Deparei-me com uma postagem no Facebook que me chamou a atenção não pelo seu contexto e talvez até pela sua exatidão no pleito desejado, mas sim pela falta de informação na exposição do mesmo e na tendência a repetir conjuntos de “ideias” e “discursos” rasos e sem fundamentação histórica e sequer cultural.

A História da Umbanda é repleta de lacunas e nunca iremos conseguir completá-las a contento, contudo com um pouco de estudo histórico, etimológico e até mesmo cultural, conseguimos compreender o formato da constituição do povo brasileiro e claro podemos passar isso para a constituição da cultura e por consequência das religiões aqui nascidas.

O  Umbandista procura muito sobre como acender velas, como agradar Orixás e atualmente em como estar atualizado nas agendas sociais e políticas. Só que peca quando tange a entender a sua própria religião que é um reflexo da sociedade formadora ou pré-sociedade brasileira, por assim dizer.

O texto que eu encontrei foi o seguinte:

“Porque é tão fácil entender que Ogum não é São Jorge, que Iemanjá não é Nossa Senhora, mas ao mesmo tempo é tão difícil aceitar que Jesus e Oxalá não são a mesma coisa?

E que, portanto, a teologia UMBANDISTA não deve ser derivada do cristianismo, mas sim do sistema yorubá de pensar?

O resultado dessa recusa a encarar com seriedade os fatos é a perpetuação de conceitos estranhos às religiões de matriz africana e a total deformação das suas estruturas teológica e filosófica:

Céu, inferno, pecado, virtude, dogma, salvação, condenação, pureza, impureza…

Nada disso nos pertence.

Todo respeito a Cristo e seus fiéis, mas é mais que hora de aceitarmos quem somos.

Caso contrário, assinaremos embaixo do projeto de apagametno da cultura afro-brasileira e indígena e colocaremos no lugar mais um cristianismo místico genérico da américa latina.”


Aqui me chama a atenção alguns pontos colocados que é de grande preocupação, elenco-os:

  1. Falta de conhecimento do que é Sincretismo e de seu uso pregresso até mesmo antes da colonização.
  2. Umbanda não ser derivada do Cristianismo, mas ter que ser pensada no “sistema” yorubá.
  3. Recusa em aceitar com seriedade os fatos e criar conceitos estranhos às religiões de “matriz africana”.
  4. Apagamento da cultura afro-brasileira e indígena.
  5. Cristianismo místico genérico da América Latina.

Esses pontos me chamaram a atenção e acredito que é preciso um pouco de contextualização para entender o equívoco do autor.

O primeiro ponto é o entendimento de como foi formado o Brasil. A gente chama muito de Brasil Colônia porém não há relatos dessa nomenclatura ser utilizada no Brasil e tampouco na Europa. O termo mais correto é o Estado do Brasil que não compreendia toda a extensão do território brasileiro.

Em 1534 começaram a ser fundadas as capitanias hereditárias. Faixas de terras localizadas na costa leste brasileira, sem adentrar a sua zona meridonal, como uma forma de marcar a presença portuguesa na América sulista sem ocorrer a intervenção de potências navegantes como as Espanholas, Inglesas e Holandesas.

Capitanias Hereditárias – 1534

Como podemos perceber na imagem acima (clique para aumentar) a terra que seria o Brasil era dividida em faixas: Maranhão, Ceará, Rio Grande, Paraíba, Itamaracá, Pernambuco, Bahia de Todos os Santos, Ilhéus, Porto Seguro, Espírito Santo, São Tomé, São Vicente, Rio de Janeiro, Santo Amaro, e Santana.

Essa divisão perdurou durante um tempo até quem em 1621 houve a mudança da sua divisão: Estado do Maranhão e Estado do Brasil. Sim, grande parte do que hoje consideramos Brasil, não era chamado de Brasil.

Dois Estados – 1621

Já em 1709 temos uma expansão que demarca o rompimento do famoso Tratado de Tordesilhas, que definia que a parte oeste do continente sul-americano seria de propriedade da Espanha, gerando estados um pouco mais definidos que conhecemos hoje.

Mapa do Brasil em 1709

Lembrando que a família Real Portuguesa só chegou ao Brasil em 1808 e que a independência do Brasil do Reino de Portugal se deu em 1822.

No mapa acima vemos divisões completamente estranhas para nós, pois algumas das regiões ainda mantém seus nomes até os dias atuais. Podemos perceber principalmente a região Norte do Brasil chamada de Grão-Pará, a Região Sudeste e Centro-Oeste chamada de São Paulo, a inexistência do Estado do Espírito Santo, sendo este parte da Bahia, também percebemos uma geografia bem diferente na região do nordeste brasileira onde a Bahia está “diminuída” e a região de Pernambuco está expandida.

