Sofrer obsessão espiritual é estar sobre a influência de inteligências espirituais que acabam por nos infligir sofrimento e transtornos. A definição mais conhecida de obsessão é a de que um espírito desencarnado age através da influência magnética e manipulação das sensações e pensamentos do ser humano encarnado, para que o encarnado sorva certas substâncias, haja de determinada forma ou simplesmente não seja feliz. Causam transtorno e geralmente estão alinhados com resgates de diferenças do passado por espíritos antipáticos ou inimigos.

Toda essa definição está corretíssima, porém a obsessão não é só pela via desencarnado obsedando encarnado. Podemos encontrar desencarnado sendo obsedado por encarnado e também encarnado obsedando encarnado.

Quando há a obsessão dos espíritos encarnados sobre os desencarnados, o espírito que se encontra desligado da matéria sente as impressões do ente que aqui ficou ou do inimigo que não consegue esquecê-lo. Isso é muito comum encontrar em pessoas que não admitem que o ente querido tenha partido e pede a sua intercessão a todo momento em suas vidas materiais, ou fixa-lhe tão fortemente o pensamento que o impede de se desconectar do processo material e da vida anterior.

Já quando ocorre uma obsessão de encarnado para encarnado, dizemos que é um obsessor (ou encosto, na gíria do terreiro) vivo. Sejamos sinceros, quantos que não vivem sobre esse jugo? Sendo acusado e assediado moralmente por outros, frustrando suas sensações e individualidades. Quantos não podem ter o controle de suas próprias vidas pois uma figura com uma personalidade mais forte sobrepõe-se sobre o frágil caráter? E mesmo ameaças são feitas para sobrepujar a moral e a vontade alheia.

Não podemos nos esquecer jamais que somos espíritos, apenas em uma vivência material temporária, mas que conserva em seu íntimo todas as potencialidades do mesmo. Devemos ainda ter a ciência que as obsessões espirituais não ocorrem por vitimismo, mas sim por fragilidade moral. Somos responsáveis por essas atividades obsessivas em grande porcentagem. Ficamos a todo momento nos desorientando com programas televisivos de baixo valor cultural, além de não procurar uma evolução intelectual ou moral. Não se basear nos preceitos evangélicos, ficando muitas vezes escorado apenas na retórica sem colocar em ação os ensinamentos de caridade do evangelho.

Os espíritos obsessores, sejam encarnados ou desencarnados, acabam apenas vendo uma oportunidade surgir. Espreitam-nos em nossas intimidades, esperando o momento ideal para o ataque, onde nossas defesas estarão baixas. Procedem a obsessão passo-a-passo, sem pressa e sorvendo toda a energia necessária para seus intentos maléficos. Não ganham nada com isso, mas acabam por se satisfazer assim como os encarnados de má índole se satisfazem ao perpetuar o mal no mundo terreno. São espíritos egoístas e egocêntricos que não conseguem observar um panorama mais amplo e fazem de tudo para subtrair a felicidade alheia por estratagemas e artimanhas.

Dentro das obsessões que vemos nos terreiros – chamados de encosto – notamos nos sintomas sempre o mesmo: Ombros pesados, dores nas costas, apatia, cansaço, perturbação mental, falta de concentração, problemas no sono e etc. Quanto mais profundamente se instala a obsessão, mais fatigado vai ficando o corpo espiritual e logo o corpo material do obsedado. Assim como o inverso, procedendo a fatigamento material abre-se campo fértil pra instalação de obsessão mental.

Hoje temos verdadeiras máquinas de obsessão, principalmente pela forma como a notícia viaja pelas ondas de televisão e rádio de forma instantânea, assim como a internet.  Os programas vespertinos trazendo tragédias, a falta de horários e reuniões familiares para estudo do evangelho, a pouca prática religiosa – que é colocada como chata e banal, pelos sábios dos dias de hoje – e etc. Coincidentemente nunca antes pode-se notar tamanha apatia na humanidade, que vêm associada a melancolia, insatisfação e depressão. Apesar de possuirmos uma vida material bem mais confortável que nossos antepassados, também somos mais infelizes.

Na Umbanda tratamos a obsessão espiritual de formas distintas, mas sempre com um único objetivo: Auxiliar a todos os espíritos, seja ele o obsedado, quanto o obsessor.

O tratamento a princípio transcorre através do concurso de emanações energéticas e magnéticas no corpo material e espiritual do obsedado a fim de libertá-lo do concurso do espírito obsessor. No plano oculto, os espíritos que não estão incorporados, atuam diminuindo a força de vontade do espírito obsessor, fragilizando-o e preparando-o para o transporte – em alguns casos levados pelo choque anímico ou por doutrinação espiritual. Paralelamente o mentor incorporado no médium, restitui as energias vitais do obsedado, restabelecendo seus centros de forças (chakras) e as suas vias de movimentação (nadis ou meridianos). Com o obsedado mais fortalecido, procede-se o tratamento de conscientização do mesmo, para que ele não incorra no erro que o levou a obsessão.

Isso dito de uma forma simplificada, mas podemos encontrar dificuldades nesse procedimento. Alguns espíritos obsessores são exímios manipuladores energéticos que acabam anulando as atuações dos guias, então são necessários os concursos de outras ativações energéticas – a magia – para proceder o controle do obsessor. Em outros casos o espírito é extremamente inteligente, vendo que sua vítima irá procurar ajuda em um centro ou terreiro, se afasta temporariamente, ficando fora do alcance dos espíritos da Lei Maior – precisando também do concurso de outras ativações.

Mas no fim, todo o tratamento será pautado na evangelização e doutrinação de ambos espíritos.

As recomendações para se evitar a obsessão espiritual são:

  • Manter os pensamentos e atitudes em um padrão elevado.
  • Fazer a caridade de forma desinteressada.
  • Instruir-se sempre, através de obras evangelizadoras e de estudo.
  • Viver os aprendizados dessas instruções.

Com isso feito, diminuímos em muito as probabilidades de uma obsessão se instalar.

Abaixo deixo algumas perguntas extraídas do Livro dos Espíritos, que vêm de encontro com o tema aqui abordado.

459. Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?

— Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque  muito freqüentemente são eles que vos dirigem.

464. Como distinguir se um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito?

— Estudai a coisa: os bons Espíritos não aconselham senão o bem; cabe a vós distinguir.

466. Por que permite Deus que os espíritos nos incitem ao mal?

— Os espíritos imperfeitos são os instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens no bem. Tu, sendo Espírito, deves progredir na ciência do infinito, e é por isso que passas pelas provas do mal para chegar ao bem. Nossa missão é a de colocar-te no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal. Se pés inclinado ao assassínio, pois bem, terás uma nuvem de espíritos que entreterão esse pensamento em ti; mas também terás outros que tratarão de influenciar-te para o bem, o que faz que se reequilibre a balança e te deixe senhor de ti.

467. Pode o homem se afastar da influência dos Espíritos que o incitam ao mal?

— Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.

 

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