A obsessão espiritual é uma realidade que infelizmente ainda passa despercebida por muitas pessoas. Ainda dentro dos círculos espiritualistas – seja Umbanda, Espiritismo, Teosofias e afins – esse tema é bem controverso e chega a gerar diversos tabus.
O obsedado é encarado como um ser fraco, desprovido de vontade para combater as influências negativas. Esse preconceito vem do lugar mais descabido: daqueles que se julgam espiritualistas. Esses não têm a menor noção do que, exatamente, é uma obsessão e de como elas se processam. Acreditam que só por estar fazendo um trabalho espiritual estão imunes a isso. Sinto lhes informar, mas possivelmente você está sendo obsedado nesse exato momento!
Mas para isso existe tratamento, pois, Deus magnânimo em sua máxima expressão, não permitiria que houvesse uma situação sem resolução. O tratamento começa no terreiro ou centro espírita, mas não termina lá. Vamos entender um pouco como isso ocorre.
Geralmente os casos de obsessão, são dados como de Desencarnado para Encarnado, ou seja, um Espírito já desencarnado, através de laços energéticos, se liga a um espírito encarnado, prejudicando esse ou forçando-o a agir de forma “contrária a sua natureza”. Eu uso aspas aqui, pois ninguém age contra sua natureza! A gente acha que age, mas não é verdadeiro, pois se fizermos algo ruim é porque possuímos essa semente dentro da gente. Somos espíritos em aprendizado e não devemos nos esquecer disto.
Esses laços que ligam o espírito desencarnado ao espírito encarnado se tornam muito fortes e eles tem um motivo de ser, a vibração entre os seres. Seja por uma vingança, um espírito inimigo do passado procurando a sua “justiça”; seja por uma questão de correspondência vibratória, como é o caso das drogas, alcoolismo, vício em sexo e afins; Tudo tem um objetivo de despertar o ser humano. Esses laços muitas vezes, quando no começo da obsessão, podem ser rompidos com mudanças de comportamento e até mesmo com mudanças estruturais na vida da vítima.
Porém em alguns casos mais agressivos, isso não ocorre. Principalmente em casos de obsessão geradas por feitiços e encantamentos, as famosas DEMANDAS. Nesse caso é necessária outra abordagem terapêutica espiritual e a Umbanda é fantástica para isso.
Esse processo de “tirar o encosto” é chamado de Descarrego e é praticamente uma desobsessão compulsória. O guia-espiritual nunca trabalha sozinho, ele possui um exército de espíritos desencarnados de várias designações diferentes para operarem sob o seu comando. Então, quando um consulente chega ao terreiro com um caso de obsessão grave, que possa ter passado para uma obsessão complexa, uma fascinação ou até mesmo uma subjugação, eles procedem primeiro dando um choque no contato entre o obsessor e o obsedado.
Podemos contar com a ferramenta do Choque Anímico ou Mediunidade de Transporte de Umbanda, mas nem sempre isso é necessário. O guia-espiritual de forma velada irá acionar um agrupamento de espíritos guerreiros ou até mesmo exus e pombagiras para que aprisionem o espírito obsessor. Depois outros espíritos e o guia-espiritual promovem passes energéticos na pessoa para desligamento dos cordões energéticos que ligam o espírito obsessor ao duplo-etéreo do obsedado, e só então é que lhe é ministrada a consulta. Essa consulta ou atendimento espiritual objetiva em esclarecer o obsedado (consulente) das mudanças que ele precisa promover em sua vida, para não mais cair no mesmo problema. Geralmente essas mudanças estão relacionadas a reforma íntima e aos objetivos primários traçados antes da reencarnação. Se o consulente começar a se modificar e se melhorar, com certeza esse processo obsessivo terá fim. Mas, caso o mesmo não trabalhe nesse sentido, o processo pode voltar a ocorrer, nem sempre com o mesmo obsessor.
O que precisa ficar claro é que 70% da culpa de uma obsessão é sempre da “vítima”, pois ela não se manteve alerta a recomendação do ORAI E VIGIAI.
Os Espíritos Obsessores que são aprisionados temporariamente, ou na gíria de terreiro são amarrados, são submetidos a evangelização. Primeiramente os espíritos que estão tratando desse obsessor – pois o mesmo também é um filho de Deus em sofrimento e merece tratamento, mesmo que ele seja hiper maligno – vão lhe enfraquecendo, deixando ele desnutrido. O mesmo precisa sempre se alimentar de energias negativas e viciantes, porém em estado de aprisionamento, lhe é cessado todo acesso a essas energias e o mesmo vai enfraquecendo. Quando fraco começam a ser oferecidos a esses espíritos outras formas de energia, são alimentados com “formas-pensamentos” benéficas, feitas por energia positiva e por caridade. Esse assunto da alimentação ou não eu deixo para um próximo artigo.
Nessa forma, o espírito está enfraquecido, porém aberto. Mas ainda carrega ainda muito das suas raivas e paixões inferiores e assim como nós, que quando achamos que fomos injustiçados, queremos a retribuição, eles não pensam com clareza. São então submetidos às sessões que conhecemos como desobsessão, nos centros espíritas ou até mesmo participam de exorcismos, missas e afins.
Eu disse que eles não pensam com clareza, mas isso não quer dizer que não sejam astutos. Existem espíritos malignos extremamente sagazes e inteligentes, mas que pecam por não possuírem um lado moral muito apurado. Justamente por essa sagacidade, eles sabem que um consulente vai ao terreiro e que o mesmo será, de uma forma ou outra, ajudado. Para evitar que ele seja aprisionado, ele se distancia da sua vítima quando esse se aproxima do campo de atuação do terreiro. Esse é o motivo de muitas pessoas se sentirem bem só de irem até o terreiro e falarem que não querem passar com o guia. Isso não é correto, pois a melhora é temporária e é ilusória. Assim que o consulente sai do campo energético do terreiro, o espírito volta a se “encostar” nele e tudo volta ao caos.
Nesses casos é necessário que se vá ao terreiro, para o guia poder identificar os cordões energéticos que ligam o obsessor ao obsedado. Pode ser que o obsessor não esteja presente ali, nas imediações do terreiro ou esteja escondido, porém os laços não são possíveis de serem escondidos para sempre. Um bom guia-espiritual, com um bom médium, conseguem perceber tal fato e fazem a chamada “Puxada” do espírito através do magnetismo. Esse fatalmente irá passar pela tronqueira, onde o elemental que lá se encontra já irá sugar grande parte da negatividade, já deixando o mesmo mais enfraquecido e depois o processo acima descrito se desenrola.
Basicamente é assim que se processam o descarrego de pessoas e o encaminhamento de espíritos. Claro que isso é bem mais extenso, só estou tentando mostrar uma ilustração básica aqui de como as coisas se desenrolam. Possivelmente o guia-espiritual irá pedir para o obsedado (consulente) retornar em mais algumas giras ou sessões, irá lhe ministrar banhos, receitas, defumações ou pedirá para rezar algum salmo, prece e afins. Aí é cada guia com sua mironga, mas que tem o mesmo propósito, manter fortalecido em espírito e mente o consulente para não sucumbir novamente enquanto ainda se desenrola o tratamento.
Você já parou para pensar em quantas vezes passamos por isso? E também fica aqui clara a interligação entre religiões como a Umbanda e o Espiritismo. Deixe sua opinião nos comentários, queremos saber mais sobre vocês.