Todas as vezes em que vejo mensagens nos mais diversos grupos e fóruns das redes sociais, com apelo de neófitos, iniciantes sedentes de informação, eu me arrepio completamente pelos comentários e pelas recomendações que grande parte dá a eles.

Não obstante a indução de um tipo só de leitura, também impera o sistema de pirâmide espiritual e de “cego guiando cego”. Infelizmente, grande parte do que se vê por aí sendo recomendado é apenas mais do mesmo, esquecendo-se completamente que livros, canais de YouTube e Podcasts são meramente ferramentas para harmonizar ou para aprimorar o conhecimento, porém a aquisição deste tem que ser feita dentro de um terreiro.

Aliás, não de qualquer terreiro, mas de um terreiro comprometido com o bom andamento da Umbanda, explicando para o iniciante o que a Umbanda de fato é e quem são seus guias. Quais são os fundamentos do seu trabalho, as mirongas praticadas, os rituais apresentados e toda doutrina maior que há contida nas incorporações dos guias espirituais.

Hoje o caminho mais fácil é o de ir em uma livraria pegar um livro de um autor que tem diversas obras publicadas, acreditando que isso é uma homologação da qualidade do mesmo (o que não é) e acreditando piamente sem nunca sequer ter pisado num terreiro diferente do que o da prática do livro pondera.

A Umbanda não tem uma “bíblia” ou um conjunto de práticas unificadas, justamente por valorizar a diversidade. Porém, autores dos mais novos tentam de toda forma pasteurizar esse ensinamento, homogeneizando tudo como se fosse tudo a mesma coisa. Quando contestados, apenas articulam ataques infundados cobertos de arrogância e prepotência e sem argumentação adequada para refutar o que foi dito. Em outras palavras, usam da fomentação do ódio e da manipulação de sua massa para enterrar viva a palavra discordante.

Livros que falam, falam, falam e falam e nada dizem ou que se repetem em diversos títulos, para um leitor mais atento, fica evidenciado a falta de informação e a tentativa de “encher linguiça” que criaram. Para que tantos livros falando o mesmo? Claramente uma jogada midiática, não só financeira, mas uma forma de enxurrar as prateleiras com livros duvidosos, para serem de fácil aquisição.

E em quem focam esses “autores”? Claramente nos que estão iniciando e que ainda não estão compreendendo exatamente o que é Umbanda.

Por vezes estão em desespero por conta de suas mazelas e acreditam que na Umbanda (ou outra religião) serão salvos, por outras a pessoa está apenas fascinada pela beleza ritualística da Umbanda. De qualquer forma o iniciante está cru, sem informações e precisa de balizamento para poder emitir alguma opinião. Aceitam tudo de bom grado no começo, pois ainda não exercitaram seu próprio discernimento (e nem tem bases ainda para tal).

Por que não explicam o que de fato é um Exu? Por que romantizar essa forma e esse arquétipo apenas para agradar um gosto “branco privilegiado católico” em detrimento do que exatamente é um exu?

Sabe o que ocorre? Quando a pessoa se depara com um ponto de demanda ou até mesmo com uma ação “não tão guardiã” de um exu, ela perde a fé! Começa a titubear e não sabe responder seus opositores com clareza, apenas repetindo a mesma ladainha que ouvira desses escritores / pais de santo fast food / sacertubes.

Entendem como isso é ruim? Ruim para a Umbanda, ruim para o iniciante e ruim para todos.

Até mesmo para quem pratica a sua Umbanda de fundo de quintal, com práticas populares, isso é ruim. Sabe por que? Pois, eles são taxados de atrasados pelos “umbanders”* modernosos. Se não são assim chamados claramente, pode ter certeza que é a uma campanha subversiva para que essas práticas ditas populares sumam.

Isso acontece com toda expressão do pobre, do mestiço e do esquecido pelo social. Compreendem? Tudo é reflexo, até mesmo a religião.

Então eu convoco você que já tirou esse véu da sua face, que ajude a descortinar o véu de seu irmão. Quando alguém tentar persuadi-lo com obras que todos sabem quais, por favor, contraponham. Não fiquem calados! Como me mandaram esses dias:

“No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.” Dante Alighieri


* Neologismo jocoso e provocativo com os “Faria Limmers”. Geralmente pessoas de classe média com privilégios e com todo o kit “padrão”.

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