Se você chegou aqui do nada, recomendo que leia primeiramente o nosso artigo: “Exu de Umbanda, Quimbanda ou Kimbanda?“. Dado o recado vamos as considerações.

Essa é a visão da Umbanda por mim praticada, que não é exatamente a Umbanda promulgada pela casa onde eu trabalho. A Umbanda promulgada segue as considerações do fundador da casa e que muito me são caras e que dentro do trabalho sigo, porém dentro de minha própria revolução de pensamentos, cheguei a conclusões pautado na prática, no estudo e nas informações passadas por aqueles que regem minha coroa mediúnica.

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Claramente, as informações aqui contidas seguem essa métrica e funcionam para mim. Contudo, cada casa é um Universo particular e desde que não infrinja as regras básicas da Umbanda: Caridade, Simplicidade e Humildade, são totalmente aceitas e corretas.

Na Umbanda, temos a tradição de separar tudo em um setenário, logo são sete linhas, cada linha tem sete falanges, cada falange tem sete legiões, cada legião tem sete povos, cada povo tem sete tribos e assim por diante. Dentro da minha visão das sete linhas, a sétima linha, conhecida também como Linha de Santos e Almas é a linha de encontro da Umbanda com a Quimbanda, ou em outras palavras a Quimbanda da Umbanda.

Nesta sétima linha, encontraremos os Exus, Pombagiras, Caboclos Kimbandeiros, Cangaceiros, Eguns, Kiumbas e os Pretos-Velhos Kimbandeiros.

A sua classificação é variável e muitos já trouxeram estudos sobre elas, entre eles Aloízio Fontanelle, Antônio Alves Teixeira Neto, N. Molina e até mesmo os mais contemporâneos Rivas Neto e Rubens Saraceni.

O que é importante ressaltar aqui é que as classificações são mais para nossa compreensão e estudo e que não são exatamente como dizemos no plano astral, ou seja, não encontrará você um Reino com um Rei no Trono e os outros Exus como seus súditos. Isso se dá mais em uma relação energética de sincronicidade e de sinergia em seus trabalhos, também em seus pontos de atuação. Praticamente como uma fauna própria, um ecossistema preciso, onde definimos os animais em filos, classes e tal, mas isso não faz com que o animal reconheça outro como seu “aparentado”. Assim se dá também na classificação espiritual.

Dentro das minhas práticas, vivências, estudos, insights e inspirações, cheguei a uma formação das falanges dentro da sétima linha de Umbanda, a linha de santos e almas. Essa é uma linha muito peculiar, com exceção da linha das Águas (de Iemanjá) não encontramos espíritos negativados ou amorais nas demais. Porém, ainda tendo alguns exus presentes na  Linha das Águas, na linha de Santos e Almas encontramos basicamente só espíritos negativados.

Além disto, há a prática de definir uma regência específica para cada linha, regida por um Santo (representativo de uma força, domínio ou essência divina), porém na sétima Linha, em determinações clássicas há a ausência da regência, criando um caos bem interessante. Porém eu encontrei uma forma de colocar uma regência, dentro da minha compreensão, com não uma só entidade, mas um colegiado de entidades regidos por: São Bento, São Lázaro e São Roque. Ainda dentro dessa linha encontraríamos a força de São Cipriano, associado a magia. Vamos a classificação:

Abaixo segue uma imagem com um “organograma” da sétima linha. Para uma melhor visualização recomendo clicar na imagem e se ainda assim não ficar nítido, clique com o botão direito sobre a imagem aberta e depois abrir imagem em uma nova aba.

Organograma - Clique na imagem para aumentar

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Sétima Linha de Umbanda – Linha de Santos e Almas

A linha que faz o contato da Umbanda com a Quimbanda segue uma estrutura similar as demais linhas, temos definida a regência do colegiado regente como  uma exceção, porém ela também é composta por sete falanges e dentro de cada uma dessas falanges encontramos sete legiões e assim por diante. Cada uma das divisões hierárquicas contem um Exu no comando da falange e os demais exus acabam seguindo esse regente e usando seu nome, como na Umbanda. Em outras palavras, existem diversos Exus Caveiras, porém eles obedecem ao Exu Caveira Primordial e esse por sua vez está sobre a regência da Linha dos Caveiras, com seu João Caveira como o regente maior.