Pois bem, isso pode ser um indício de muitos dos “baianos” da Umbanda possuírem sotaques que não são característicos do estado da Bahia (desfazendo um dos muitos mitos) além do seu traje típico do sertanejo Pernambucano e das palavras como Oxente, Cabra e Peste, comum na fala do Espírito dos Baianos de Umbanda. Sendo que o sotaque do Baiano natural do estado da Bahia é mais cadenciada, mais lenta em alguns aspectos.

Até 1815 Pernambuco manteve a maior parte da sua extensão territorial sendo que algumas partes se tornaram os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe.

No nordeste a capitania de Pernambuco era vista como uma das mais lucrativas para o povo europeu devido a exploração da cana-de-açúcar. A mão de obra escrava primordial em terras brasileiras foi a indígena, contudo sabemos que os europeus (ingleses, holandeses, franceses e portugueses que aqui estavam) não conseguiram ter sucesso com os nativos em sua gana exploratória.

A solução (indigna) foi sequestrar e traficar povos oriundos da África para servir de mão de obra escrava nas plantações de cana-de-açúcar.

A escravidão já era realidade desde 1530 no Brasil, contudo a exploração do africano começou por volta de 1539 e 1542, principalmente na região de Pernambuco.

Portugal já tinha contato com os povos africanos, principalmente os de origem Banto (ou Bantu) desde 1483 por meio do explorador português Diogo Cão. Inclusive o mesmo levou alguns congolenses para Portugal, retornando ao Congo por volta de 1485 trazendo os mesmos convertidos para o cristianismo. Inclusive o Manicongo (ou Rei do Reino de Congo) Nzinga a Nkuwu foi batizado e convertido em 1491 se tornando João I do Congo.

O povo Banto é compreendido como um conjunto de diversas etnias que tem uma similaridade cultural e linguística, sendo as línguas mais comuns o Kingongo (Kincongo), o Umbundu e o Kimbundo. Compreendiam as regiões da África Subsaariana, onde estão localizados Atual Angola, Congo, Gabão, Camarões, Moçambique, Zimbabue, Parte do Sudão, África do Sul e etc.

Este foi o primeiro povo explorado (principalmente o de origem congolesa e angolana) que foram trazidos como mão de obra escrava para o Brasil, sendo também a sua maioria.

Os africanos de Origem Banto foram trazidos principalmente de Angola, Moçambique, Benguela e Congo e levados a locais como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Maranhão.

Durante os séculos XVIII e XIX, Angola foi a principal fonte exportadora de mão de obra escrava para os portugueses, ou seja, que foram trazidos para o Brasil. Estima-se que 75% dos africanos que foram escravizados e trazidos para o Brasil eram de Origem Banto.

Desta forma fica implícita a sua maioria e com isso a sua capacidade de trazer também a sua cultura para cá. Cultura essa que se manifesta pelo “sincretismo” ou “Proto-sincretismo” onde as religiões destes povos acabavam por assimilar os Deuses e Divindades, assim como a cultura de outros povos para reforçar a sua própria crença. Então é totalmente aceitável que um Banto pudesse cultuar sua divindade local, seu Inquice e também uma divindade estrangeira (como eles viam Jesus, os santos e afins).

Essa cultura já existia na África e foi trazia conjuntamente com os africanos bantos para o Brasil e não era forçada, mas sim uma questão cultural de agregação de forças ou Mojo (Moyo) como alguns falam. Essa palavra em Yorubá pode ser associada com Axé, força vital.

Aqui vemos que o Povo Banto não cultua Orixás, mas outras formas de divindades não individualizadas e também os Inquices que representavam forças naturais, além disto compreendemos também que eles associavam aos ancestrais um caráter divino.

Para mais informações consulte: A Religião dos Bantos: Novas Leituras sobre o Calundu no Brasil Colonial por Robert Daibert.

Aqui refutamos o ponto 1 e ponto 2 da nossa listagem no começo dessa postagem, ou seja, já havia sincretismo na África e também a maioria do povo formador cultural de origem africana no Brasil tinha cultura Banto e desta forma não cultuava Orixás, ou seja: NÃO ERAM NAGÔS (YORUBÁS).

A QUESTÃO DA MATRIZ AFRICANA.

