Por Nicole D.Wijtenko
Psicóloga

Psicoterapia funciona? Por que a fala ajuda? Psicólogo lê mentes? Ele vai me dar a fórmula da felicidade e a resolução de todos os males? Vou responder a essas perguntas com base na fenomenologia-existencial e em como esse processo pode ajudar.

Todos nós já nos fizemos algumas dessas perguntas (ou todas elas) ao menos uma vez na vida. O que eu acredito e o que eu vejo é que a terapia funciona sim! Em muitos casos é de fundamental importância, mas, desde que você esteja interessado e pronto para o processo. Pessoas que procuram a psicoterapia por livre e espontânea pressão, sem que haja um verdadeiro interesse, provavelmente não obterá sucesso no processo. Sabe por quê? Por mais que muitos pensem que o psicólogo tenha poder e controle da vida do outro, isso não é verdade, pelo menos não na abordagem a qual me serve de base.

“O que um não quer dois não fazem”? Isso também se aplica no contexto terapêutico. Há de se criar vínculo, confiança e ter motivação das duas partes e não só do profissional. Depois que este contato é estabelecido e o vínculo é criado, passa a ser possível então um compartilhamento de vivências e experiências. É através desta abertura que se torna possível a construção e a desconstrução de ideias, significados e pensamentos, assim a existência numa totalidade será olhada e questionada.

E é por já existir uma confiança que o psicólogo pode então entrar no mundo do outro e possibilitar que ele enxergue suas experiências de uma forma que, no dia a dia, talvez não seja possível, pois estamos imersos no senso comum, no modo impessoal de ser, sem ter a oportunidade de entrar em contato com nós mesmos, com nossas questões doloridas, frágeis, mal resolvidas ou obscuras. Acredito na cura pela fala porque através dela nos esvaziamos e nos deixamos mais leve. Colocamos pra fora o que dói, divide-se com alguém preparado para ouvir sem julgamentos aquilo que não se consegue falar com amigos, familiares, parceiros, etc.

Além da importância da fala, está a importância do ouvir e não somente o ouvir do psicólogo, mas do próprio paciente. Pois quando narramos nossa história tomamos consciência do que é nosso, nos apropriamos daquilo como parte de nós mesmos, como algo resultante de meus comportamentos e escolhas, e passamos a criar responsabilidade pela nossa própria vida.

Quando se toma consciência que sua vida só diz respeito a você mesmo e que só você pode optar pelas suas escolhas, o psicólogo não tem mais que “precisar ler mentes e dar respostas prontas”, pois você tem a condição de decidir seu próprio caminho e suas próprias respostas. Mas ele estará ali ouvindo, acolhendo, dando o suporte necessário e apontando aspectos importantes que te provoquem reflexão, muitas vezes questões que você não tenha nunca parado pra analisar.

É assim que finalizo dizendo então, não damos respostas, não temos um manual de como solucionar todos os problemas, conflitos, dores e emoções. Mas saibam, sendo possível criar um vínculo terapêutico, o trabalho psicológico é imensamente útil e benéfico na vida das pessoas.

]]>

%d blogueiros gostam disto: