Em um dia de gira com atendimento a assistência, a consulente fala para o baiano Severino:

– Mas imagina só, irmão. Ele antes vivia bêbado e aprontava das suas e agora depois de tanto erro vem dizer pra mim o que devo fazer. Isso é hipocrisia. – falava ela sobre seu pai, ex-alcoólatra.

O baiano olha para ela, com aquele seu jeito debochado e disse:

– Então acho melhor que eu vá se embora. Tchau bixinha que Nosso Senhor do Bonfim te ampare.

O cambone, estranhando a falta de vontade do baiano em ajudar, intercede:

– Mas meu pai, você não vai ajudar a irmã? Não vê que ela está em sofrimento?

O baiano já quase de costas se vira e diz:

– Oxente Cabra, a bixinha não quer ouvir quem errou e se salvou, então não posso falar. Quem ela acha que eu sou? Fui assim como vocês, errei muito, sofri, charfundei na lama e sofri mais. Aí um dia na misericórdia de Nosso Senhor, consegui pedir perdão e aprender a servir. Hoje eu aconselho justamente a não fazer as bestagens que fiz, para não sofrerem como sofri.

Ainda acrescentou:

– Então para a bixinha não ser também hipócrita é melhor não falar com um espírito errôneo como eu. Senão ela vai ser exatamente como o pai dela: Hipócrita.

O cambone estupefato abaixou os olhos apenas, murmurando:

– Obrigado meu pai pela lição.

A consulente não entendeu e então Severino pontuou:

– Só quem já andou pelo vale da sombra e da morte e sobreviveu é que pode te dizer como sair de lá. Quem nunca passou por provas não muda de ano.

Saravá o Baiano Severino….

 

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