Nessa edição falamos sobre Exu, voltamos a pergunta sobre fumo, bebida e linguajar desses guias, as ervas dos orixás, velas e suas cores e também sobre literatura não-umbandista para umbandista.

Caso você tenha dúvidas e perguntas a serem feitas, lembre-se que podem enviar as mesmas pelo contato ou deixar no comentário desse tópico. Se não quiser se identificar pode deixar como anônimo. Todos os comentários são moderados para manter a privacidade de quem pergunta.

Todas as respostas aqui dadas são baseadas na minha experiência pessoal, caso algo lhe desagrade use de seu discernimento. Ninguém quer ser o dono de nenhuma verdade absoluta.

1 – Poderia falar novamente sobre Exu?

Exu, na Umbanda é uma linha de trabalho composta por diversos espíritos – sempre masculinos – que já tiveram vivência humana. Alguns poucos são encantados que não passaram por essa experiência, porém esses são exceções e não a regra. Exu trabalha nas trevas para a luz, não é um espírito trevoso por si só. Muitos já conseguiram alcançar evolução suficiente para mudar sua condição, mas preferem trabalhar onde se sentem mais úteis. Existe muita mitologia a respeito de Exu e ele geralmente é confundido com o Orixá Exu, dos cultos africanos. Devemos ter mais cuidado quando analisamos sobre esse tipo de entidade.

2 – O Exu fuma, bebe e fala palavrão?

O Exu pode fumar, pode beber e pode falar palavrão? Claro, mas ele irá fazer no mínimo. Explicando isso: O Exu é um espírito e por consequência não necessita de elementos materiais para sua existência, mas o tipo de trabalho que ele executa precisa, pois geralmente são contra os elementos colocados em magias negativas e em outros casos para o benefício de um ser humano encarnado. O Exu não precisa beber, não precisa fumar e não precisa falar palavrão ou se comportar de forma inadequada. Geralmente quando vemos um Exu se portando desta forma acabamos por ver um desequilíbrio anímico do médium. O Médium em desequilíbrio acaba por manifestar toda sua psiquê conturbada forçando a ingestão do álcool e fumando em excesso, fora seu jeito de se portar totalmente incoerente. Exu pode fazer brincadeiras mas não é leviano, exu tem trabalho sério a desenvolver. O álcool é usado geralmente em seus pontos riscados e não será ingerido, o fumo é usado como uma manipulação de elementos para limpeza astral do consulente, agora a falta de educação: Essa é totalmente do médium. Não há exu que “dá em cima” de mulher, assim como não existe pombagira que “dê em cima” de homem.

3 – Os Orixás possuem ervas próprias?

Na cultura africana é colocado que cada Orixá possui suas ervas específicas, mas o Erveiro da Jurema (Adriano Camargo) cita em muitos de seus textos que uma mesma erva pode conter o Axé (Energia) de mais de um Orixá. Logo, o que indicará o poder em ação será a determinação que daremos para erva e a sua forma de atuar obedecerá o que propusermos. Então não existe isso de erva de Xangô entrar em “quizila” com erva de Ogum na Umbanda. Porém, as ervas tem atividades específicas que devem ser respeitadas. Nunca devemos consagrar uma erva absorvedora com a característica irradiadora, sem uma proposta bem clara daquilo que fazemos e com total consciência do que iremos fazer. Assim como jamais será indicado um banho de comigo-ninguém-pode ou outra erva tóxica na cabeça (ou em qualquer parte do corpo) pois o mesmo pode entrar em contato com a mucosa e aí não há Orixá pra combater o mal da ignorância. O mesmo se dá com a defumação com pimentas.

4 – E quanto as velas? Tenho que acender uma de cada cor?

As velas e suas cores são fenômenos recentes, apesar de haver existido magos em povos antigos que se utilizavam de fogueiras com determinados tipos de minérios junto de determinado tipo de madeira para produzir fogo com cores diferentes, isso não é regra na Umbanda. Na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, a primeira tenda de Umbanda, só se usavam (e ainda usam) velas brancas. Não vejo um sentido esotérico ou místico nisso, mas sim uma questão de praticidade, pois era o que havia mais fácil para comprar e mais barato. As velas com corantes eram mais difíceis de encontrar e também mais caras. Partindo do pressuposto da teoria das cores ou da cromoterapia, as velas tem funções importantes e também determinantes, devido a sua cor, porém o branco é a união de todas as cores do espectro de luz, logo é Universal e pode substituir todas as velas. Inclusive alguns exus usam as mesmas no lugar das pretas. Para se usar uma vela colorida, precisamos saber qual é a sua regência, a qual orixá está ligado, quais seus atributos e domínios. Mas o mais importante de tudo é: “Na falta use a branca, mas nunca deixe faltar a fé.”

5 – Vejo que você cita muito o Livro dos Espíritos, Livro dos Médiuns, Evangelho e Passagens da Bíblia. Mas por que devo ler isso se não sou espírita, católico ou de uma religião Cristã? Sou umbandista!

Em minha modesta opinião, se restringir a um só tipo de literatura acaba nos emburrecendo. É claro que iremos ter nossas preferências literárias, mas só ler aquilo não dá. A Umbanda é um caldeirão de influências, tradições e culturas, logo não podemos deixar a nossa visão limitada. A mesma formalmente foi instituída como um segmento do espiritismo (para saber mais procure a história da fundação da Umbanda pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas), então se utilizar dos livros da codificação espírita é muito coerente. É óbvio que devemos passar tudo pelo discernimento, pois lá nunca irá se falar de Umbanda e da forma como a manifestação desta ocorre pois a Umbanda é muito mais jovem que o Espiritismo. E a codificação ficou carecendo de atualizações, mesmo que Kardec tenha deixado claro para fazê-lo. A Umbanda também é uma religião cristã, logo os ensinamentos contidos nos Evangelhos, seja ele segundo o espiritismo ou da bíblia católica, são profundamente importantes para o aprimoramento moral do umbandista, sendo médium ou não. Ademais, o Livro dos Espíritos por exemplo se chama assim pois compreende todos os espíritos humanos da criação, se fosse algo restrito ao espiritismo seria O Livro dos Espíritas e o mesmo raciocínio segue no Livro dos Médiuns, que não é exclusividade espírita. Além desses devemos ler sobre ocultismo, magia, folclore e muito mais.

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