figuras de luz e bondade suprema.

São apenas ferramenta de Deus para manutenção da sua criação. Lembrem-se que quem destruiu completamente Sodoma e Gomorra não foram demônios, mas sim, Anjos, anjos do Senhor!


Muitas pessoas também confundem os anjos-da-guarda com os Orixás de Cabeça, você já ouviu nosso Papo na Encruza 24 – Orixás de Cabeça?

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