A estrutura da sétima linha é a seguinte:

Linha de Santos e de Almas

    • Falange de Malê ou Malei
    • Falange das Almas
    • Falange do Cemitério ou dos Caveiras
    • Falange Nagô
    • Falange de Mossorubi
    • Falange dos Caboclos Quimbandeiros
  • Falange Mista

Vamos as falanges:

FALANGE DE MALÊ

Também conhecida como falange de Malei é regida pelo Exu-Rei. Composta de sete legiões, cada legião possui um sub-regente ou tenente. Essas legiões ainda se desdobram cada uma em sete povos (49 povos ao todo) que se desdobram em 7 frentes de trabalho ou tribos (343 frentes ou tribos).

A linha de Malê é encarada como a regência maior dentro dos Reinos de Quimbanda, onde estariam os Comandantes dos Exus. Seriam os Exus que teriam mais poder adquirido conforme as existências, lembrando sempre que poder não implica que ele é bondoso, apenas que tem grande conhecimento.

Apesar da posição de comando, sua função é mais como um grande conselho. Como os Exus são não-éticos, acabam fazendo o que eles querem. Logo, mesmo que fosse determinada uma lei pelo Comando, os mesmos poderiam desobedecer. Então as decisões tomadas aqui acabando ficando como conselhos e sugestões de conduta.

Geralmente, os médiuns videntes os vêem com vestes escuras e muitas vezes não possuem brilho algum, são opacos.

Nessa linha encontramos os seguintes exus comandando as falanges: Exu Rei, Exu Marabô, Exu Mangueira, Exu Tranca-Ruas (ou Tranca-Ruas das Almas), Exu Tiriri, Exu Veludo e Exu dos Rios (ou Campinas).

O termo Malê também é em referência ao povo de Malê, africanos islâmicos trazidos como escravos para o Brasil. Eles sabiam ler, escrever e sabiam matemática. Viviam de forma mais social1 do que as demais tribos africanas, devido a influência do Islã.

Geralmente, pela cultura, eram escolhidos pelos senhores de escravos para serem Capitães-do-Mato e prevenirem a fuga dos negros escravizados. Como havia certa divergência dos malês com outros povos, esses os viam como infiéis, acabavam fazendo essa triste função de forma “despreocupada” e sem peso na consciência. Lembrando que estamos falando de espíritos que se tornaram exus.

Também tinham o costume de levar amarrado no pescoço em um saco de couro, partes escritas do Alcorão e chamavam isso de Patuá. Esses africanos também eram conhecidos como Mandingas, daí que surge a expressão: “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”, ou seja, muitos negros não-malês, tentavam escapar das garras da escravidão fingindo que eram malês, colocando um patuá em volta do pescoço. Porém, quando eram pegos pelos Mandingas, tinham que ler o que estava dentro e esses não sabiam ler, logo eram descobertos.

Não é coincidência essa ser a linha regente do povo de Quimbanda, são espíritos que ainda são escravizados pelas suas próprias dificuldades morais e pelas suas trevas interiores, que conduzem outros espíritos também em mesma situação.

FALANGE DAS ALMAS

O regente desta falange é Omulu-Rei. Pode parecer estranho esse nome, mas uma questão histórica é que esses espíritos eram chamados de Omuluns, depois perderam o N no nome e acabam confundidos com o orixá Omulu. De qualquer forma, isso é algo que é debatido exaustivamente em terreiros mais antigos, pois quase nada ficou registrado de forma escrita.

Muitos dos espíritos que se encontram nessa falange, acabam também recebendo a alcunha de omulus. São espíritos que se apresentam de forma um pouco mais rudimentar, até mesmo grotesca. São cobertos de pelos e com unhas em forma de garra, alguns até se manifestam com chifres e com aspectos lembrando lobos, com olhos vermelhos. É bom sempre lembrar que a manifestação se dá assim porque os espíritos podem manipular seus perispíritos para a forma que quiserem.

Como estes atuam nos cemitérios, muitas vezes, lidando com ladrões de ectoplasma, eles precisam se manifestar de forma a assustar tais espíritos ou entidades. Existe uma casta de elementais inferiores que trabalham ora para eles, ora contra eles, chamados Lêmures. Todas suas entregas são feitas no cemitério também. Essa falange também atua encaminhando as almas ou, às vezes, as prendendo em seus espaços vibratórios para depuração, na maioria das vezes por meio do sofrimento.

Dentro desta falange encontramos Exus que atuam de forma muito agressiva, por exemplo o Exu Mirim, geralmente atuando em trabalhos de extrema complexidade. Dizem que ele só é chamado quando nenhum outro Exu resolveu a situação. Também podemos destacar o Exu Pimenta, que tem esse nome em alusão a queima que a pimenta produz.

Nessa linha encontramos os seguintes exus comandando as falanges: Exu Mirim, Exu Pimenta, Exu 7 Montanhas, Exu Maré, Exu da Meia-Noite, Exu Malê e  Exu Quirombô.

