Magia é um tema que fascina mas também gera muita controvérsia, desde um sistema até mesmo as magias religiosas, acabam suscitando um grande número de indagações e que geralmente são respondidas com excertos de autores consagrados, de forma sonambúlica. A primeira pergunta feita sempre é:
“O Que é Magia?”
Logo respondida por algo padrão, geralmente parafraseando ou citando o famoso e infame mago inglês, Aleister Crowley:
“Magia é a Ciência e a Arte de Provocar Mudanças em Conformidade com a Vontade.”
Sejamos coerentes e vamos assumir que essa definição é muito superficial, principalmente quando nos deparamos com magias de conjurações, evocações, invocações e uso de elementos ritualísticos e focos mágicos. Com a definição de Crowley, tudo se torna mágico, inclusive o ato de viver de forma ordinária, sem grandes conquistas. Vamos assumir que quando falamos em magia, queremos nos referir a grandes feitos e até mesmo a manifestações e exibições pirotécnicas.
Porém, a realidade não é bem essa! A Magia é algo muito sutil e imperceptível da maioria das pessoas mundanas, só quem tem um pensamento mágico, consegue correlacionar os atos mágicos com as mudanças em sua própria realidade.
No episódio #145 do ótimo podcast Papo Lendário, em que eu participei, o integrante Pablo de Assis, me interrogou sobre o que era magia e ainda me colocou “na parede” por eu ter dito que a Umbanda é uma religião essencialmente mágica. Eu tenho que concordar que no momento, pego de súbito (e por não esperar essa pergunta) não consegui responder satisfatoriamente, o que faz com que o Podcast se torne ainda melhor!
Por isso mesmo, que quero nesse artigo explorar mais sobre o ponto de vista da magia, não só na Umbanda, mas sob a minha ótica e o que eu penso a esse respeito. Creio que muitos vão se sentir insatisfeitos, mas é uma questão de posicionamento.
Eu creio que existe duas características primárias dentro da vida do ser humano que são: Necessidade e Merecimento. Dentro do meu ponto de vista, não adianta você fazer uma ativação mágica – como muitos sugerem – para resolver um problema, além disso ela tem que cumprir com os pré-requisitos e satisfazer as condições de Necessidade e Merecimento, do alvo da magia.
Partindo do pressuposto que a magia é ciência, a mesma deveria funcionar sempre, conforme se repetisse os passos corretos. Mas na prática não é isso que vemos, o que já coloca em xeque a eficiência da magia e também a sua credibilidade perante os céticos. Essa desculpa também é viável para que ninguém evoque um demônio acidentalmente, pois não basta a intenção mas também a conjuração correta e etc. Eu penso que tudo isso vai além, vai realmente conforme essas duas condições acima citadas, necessidade e merecimento.
Não é o ato de acender uma vela de determinada cor, em um dia específico, untada com determinado óleo que irá me propiciar algo. Mas sim a intenção que coloco nessa ativação mágica e ritualística, porém ainda assim, se não houver a necessidade e o merecimento, de nada adianta.
Alguns mais incrédulos então podem pensar: “Mas se não adianta, nem tem o porquê de fazer!”.
Eu tenho que discordar, pois se não fizermos nada, ainda estamos sujeitos a necessidade e o merecimento, mas é claro que através de uma ação, seja ela mágica ou não, eu posso mudar minha realidade ao tomar consciência dela. Então, sim, vou proceder com o meu ritual, mas sem banalizá-lo. Não vou acender velas todos os dias e pedir a mesma coisa, só vou fazer ativações mágicas, que sejam condizentes com a necessidade que passo no momento, sabendo que posso não ser atendido. Mas eu também creio, que essa ativação gera uma energia (a partir do momento que é conjurada ou determinada por mim) e que essa energia precisa ser escoada de alguma forma. Então esse “escoamento” será feito amenizando a situação ou cumprindo com o desígnio, mas não acredito que ela seja perdida. Caso nada aconteça, ainda acredito que isso fica ali rodeando nossa “aura” esperando o momento adequado (que houver necessidade e merecimento) para funcionar.
Vou dar um exemplo aqui de algo ocorrido comigo:
Logo ao acordar, senti que havia uma energia pesada ao meu redor. Procedi com a rotina normal do dia, com o banho de higiene pela manhã, seguido pela prece que sempre faço nesse momento, agradecendo por estar vivo e pedindo proteção aos meus familiares e a mim, para o dia de trabalho que se inicia. Mas nesse dia, eu carreguei na intenção de afastar essa negatividade. No caminho de casa para o trabalho, senti vontade de parar em uma casa de artigos religiosos para comprar velas, para acender para seu Zé Pelintra, que foi a entidade que veio a minha mente. Comprei uma quantidade maior de velas, para guardar, cinco velas brancas e cinco velas vermelhas (gosto de acender cada uma conforme a intenção que mentalizo, vermelha para AÇÃO e BRANCA para proteção e banimento). Quando fui pagar percebi que só tinha uma nota de 20 reais na carteira, dei mesmo assim e recebi troco em moedas, que logo coloquei naquele bolsinho pequeno (porta relógio de bolso) da calça Jeans. Um outro costume que tenho é de “oferendar” moedas para seu Zé, em um pote, até ele estar cheio. Quando ele enche eu compro algo (para alguém que precise) ou distribuo essas moedas para alguém em necessidade. Logo pensei em dar uma reforçada no ritual colocando além da vela vermelha também as moedas e pedir um pouco de prosperidade na vida. Quando acendi a vela, e coloquei a mão no bolso pra pegar as moedas, senti que havia algo a mais. Tirei as moedas, ofertei a seu Zé e depois coloquei de novo a mão no bolso e retirei 60 reais do mesmo. Claro que eu havia colocado ali em algum momento, mas havia esquecido completamente, porém achei justo agora. Muita coincidência não?
Pois bem, para mim a magia é exatamente isso a SINCRONICIDADE, uma coincidência que é orquestrada por forças ocultas. Claro que o dinheiro não surgiu do nada, mas é algo que me faria falta e eu simplesmente ACHEI quando não esperava por isso. É assim que eu compreendo a magia…
A magia não é algo que irá fazer dragões aparecerem ou que me permita conjurar bolas de fogo, mas irá propiciar a mim, situações que de outra forma seriam “perdidas”. Irá movimentar certos gatilhos invisíveis para que coincidências aconteçam. Para mim a magia é isso e deve ser bem respeitada, pois é na simplicidade que reside a verdade, conforme diz o sr. Baiano Severino.
Ouça a minha participação no Papo Lendário #145: Umbanda.