Um outro desentendimento que há é sobre MATRIZ AFRICANA das religiões como Candomblé e por consequência da Umbanda. O Candomblé (ou Candomblés, pois existem vários) são nitidamente de origem Africana ou seja de Matriz Africana. Em outras palavras são religiões brasileiras que beberam da fonte africana original para se fundamentarem (contudo de uma forma diversa da crença primária em terras africanas).

Contudo a Umbanda não é de Matriz Africana pois também bebe de fontes indígenas e europeias (por mais que queiram descaracterizar isto). Há claro o entendimento de um certo embranquecimento da Umbanda e das Macumbas por meio de discursos eugênicos, mas temos que encarar os fatos reais, a cultura européia é presente em nossa cultura brasileira também.

Para saber mais leia: A Morte Branca do Feiticeiro Negro: Umbanda e Sociedade Brasileira de Renato Ortiz.

Ao se negar o impacto do índio (afinal a Umbanda é nitidamente um culto de Caboclos e Pretos-Velhos) nós estamos refutando a origem mista da própria Umbanda, tirando todo seu encantamento das práticas nativistas.

Então entramos em contrassenso com o ponto 3 e 4 de nossa listagem pois exacerbar de forma equivocada a Umbanda como Matriz Africana buscando um purismo Yorubá é apagar a identidade Banto e Indígena da religião. Denota uma total falta de compreensão da própria origem da religião e do povo formador. Essa é uma característica (infelizmente) do povo brasileiro que não consegue ler mais de um livro de história aceitando tudo de bom grado conforme figuras proeminentes se manifestam. Aceitam como gado que vai para o abate sem contestar e tampouco tem forças ou argumentos para contestar pois nunca abriram um livro que não um romance espiritual.

CRISTIANISMO MÍSTICO GENÉRICO DA AMÉRICA LATINA

Essa é outra afirmação que me incomodou pois ao denotar que o cristão é apenas o católico como muitos tentam compreender, acaba nos levando a incorrer no maior erro que é ver a religião como uma inimiga histórica sem analisar seus feitos.

Erros, equívocos e atrocidades ocorreram em todas as religiões e em todas as culturas e sociedades, inclusive nas africanas e indígenas.

Para saber mais leia: Escravidão – Vol. 1: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares.

Porém o cristianismo empregado dentro das práticas de Umbanda é realmente místico, pois é essa a característica da Umbanda, uma religião mística que faz uso da magia para sua expressão religiosa.

O cristianismo aqui empregado é o cristianismo popular que deu origem as benzedeiras e raizeiros, deu origem a magia popular e as simpatias e principalmente deu origem a estrutura cristã brasileira descentralizada da Igreja. Veja isso com o clássico termo “católico não-praticante”, ou seja um católico que não respeita os dogmas e regras da Igreja Centralizadora. Desta forma ele não é de fato um católico, só se identifica assim por falta de um outro termo mais adequado.

Esse mesmo católico dança no Carnaval, comemora a páscoa, ainda tem festa de Halloween e poderia fazer simpatias para afastar o mau olhado e desvirar o bucho da criança.

Entendem como é uma contextualização errada? O uso das imagens católicas pode ser até contestado nos Congás, contudo o uso das imagens dos Orixás também, afinal vimos acima que grande parte da influência da Umbanda é Banto e desta forma deveríamos representar os Inquices (que não tem estatuetas e personalizações). Como fazer não é mesmo?

A REFUTAÇÃO DE TUDO

Agora se você ainda acredita que a Umbanda é Africana com influência Yorubá e que está sendo apagada, vamos pegar termos comuns falados dentro do terreiro e analisar etimologicamente para descobrir suas origens.

Temos como: Aruanda, Atalaia, Arranca-toco, Banda, Calunga, Cambona, Cambone, Camutue, Candomblé, Canjerê, Canjica, Canzua, Capangueiro, Catular, Congá, Curiá / curiador, Dendê, Engira, Farofa, Fundanga ou funganga, Ganga, Macaia, Macumba, Maleme, Mandinga, Marafo, Miçanga, Milonga, Mirongas, Molambo, Mucuiu, Pemba, Quimbanda, Quiumba, Quizila, Quizumba, Sacaanga, Saravá, Tatá, Vumbi, Zimba, etc.

São todos de origem Banto, curioso né? Como um terreiro com cultura Yorubá vai usar termos de linguística Banto em grande profusão (inclusive grandes partes da língua portuguesa, principalmente a brasileira, acaba tendo diversas influências do Kincongo, Umbundo e principalmente do Kimbundo).

Para saber mais leia: Novo Dicionário Banto do Brasil; Nei Lopes, Editora Pallas.