Há um mito a respeito desta linha de que estas entidade só obedeceriam ordens quando elas fossem ditas ao contrário. Por exemplo, caso o doutrinador ou médium disser a um desses exus que coloque fogo na casa, ele não colocaria e vice-versa. Porém isso dentro da minha investigação é apenas um mito.

Há vários Exus em diversas linhas que são encantados, como é o caso do Exu Quirombô, cujo trabalho não deve ser feito por meio da incorporação mediúnica. Outra curiosidade é sobre Exu Maré, que é muito confundido com o orixá Oxumaré, porém o Maré aqui no nome do Exu tem relação com o movimento e o fluxo do mar.

FALANGE DO CEMITÉRIO

Também conhecida como Falange dos Caveiras é regida pelo Exu João Caveira, chefe do cemitério e por sua consorte Rosa Caveira (uma Pombagira).

Todos os caveiras ou que levam em seu nome algo que lembre caveira – ossos, crânio, esqueleto – está contido dentro desta linha. Eles se manifestavam com características esqueléticas, às vezes como caveiras completas e por outras vezes apenas com o rosto em forma de caveira e todo o resto do corpo coberto por um manto. Mas nem todos que se encontram dentro das legiões, povos e tribos do cemitério são caveiras, apenas estão sob o comando destes.

Assim como o povo das almas, eles recebem suas oferendas e entregas dentro do cemitério e atuam de forma mais organizada na saúde, tanto a dando quanto a tirando. Além disso, organizam todo o espaço do Cemitério.

Seu João Caveira (representado pela primeira tumba negra do lado esquerdo) é o regente do campo-santo e sua consorte é a Rosa Caveira (pomba-gira, representada pela primeira tumba branca do lado direito). Também são ofertados para destruir os inimigos, acabando com sua saúde e energia vital, assim como seus negócios e afins. Logo podemos deduzir que são também ativados para combater tais ativações negativas.

Todo trabalho feito dentro do cemitério, seja qual o intuito for, pode ser feito na força dos Caveiras. Diz a tradição que as mulheres (por representarem a vida) não podem incorporar um espírito de um Caveira (salvo a pomba-gira Rosa Caveira) , pois a mesma acaba sendo desvitalizada e fica doente, algumas até ficam estéreis.

Nessa linha encontramos os seguintes exus comandando as falanges: Exu Tatá Caveira, Exu Brasa, Exu Pemba, Exu do Lodo, Exu Carangola, Exu Arranca-Toco e Exu Pagão.

Nem todos se mostram como Caveira, apenas os Exus Caveiras, Ossos, Ossadas, Crânio, etc; que estão na falange do Exu Tatá Caveira.

Entre esses exus não é recomendado trabalhar mediunicamente com o Exu Pemba, Exu Carangola, Exu Pagão e o Exu Arranca-Toco, apesar que existem vários médiuns que acabam evocando e invocando esses exus para o trabalho incorporados. Quanto a isso devemos manter o alerta e examinar como está a vida deste médium, se está em desequilíbrio justamente no campo em que essas entidades atuam. No caso desses exus, os médiuns têm a necessidade de conseguir dinheiro de maneira fácil.

FALANGE NAGÔ

Essa falange traz um nome conhecido por nós em sua regência, que também rege conjuntamente a falange dos Exus Marinhos dentro da Linha de Iemanjá, o Exu Gererê. Por se tratar de um Exu Encantado, possui uma maior disposição energética para atuar em duas frentes.

Sua principal função é encontrar os espíritos perdidos e enredá-los em suas energias, ou seja prender em espécies de redes. Os Exus que aqui se apresentam entendem muito de magia nas diversas formas: natural (com elementos da natureza), astral (com uso de entidades e forças espirituais) e outras práticas.

Conhecem bastante cultos de vodu e magias similares, das tradições daomeanas e yorubás. Algumas de suas atuações mágicas são quase impossíveis de serem revertidas, geralmente causam até a morte de algumas pessoas (se estiver dentro do seu merecimento).

Muitos ativam essa linha sem conhecer dos malefícios que podem gerar, pois o próprio operador da magia (o encarnado) quando aciona essa linha para trabalhos maléficos ou não-éticos, acaba dando parte de sua energia, em língua de terreiro, põe a mão na macumba também.

