Quantas e quantas vezes não se ouve essa afirmação nos centros espiritualistas e casas espíritas? O consulente absorvido em seus problemas procura auxílio nas casas espirituais para conseguir um direcionamento ou um conforto e ouve muitas vezes, das mais diversas classes espirituais, que possuí mediunidade e deve desenvolver.

Mas como desenvolver a mediunidade? Deve-se mesmo desenvolvê-la? As coisas ruins ocorrem por conta da minha mediunidade não resolvida? Vamos tentar desdobrar esse assunto nesse artigo.

Já tive a oportunidade de tocar nesse tema em outras publicações, mas acho importante responder novamente alguns tópicos.

Apesar da afirmação de que todos são médiuns, nem todos devem desenvolver a mediunidade. A mais comum das mediunidades é a intuitiva e acontece de se manifestar de forma passiva, sem o concurso consciente do médium. Logo, um médium apenas intuitivo não irá conseguir desenvolver uma psicografia mecânica por exemplo. O que acontece muito hoje é a oferta de desenvolver a sua visão interior, a clarividência e a incorporação; mas me pergunto, será mesmo que dá pra desenvolver um dom que não possuímos? Claro que não! Nesses casos ocorrem os desequilíbrios, as mistificações e as frustrações. Nem todos devem desenvolver a mediunidade, apenas se essa mediunidade for algo a ser trabalhado em prol do próximo e estiver dentro da sua programação de vida.

Então respondendo as perguntas que fiz no começo: Você só deve desenvolver a mediunidade se ela fizer parte da sua programação de vida (kármica) e se você assim o quiser, pois ainda existe algo chamado livre-arbítrio.

Quanto se algo ruim pode ocorrer caso do não desenvolvimento, bom, a resposta mais objetiva seria sim! Mas não é uma forma de reprimenda por não querer desenvolver a mediunidade e sim uma forma de chamar a atenção para o acordo previamente firmado. Tudo dentro da Lei de Ação e Reação, de Causa e Efeito. Muitos que se sentem perturbados espiritualmente e que precisam desenvolver acabam encontrando certo conforto após ir nas casas espirituais e de começar a doutrinar a mediunidade. Explico: A mediunidade é um dom visível aos espíritos, eles são atraídos pelos médiuns. Como diz o Pai Francisco: “O Aparelho (médium) parece com uma luz no meio da escuridão, é o sinal de que é cavalo preparado para falar com as almas. Os espíritos em desequilíbrio se aproximam da luz esperando ajuda, porém quando não são escutados se revoltam e se encontram ressonância na mente perturbada do médium acabam por encostar nele e prejudicá-lo.”

Mas desenvolver a mediunidade não implica em trabalhar com ela, podemos desenvolvê-la para nosso próprio aperfeiçoamento mortal e intelectual. Isso não quer dizer explorar o próximo ou só tomar atitudes egoístas com o respaldo dos espíritos-guias.

Agora se você constatar que faz parte da sua programação de vida e que quer realmente desenvolver sua mediunidade, tome cuidado em como irá fazê-lo. Lembre-se que a mediunidade é uma ferramenta neutra, que serve tanto ao bem quanto ao mal. Logo, é necessário não só aprimorar a sensibilidade como mundo invisível, como é necessário lapidar o próprio íntimo com a reforma interior.

Se você tiver uma inclinação espírita – kardecista – procure centros sérios alinhados com a metodologia empregada por Kardec. Frequente a casa para conhecê-la melhor, vá nas palestras, nos passes e peça para passar pelo atendimento fraterno ou espiritual, em alguns lugares também conhecido como aconselhamento espiritual. Se informe dos cursos, geralmente duram em torno de 5 anos e são divididos em módulos de 1 ano, onde serão abordado os temas sobre o Evangelho segundo o Espiritismo, Sobre o mundo dos espíritos e sobre a mediunidade em si. Os últimos módulos são frequentemente dedicados ao desenvolvimento mediúnico e ao trabalho de desobsessão espiritual.

Caso se identifique mais com a ritualística umbandista, vá também em procura de uma casa séria, de preferência com muitos anos de existência e que você perceba a seriedade dos dirigentes. Lembre-se que na Umbanda não se cobra nada, não se faz trabalhos de amarração, não prejudica-se o próximo e não se faz sacrifício animal. Existem casas que são mais próximas dos cultos afros, outras do culto indígena e ainda outras mais do lado espírita. Entre na casa como um filho procurando ajuda, converse com o guia-chefe da casa e peça para participar como Cambone, diga do interesse que há em desenvolver a mediunidade, assim o Guia pode identificar se você precisa mesmo fazê-lo. Participe das atividades da casa e, se houver, dos cursos.

Estudos próprios não substituem a vivência nas casas espirituais. Você pode enriquecer o seu entendimento e se aprofundar nos temas através de leituras, cursos e outros, mas nunca nada substitui a vivência. Porém, só a vivência também é manca, você precisa dos dois lados: teórico e prático. Indico sempre, não importa a inclinação, a importância em ler o Livro dos Espíritos e o Livro dos Médiuns. Associe o Evangelho Segundo o Espiritismo ou até mesmo a Bíblia como leitura de cabeceira e diária, pois através das lições morais do Cristo, pode-se ter uma melhor orientação de como guiar a sua mediunidade através do trabalho caritativo e de como devemos proceder com a  nossa reforma interior.

E o último conselho que dou é: Não acredite que só você é o certo e que só sua verdade é a correta! Cada ser humano é um indivíduo totalmente autônomo e único.

Assim, desejo a todos bons estudos e boas práticas. Axé!

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