Vamos a alguns exemplos:

  • Aruanda: De Luanda, Reminiscência da memória coletiva do negro brasileiro que teria conservado de São Paulo de Luanda, Capital de Angola, porto africano do tráfico de escravos. Passou com o tempo a deixar de designar o porto de Angola, para se transformar em um lugar utópico, como uma pátria distante, um paraíso a liberdade perdida, terra da promissão (ENCICLOPÉDIA, 1970 a, verbete “Aruanda”).
  • Atalaia: Encontrada no clássico ponto de Pombagira (Pambu Njila, outro nome Banto): “Lá na Atalaia de Pomba  Gira, de Pombagirê para que eu não caia”. Significa sentinela, vigia. Vem do Quimbundo *tala, de vigiar e o quincongo *laia de igual significado.
  • Arranca-Toco: Popular nome de Caboclo e Exu de Umbanda, mas seu significado é um pouco diferente no dicionário Banto. Motim, Tumulto.
  • Banda: Lugar de origem de uma entidade de Umbanda; linhagem: “Saravá sua Banda”. Do Quimbundo mbanda, zona, correspondente ao quincongo mbanda, província, distrito ou parte de um país.
  • Calunga: Do termo multilinguístico Banto Kalunga que encerra a ideia de grandeza, imensidão, designando Deus, o mar e a morte.
  • Cambona: Do Quimbundo Kamona, rapariga (moça). Ajudante do Pai de Santo.
  • Cambone: Cambono. Considera-se o bemba *kambone, testemunha.
  • Camutue: Cabeça. Do quimbundo kamatue, cabecinha.
  • Candomblé: Religião Brasileira de culto aos orixás iroubanos, voduns daomeanos ou inquices bantos. A raiz do termo está certamente no elemento banto ndombe, negro (quimbundo: kiandombe, quincongo e umbundo: ndombe).
  • Canjerê: Reunião de pessoas para práticas fetichistas. FEitiço, Mandinga. Proveniente de njele que é uma cabaça cheia de pequenos objetos, usada para exorcismos pelo povo ndau, de Moçambique. Pode ser também no quincongo nkengele, que significa rodopiar, girar. e no ronga khongela, adorar, rezar.
  • Canjica: Seu étimo é do quimbundo kandjika, que significa papa.
  • Canzua: Local ou terreiro ou salão onde se realizam as cerimônias, nos rituais de origem Banta. Casa, na linguagem dos terreiros. Do quimbundo nzua, cabana.
  • Capangueiro: “Oxalá mandou, já mandou buscar, os capangueiros da Jurema, lá no Juremá”. Do quimbundo kapiange, irmãozinhos.
  • Catular: Rapar a cabeça, fazer o santo, iniciar-se. De katula, privar, tirar, remover, do quimbundo e do quincongo.
  • Congá: Corruptela de Gongá. Altar de Umbanda. Recinto onde fica este altar. Do quimbundo ngonga, cesto ou cofre. No antigo reino do Ndongo, a palavra ngonga designava uma espécie de sacrário onde se guardavam as relíquias da pátria.
  • Curiá: Sorver bebida alcoólica, beber. Do Quimbundo kudia, beber ou beber (Umbundo).
  • Curiador: Bebidas preferidas de certas entidades.
  • Dendê: O fruto do dendezeiro, óleo extraído desse fruto. Do quimbundo ndende, tâmara, fruto da palmeira Elaeis guineensis. 
  • Engira: Reunião de adeptos da cabula. De origem banta: ou do quimbundo njila, giro; ou do umbundo ochila, lugar da dança. Daqui deriva a palavra Gira para definir as sessões de Umbanda.
  • Farofa: Mistura de farinha com gorduras e às vezes outros alimentos. Entre os africanos de origem banto há a palavra falofa ou farofia, segundo Capello e Ivens.
  • Funganga ou Fundanga: Pólvora, do quimbundo fundanga. 
  • Ganga: Provém do termo nganga que significa feiticeiro.
  • Macaia: Proveniente de makaya (quincongo). Mata, bosque, floresta, local de oferendas rituais. Makaya é plural da palavra kaya, que significa folhas.
  • Macumba: Makumba é o plural de dikumba, cadeado, fechadura. No quincongo Makumba é plural de Kumba, prodígios ou feitos miraculosos ligados ao Cumba, feiticeiro.
  • Maleme: Perdão. Do quincongo ma-lembe, saudação desejando paz, saúde, etc.
  • Mandinga:  feitiço, bruxaria, talismã.
  • Marafo: Cachaça. Do quincongo malavu, vinho.
  • Miçanga: Conta de vidro miúda. Do quimbundo misanga, fio de conta de vidro, rosário ou colar.
  • Milonga: Feitiço, sortilégio, Bruxedo. De Milongo, do quimbundo, milongo, remédio.
  • Mironga: Mistério, segredo. Do quimbundo milonga, plural de mulonga, mistério.
  • Molambo: Trapo, pano velho, rasgado ou sujo. Roupa esfarrapada. Do quimbundo mulambu, pano atado entre as pernas.
  • Mucuiu: O mesmo de mocoiú.. Pedido de benção nos terreiros de origem banta. Do quincongo mukuyu, espírito.
  • Pemba: Pedaço de giz. Pó extraído da raspa do giz. Do quincongo mpemba, giz, correspondente ao quimbundo pemba, cal.
  • Quimbanda: Sacerdote de culto de origem banta. Do quimbundo kimbanda, sacerdote e médico ritual correspondente ao quincongo nganga. 
  • Quiumba: Espírito obsessor. Importuno, paulificante. Do quincongo kíniumba, Espírito.
  • Quizila: Ojeriza, aversão. Proibição ritual, tabu alimentar ou de outra natureza. Do termo multilinguístico kijila (quimbundo) ou kizila (quinguana). Proibição, castidade, jejum, tabu alimentar.
  • Quizumba: Confusão, briga. Alteração de quizomba, provém do quimbundo kuzuma, do iaca kizumba.
  • Sacaaanga: Termo para designar espíritos bentos. Provém do quincongo saka, sacudir, agitar + o quimbundo uanga,feiticeiro. Aquele que espanta o mal. Feiticeiro que faz exorcismos.
  • Saravá: Significa Salve. Bantunização do português salvar, saudar.
  • Tatá: Relacionado ao quimbundo tata, pai.
  • Vumbi: do quincongo evumbi, morto.
  • Zimba: Originalmente o ponto riscado é chamado de Zimba. O mesmo que carimbo (selo). Origem do quincongo zima, bater, bater com.