São os evocados para trabalhos rápidos e práticos. Essa linha abarca os espíritos chamados de Ganga, povo muito misterioso e altamente violento. Suas incorporações não são feitas por qualquer um, pois é necessário um tônus vital diferenciado para fazê-lo. Antigamente era comum ver esses espíritos se manifestar em médiuns de forma violenta, chegando a bater com a cabeça na parede até sangrar ou o médium desmaiar, também abrindo feridas nos corpos dos médiuns. Já vi a manifestação de um Ganga, quebrando uma cadeira de madeira ao meio com um chute.

Nessa linha encontramos os seguintes exus comandando as falanges: Exu Quebra-Galho, Exu Sete Cruzes, Exu Gira-Mundo, Exu dos Cemitérios, Exu da Capa-Preta,  Exu Curador e Exu Ganga.

A maioria desses Exus não deve ser incorporada por nada, seus trabalhos são feitos geralmente por ativações e oferendas, talvez as exceções sejam o Exu Gira-Mundo, para puxadas (mediunidade de transporte), Exu Capa-Preta e o Exu Curador.

Curiosamente, o Exu Curador (ou curadô) é a princípio bondoso em nossa visão, já que ele cura doenças. Mas vamos lembrar que ele também sabe como produzi-las e o remédio e o veneno são diferentes pela aplicação e pela dosagem. Raramente se vê hoje em dia um Exu Curador em um terreiro.

Outra curiosidade é que o Exu Quebra-Galho é aquele evocado e usado pelos Pais e Mães de Poste que fazem amarrações pelo Brasil afora. Mal sabem eles o que estão angariando para suas vidas.

FALANGE DE MOSSORUBI

O regente desta linha é o controverso Exu Kaminaloá, que é um exu de Função (Serviço) e não deve ser incorporado.

Essa linha tem o predomínio de espíritos que causam (e desfazem) perturbações de origem espiritual, principalmente as mentais. São conhecedores do aspecto mais profundo da psique humana e dos processos físico-biológicos envolvidos entre mente, emoção e matéria.

Também atuam para trazer mais inteligência e melhorar a concentração, estudos e ampliação de dons mentais. Porém trazem desequilíbrios mentais e toda desordem de doenças ligadas ao cérebro, inclusive tumores.

Pessoas que acreditam que podem incorporar todos tipos de exu, mesmo os menos comuns, com nomes diferentes, geralmente caem em perturbações espirituais e colocam toda a culpa na entidade. Contudo essas entidades estão cumprindo o papel delas na Criação, a culpa é sempre do médium. Inclusive em uma obsessão espiritual mais de 70% (quiçá 99%) é culpa do obsedado, o obsessor só explora a porta aberta e o convite.

Nessa linha encontramos os seguintes exus comandando as falanges: Exu dos Ventos (ou Ventania), Exu Morcego, Exu Sete Portas (ou Sete Porteiras), Exu Tranca-Tudo, Exu Marabá, Exu Sete Sombras e Exu Calunga (Exu Calunguinha ou Exu Duende).

Essa falange é muito complicada. A maioria das entidades que são citadas ou estão em subníveis desta falange não deve ser incorporada e nem sequer evocada.

Porém, estão muito presentes hoje em dia, devido a quantidade de médiuns em desequilíbrio emocional e psicológico. O trabalho com esses exus, na maioria das vezes, é feito através de oferendas, pontos e indiretamente.

Incorporar um exu destes não te transformará em um médium mais poderoso. Poderá é causar o inverso e invalidar toda sua mediunidade, podendo até causar doenças físicas e acabar com sua sanidade mental.

Um dos poucos Exus que podem ser incorporados é o Exu da Porteira (ou Sete Portas) porém sua principal função, ao lado dos Oguns é fazer uma triagem dos espíritos que entram nos espaços de culto. Outros exus comuns, porém ainda perigosos, são Exu Ventania e o Exu Morcego.

FALANGE DOS CABOCLOS QUIMBANDEIROS

Para quem acha que só de exu vive a Linha de Santos e Almas (e também a Quimbanda), percebemos aqui a presença de ilustres caboclos. Chefiados pelo Exu Pantera Negra. Uma falange bem interessante, pois os seus falangeiros são Caboclos “Esquerdeiros” com características de Exu. Isso se dá claramente pela evolução e poder que tais caboclos tem do lado intelectual, porém ainda estão acometidos da baixa evolução moral ou são assim claramente pela sua oposição ao status quo cristão.

A entidade Pantera Negra se manifesta em giras de direita como Caboclo e em giras de esquerda como Exu. Porém não é uma entidade comum de ser vista nos terreiros, pelo menos não por meio da incorporação, pois carrega um questão de ancestralidade (sangue) com aqueles que são de sua família. Esse é um fenômeno interessante que encontramos em outros rituais com ascendência indígena e africana, a entidade escolher se manifestar naqueles que carregam seu sangue, seu DNA, sua herança cultural, de alguma forma.

