Essa coluna tem a intenção de comentar sobre as questões abordadas no Livro dos Espíritos. Irei dar a minha interpretação, opinião e muitas vezes contestação sobre as questões feitas aos Espíritos por Kardec. Longe de mim ser a Verdade, a proposta é justamente incentivar aos leitores a fazer o mesmo e procurar exercitar o discernimento e raciocínio. Então se a minha opinião lhe parecer ácida demais, coloque a sua opinião nos comentários, assim criamos um grupo de estudos autônomo. Bons estudos a todos.

As perguntas, respostas e comentários de Kardec estão com indentação avançada.

Capítulo I – De Deus – Panteísmo

14. Deus é um ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?

— Se assim fosse, Deus não existiria, porque seria efeito e não a causa;ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma e outra.

— Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai no que vos digo e não queirais ir além. Não vos percais num labirinto de onde não poderíeis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez, um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois, de lado, todos esses sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetrar o que é impenetrável.

Uma das explicações teológicas mais aceitáveis para mim sobre a existência de Deus e de que Ele não é tudo no Universo é pela simples razão de que o que vemos é o resultado de sua obra e a obra não é perfeita, se destrói e se reconstrói e ela não é em todo completa, logo Deus sendo Perfeito e Completo – sendo o TODO – não poderia ser dividido em partes ínfimas e incompletas. Cada centelha de Deus seria Deus, ou melhor, pegue a PERFEIÇÃO e a divida, ainda continua sendo perfeição e contendo tudo. Complexo não? Mas é sempre assim quando tentamos compreender a Divindade pela ótica terrena. Alguns ainda questionam porque Deus não intercede na vida terrena, e alguns até assustam-se quando menciono que Deus não “está se importando conosco”. Mas vejam ele sendo Onisciente – Sabe tudo, Onipresente – Está em todo lugar a todo momento e Onipotente – Pode tudo, sabe da nossa vida do começo da manifestação do nosso espírito exteriorizado de sua Vontade até o nosso final quando atingirmos a nossa consciência plena e condição de espírito puro e perfeito, condição angelical. Além disto os conceitos de tempo e espaço foram criados pelos homens, mas digamos que seja também algo criado após Deus, logo isso pouco importa para Deus que é anterior (termo inexato) a esses conceitos. Então ele pode exercer sua vontade do jeito que bem entender, mas como ele sabe já o final de nosso ser, ele não tem porque interferir.

15. Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta?

— Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte de Deus.

Não consigo conceber um Deus Panteísta, porém podemos dizer que a essência de Deus – ou sua vontade de criação – está em tudo que fora criado. Como tudo foi manifestação da mente divina, tudo pode ser considerado divino. Inclusive nós.

16. Os que professam essa doutrina pretendem nela encontrar a demonstração de alguns dos atributos de Deus. Sendo os mundos infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito; o vácuo ou o nada não existindo em parte alguma, Deus está em toda a parte; Deus estando em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. O que se pode opor a este raciocínio?

A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.

Esta doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de inteligência suprema, seria em ponto grande aquilo que somos em ponto pequeno. Ora, a matéria se transformando sem cessar. Deus, nesse caso, não teria nenhuma estabilidade e estaria sujeito a todas as vicissitudes e mesmo a todas necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. As propriedades da matéria não podem ligar-se à idéia de Deus, sem que o rebaixemos em nosso pensamento, e todas as sutilezas do sofisma não conseguirão resolver o problema da sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos aquilo que não pode ser, e este sistema está em contradição com as suas propriedades mais essenciais, pois confunde o criador com a criatura, precisamente como se quiséssemos que uma máquina engenhosa fosse parte integrante do mecânico que a concebeu.

A inteligência de Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.

Kardec explica magistralmente essa questão. Abre-se aqui também outra interlocução, quando pergunta-se sobre o porque Deus precisa de Anjos, Mensageiros, Santos e Orixás para manifestar seus poderes. Por que Ele não poderia Ele mesmo se manifestar aqui? Deus é anterior ao tempo e ao espaço, se ele entrasse na sua Criação estaria se tornando temporal, então criaríamos um paradoxo pois Deus deixaria de ser eterno e imutável.

Aqui terminamos os comentários do Capítulo 1!

Veja tudo que já foi publicado sobre o Estudo do Livro dos Espíritos.

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