Acho que deu para compreender como a exposição é longa e o pensamento que devemos ter não pode ser raso como o da postagem proposta. O entendimento da Umbanda se dá em pilares aqui explorados da cultura Banto, com posterior integração de alguns elementos de culto Yorubá, porém ainda há a presença massiva (e não explorada neste texto) da filosofia espírita, do catolicismo popular e das muitas culturas indígenas presentes no trabalho.

A cultura do uso do Tabaco por exemplo não é de origem africana, mas de origem nativista brasileira, sendo o Tabaco provavelmente uma palavra de origem Taino (povos que habitavam as ilhas de Cuba, Republica Dominicana e Haiti, entre outros). Ela se espalhou por toda a América, apesar de ser originária dos Andes.

O Tabaco é usado ainda de forma fumada por meio de cachimbos, cigarrilhas e charutos, assim como em forma de rapé.

Isso porque não vou entrar nas questões linguísticas, ritualísticas, nas plantas e ervas, nas divindades e tudo mais que também existe dentro do trabalho indígena.

Outra curiosidade sobre a influência banto é o uso de atabaques sendo tocados diretamente pelas mãos, o que na cultura yorubá não ocorre, sendo que eram usadas varinhas para essa prática.

 


CONCLUSÃO

Novamente peço aos leitores do nosso blog, que são diferenciados pela busca de informação sensata e de confiança, para que não se permitam engendrar em agendas de certa forma deturpadas, que podem prejudicar ainda mais a luta que é feita pela valorização da cultura africana, nativista e também brasileira.

A Umbanda é nitidamente uma religião cabocla, no contexto de ser uma religião miscigenada composta por diversas etnias que não são as que estão no poder e não são eugênicas.

Então para trazer real informação e cultura para nossos leitores nós indicamos diversos livros que foram usados como fontes para esse trabalho, além da enciclopédia britânica e de outros textos de mestrado e doutorado disponíveis na internet pelos portais acadêmicos.

Não desvalorize sua religião e sua cultura em busca de uma pureza que está deturpada reproduzindo um conteúdo pouco explorado e muitas vezes usado de forma sensacionalista por algumas pessoas para angariar movimentação para suas páginas e perfis.

Use seu discernimento, mergulhe a fundo nas questões e veja que aqui exploramos um pouco só dessa questão e que isso deve ser muito mais debatido e estudado.

Saravá!


O uso e a inclusão dos Orixás e os nomes em Yorubá é objetivo de outro texto que será escrito posteriormente.

Saiba mais em nossa palestra sobre a formação cultural da Umbanda! Acesse aqui!

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