E vamos para mais uma sessão de perguntas e respostas, vamos dar continuidade ao tema de mediunidade.

Lembrando que para enviar suas perguntas pode usar o campo de comentário deste post ou enviar um e-mail para nós.

Os temas aqui abordados podem também ser estudados mais a fundo no Livro dos Médiuns e no Livro dos Espíritos, recomendo sempre esses livros seja você espírita, umbandista ou siga qualquer outra religião que tem a mediunidade como ferramenta de trabalho. 

1 – Por que não vemos incorporação nos centros Espíritas?

Elas existem, porém o centro Espírita, usualmente chamado kardecista, tem uma forma de trabalho diferente da Umbanda. O foco do espiritismo é transformar o ser através da reforma moral aliada a intelectual, usando a mediunidade como auxiliar na desobsessão e resgate dos espíritos em desequilíbrio, os popularmente chamados ‘encostos’. Porém, esse é o foco do espiritismo brasileiro, pois o mesmo em sua essência e origem era uma ciência e filosofia especulativa, que prezava pela pesquisa e pela comunicação com o lado etérico para um melhor conhecimento dos mundos que nos cercam. Quando veio para o Brasil o espiritismo se envolveu com a aura católica e acabou sendo transformado em uma religião de fundo espiritual. Mas nem por isso tem menos valor, alias os livros de Chico Xavier são excelente fonte de estudo sobre o mundo dos espíritos. No meu ponto de vista a incorporação não é uma mediunidade em si, mas sim o conjunto de diversas faculdades mediúnicas. O espiritismo usa-se mais do recurso da psicografia e da psicofonia.

2 – Sou médium, então posso cobrar sessões de atendimento?

Daí de graça o que de graça recebeste! É pelo menos o lema que eu sigo. Acho que não se deve comercializar a mediunidade, até porque quem faz a caridade não é o médium e sim o espírito. Somos apenas veículo usado para manifestação da vontade do Espírito, incluindo nosso próprio. Algumas vertentes religiosas que se utilizam da mediunidade acabam por cobrar trabalhos, consultas, jogos, etc. Nesse caso devemos separar as coisas, existem realmente culturas como na dos jogos de Tarot, Runas, Búzios, Baralho Cigano que é cobrado do consulente algo, pois quem está jogando teve que aprender, fazer curso, despender tempo e recursos financeiros para chegar a esse ponto, porém muitos se utilizam disto para enriquecerem, nem ao menos são realmente leitores de oráculos, apenas dizem qualquer coisa através de uma leitura fria para angariar fundos para si. Se é certo ou errado? Bom cada um é cada um, cada consciência tem que saber o que quer pra si, porém a Lei de Causa e Efeito é igual para todos.


3 – Por que alguns médiuns ‘recebem’ mais de uma entidade em uma mesma sessão de trabalho?

A Mediunidade é individual, cada um vai ter a manifestação de uma forma bem diferente de outro, e nunca se repetirá. Em alguns casos específicos é necessário um especialista, porém a manifestação de um outro espírito que foge da linha que está trabalhando no dia pode ser vista como um desequilíbrio do mental do médium também, pois analisando um determinado trabalho não precisa ser desfeito por alguém incorporado, pode ser canalizado para que tal linha de quebra-de-demanda faça o que deve ser feito, ou que a linha de cura traga os eflúvios necessários que serão o balsamo deste consulente. Um preto-velho, especialista na conversa amigável, pode muito bem perceber que existe algo demandando contra determinada pessoa, para esse trabalho ser desfeito ele não precisa desincorporar e dar espaço para o exu vir em terra e fazê-lo, ele apenas encaminha o mesmo para o ‘setor’ competente. Agora se for necessária a energia anímica do médium, é possível que aconteça essa passagem, como em alguns casos de choques anímicos na mediunidade de transporte.

4 – Por que alguns médiuns sofrem ao ‘receber’ um guia e quando o guia desincorpora?

Mais uma vez isso está ligado mais a falta de doutrina do médium do que da entidade manifestante. Quando se dá o surgimento da mediunidade, ou sua manifestação ostensiva, o médium geralmente cai em desequilíbrio, por não entender o que acontece consigo e também por não saber lidar com todas as energias que lhe circundam. O médium é como uma antena, capta o que está ao seu redor, a questão é o que fará com que você capte uma estação saudável ou apenas estática? Isso se dá pela evolução moral do médium. Quando se começa o desenvolvimento as forças das entidades são mais fortes mesmo, você sente muitas impressões diferentes, alguns sentem tremores, sudorese, tonturas e até náuseas (não são todos os médiuns), por isso é muito comum ver a linha de esquerda se manifestar a frente de todas as outras linhas de trabalho, pois a energia dos Exus e Pombagiras estão mais próximas da vibração terrena, porém não é uma regra. No começo do desenvolvimento é normal sentir até um certo desconforto, até que as energias se equalizem e se harmonizem e passem a vibrar em conjunto. Com o passar do tempo isso não deve mais acontecer, um espírito de Lei jamais deixará seu ‘cavalo’ em estado ruim, ele saberá fazer a limpeza que o médium precisa e irá lhe deixar em perfeito equilíbrio, em alguns casos onde o trabalho foi pesado pode-se sentir um cansaço ou uma indisposição, mas não irá se sentir agonizando. Por isso é bom seguir os preceitos passados pela Casa Espírita ou Terreiro umbandista que se frequenta, eles são exercícios para manter o equilíbrio energético do ser.

5 – Você falou de médium de transporte e choque anímico, mas o que isso significa?

Era mais comum antigamente ter médiuns chamados de transporte nos terreiros. O que eles faziam era servir de ponte entre o mundo material e espiritual, como todo médium, mas recebiam os espíritos que estavam desequilibrados ou em estado de negatividade, para que através de seus eflúvios vivos ou ectoplasma pudessem dar um choque no espírito e esse ser amparado, recolhido e encaminhado a seus locais de necessidade e merecimento. O Espírito quando deixa a carne perde a energia terrena, que é o ectoplasma, em alguns casos é necessário revesti-lo da mesma para dar esse choque anímico, como eu chamo, e ele ‘relembrar’ como é vivenciar a carne. E não é só na umbanda que se faz isso, o passe espírita chamado de CH (nomenclaturas elaboradas por Edgard Armond) faz exatamente a mesma coisa. Depois esse espírito é encaminhado para as sessões de desobsessão pelos amparadores do astral da Casa. Hoje é mais raro ver um médium exclusivamente de transporte, tudo evolui até a espiritualidade. Geralmente o mesmo processo é conseguido através de manipulação energética ou magística e o concurso dos elementais e dos doadores de ectoplasma. As vezes o cambone está lá se achando o pior dos piores, porém sua função é de vital importância, além de todos seus afazeres, ele está doando ectoplasma para os resgates que estão ocorrendo dentro da sessão ou gira.

Recomendo a leitura do livro Passes e Radiações de Edgard Armond, pode ser encontrado em http://www.livrariafae.com.br/.

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