Essa é uma entidade que supostamente descende da realeza de Daomé, ou melhor, a realeza de Daomé descende dessa entidade. Em Daomé essa mesma entidade é chamada de Agassu. Apesar de seu nome e da sua ascendência felina, ele não se manifestará desta forma, se jogando no chão e ficando “em quatro patas” tentando morder as pessoas. A isso damos o nome de mistificação e o médium precisa passar por um tratamento para voltar ao equilíbrio.

Os Caboclos Quimbandeiros atuam no aspecto das magias negras, curam doenças que são consideradas impossíveis, até mesmo daqueles que são desenganados pelos médicos. Conhecem os veios de minerais nobres e podem enriquecer aqueles que eles julgarem necessário (vide a história do rei de Daomé, atual Benin).

Dentro desta falange também vemos muitos índios que habitavam o continente Americano em sua porção Norte (Canadá e EUA). Por serem grandes guerreiros, geralmente acompanham outros falangeiros de direita até as zonas negativas para combater outros espíritos negativos e fazem resgates. Geralmente são vistos com machadinhas, lanças e até mesmo baionetas, por meio da visão astral.

Nessa linha encontramos os seguintes exus comandando as falanges: Exu Sete Cachoeira, Exu Tronqueira, Exu Sete Poeiras, Exu das Matas, Exu das Sete Pedras, Exu do Cheiro (ou Cheiroso) e Exu Pedra Negra.

A curiosidade dessa linha fica por conta da sua excentricidade, porém dentre seus falangeiros há um que está atuando em todas as casa de Umbanda, pelo menos as que mantém a ancestralidade, que é o caso do Exu Tronqueira. Ele é quem comanda a tronqueira e supervisiona a ação do elemental que lá habita.

FALANGE MISTA

Essa falange, também conhecida como Falange Complementar e Falange Cinza, merece uma explicação prévia para evitar confusões. Se trata de uma falange muito mal explicada em todos livros e documentos aos quais tive acesso. Devido a isso, eu com um esforço intelectual, com muita pesquisa, ponderação e o suporte daqueles que me orientam em meus trabalhos cheguei  a uma estrutura aproximada do que julgo coerente, baseado em minhas investigações e práticas.

Com toda certeza será a linha que deixará as pessoas mais confusas, porém isso é até salutar, pois como eu disse repetidas vezes, a Umbanda não é redonda e um pouco de Caos faz bem.

O regente desta falange é o Exu dos Rios, ele aparece também dentro da composição da falange de Malê. Esta falange abriga vários espíritos de outras ordens ou que estão se preparando para tornarem-se Exus. Nesta falange encontramos Eguns – que são espíritos de desencarnados – e Kiumbas – estes praticando exclusivamente o mal e de forma consciente.

Essas duas categorias de espíritos geralmente estão a serviço de alguns outros Exus. São espíritos em processo de mudança de “posto” ou “função”, praticamente deixando seu lado “Kiumba”, migrando para o lado de Exu “Pagão” ou “Catiço”.

São entidades que geralmente trabalham obsedado os outros e criando as doenças espirituais, por meio da destilação de energias negativas ou da inclusão de aparelhos espirituais, larvas astrais e manipulação de miasmas.

Geralmente são convocados para se tornar “bucha-de-canhão” e que vagam no submundo astral alistando (ou aliciando) outros espíritos para as hordas da esquerda.

Dentro desta linha, conforme o meu entendimento, encontramos também os Exus Africanos (Encantados da África ou Elementais), os Pretos-Velhos Quimbandeiros (exímios magos de Quimbanda), os Cangaceiros (vulgarmente chamados de Baianos de Esquerda), as Pombagiras (espíritos femininos, mas que ainda assim são Exus) e o Exu Pinga-Fogo.

Nessa organização não existem as sete falanges da forma como costumamos a ver nos outros, seria a falange de entrada das Almas para os trabalhos na Umbanda. Os espíritos que aqui se encontram não são menos poderosos que os demais, mas se encontram aqui pela falha na categorização em outras estruturas.

As Pombagiras, que aqui encontram uma falange, intercambiam-se com as diversas outras falanges, atuando em áreas que nem os Exus conseguem atuar. Falamos mais de pombagira nos textos: “Pombagira é um Orixá?”, “Pombagira – Exu Mulher?” e “O Homem pode incorporar Pombagira?”.


1 Forma mais social do ponto de vista eurocentrista.


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Ouça também o Papo na Encruza 37 – Quimbanda

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