A música popular brasileira bebe dos cultos espiritualistas, de caboclos e dos cultos afro-brasileiros há muito tempo. Temos verdadeiras obras-primas da nossa música usando de nossa cultura, principalmente nas vozes de cantores famosos como Zeca Pagodinho, Clara Nunes, Leci Brandão e Maria Bethânia. Dentre as polêmicas que surgem, há a de que essas atitudes profanariam algo sagrado que são as cantigas ou pontos-cantados. Dentro da minha visão, acho isso apenas uma narrativa piegas e sem a menor compreensão de que os cultos religiosos são do povo e não são escolas de mistério.

Entre as muitas músicas que já ouvi, principalmente de Maria Bethânia, que professa tanto catolicismo quanto as práticas de Candomblé (algo comum na Bahia), há uma chamada Linha de Caboclos, composição de Paulo César Pinheiro E Pedro Amorim, encontrado no álbum “Encanteria” da interprete baiana.

Essa música encerra um conhecimento incrível de entidades da Linha de Caboclos que se manifestam nos cultos afro-ameríndios-brasileiros, como a Encantaria, a Jurema, o Catimbó, a Umbanda e os diversos cultos caboclos do Norte e Nordeste brasileiro. Vamos agora analisar as entidades apresentadas e as suas linhas e atribuições conforme o estudo de umbanda praticado por nós aqui no Perdido em Pensamentos.

“Chegou a hora Quem lá no mato mora É que vai agora Se apresentar No chão do terreiro A flecha do Seu Flecheiro Foi que primeiro Zuniu no ar”

Linha de Caboclos

São citados trinta e oito caboclos dentro da letra da música. Vamos explorar um pouco os domínios, atributos e as forças dessas entidades, para compreensão. Lembrando que a interpretação aqui, ocorre sob a ótica do blog e de seu autor e não necessariamente é a verdade absoluta. Faça suas próprias conjecturas e se tiver acesso a alguma dessas entidades, pergunte a elas. A maioria, infelizmente, não se apresenta mais nos terreiros da NeoUmbanda.


Caboclo Flecheiro: Chamado de Seu Flecheiro na música, possivelmente é um falangeiro da Linha das Matas, também conhecida como Linha de Oxóssi. Seu trabalho se dá direcionando e atingindo pontos específicos dentro da psiquê dos consulentes. Costumeiramente todas as entidades com nomes relativos a algo que remeta a cultura ameríndia e nativa, acabam entrando na irradiação da Linha das Matas. Isso, não quer dizer, que um caboclo com nome indígena seja especificamente da Linha das Matas, mas que de alguma forma cruza com esta em seus domínios. O Caboclo Flecheiro é puramente um caboclo de Oxóssi. Há quem diga que o primeiro caboclo flecheiro deriva da miscigenação de africanos de cultura bantu com os nativos brasileiros (indígenas).

Caboclo Aimoré: Índios que não falavam a língua Tupi-Guarani e que se diferenciavam pelo porte físico alto e robusto. Também eram conhecidos como índios Botocudos. Guerreiros ferozes só conseguiram ser vencidos por volta do início do século XX, demostrando a resiliência e ferocidade deste povo. Juntamente com outras etnias indígenas estiveram envolvidos na revolta dos Tamoios. O termo Aimoré é o nome dado pelo povo tupi a essa etnia, que significa “Macaco”. Por se misturarem bem nas matas e por terem essa condição guerreira, poderíamos dizer que eles são Caboclos de Oxóssi (Matas) cruzando com a energia de Ogum (Demandas).

Caboclo Cobra-Coral: Chamado de Coral na música, é muito (ou fora) conhecido dentro da Umbanda e trabalha muito próximo também a falange dos Caboclos Rompe-Mato. Dentro do meu ponto de vista é um Caboclo Kimbandeiro que atua ligado a Linha dos Ventos (Iansã), pois tem controle sobre o clima. Também é muito temido por entidades negativas e grandes agrupamentos negativos, o que só corrobora a sua posição dentre os caboclos Kimbandeiros. As cores da cobra coral são justamente o branco, vermelho e o preto, sendo que as últimas duas cores são mais significantes e tem relação direta com as linhas de esquerda. Alguns dizem que ele teria descendência asteca, o que eu não consigo compreender, para mim é apenas uma forma de “internacionalizar” esse caboclo.

Caboclo Guiné: Curiosamente esse caboclo se apresenta muito parecido – geralmente – com um Pai Velho ou Preto-Velho. Inclusive a Umbanda Esotérica de W.W. da Matta e Silva é chamada também de “Umbanda de Raiz de Pai Guiné”. O nome Guiné é usado para designar toda a costa africana que ia desde o Cabo Verde (no Senegal) até a região do Rio Ogooué, em Gabão. Desta forma mais uma vez, corrobora a questão da origem desse caboclo ser africana e não indígena. Atua dentro da Linha das Matas (Oxóssi) cruzando com vibração das Legiões de Ossaim, por conhecer e carregar o poder das ervas, principalmente da Guiné, que é tida como uma erva de descarrego. Logo é um caboclo que atua na desobsessão e possuí muito conhecimento de cultura religiosa e mágica bantu. Podemos afirmar isso por também entender que em algumas regiões a Galinha d’Angola é chamada de Guiné e a iniciação em culturas bantu geralmente tem a pintura do corpo do iniciado com pintas brancas, lembrando em muito esse animal.

Caboclo Jaguará: Podemos aqui encontrar duas etimologias para a palavra Jaguará, sendo a primeira dada como um cão-ordinário em sentido pejorativo e em outra sendo a derivação da palavra Jaguar ou em Tupi “ya ‘ gwara”, que significa Onça-Pintada, a mãe da Floresta. Possivelmente é um caboclo que atua na Linha de Oxóssi e também cruzando com a Linha de Ogum.

Caboclo Araranguá: Outra palavra com diversas origens etimológicas, sendo a mais difundida a da derivação de Arara+guá, ou seja, Vale das Araras ou Papagaios. Outro termo usado é o guarani “ararerunguay”, que corrompido se tornou Araranguá, que significaria “Rio de Areia Escura”. Outro caboclo ligado muito ao mistério da Linha das Matas, principalmente ao dom da fala e da eloquência comum a essa linha de caboclos.

Caboclo Tupaíba: Pode derivar do termo Tupi + Ibá (Tupi + Yvy) que significaria Terra do Povo da Língua Tupi, em uma tradução aproximada. Podemos encontrá-lo também dentro da linha dos Caboclos das Matas.

Caboclo Tupã: Tupã é confundido com o Deus supremo dos indígenas, porém isso é uma informação equivocada. Tupã na verdade significa “trovão” e seria a manifestação (ou voz, Verbo) de Nhanderuvuçu, este sim o Deus Maior do povo Tupi. Então, usando de mitologia comparada, na cultura judaico-cristã YHVH (Deus) está para Nhanderuvuçu, assim como Jesus (seu verbo, a voz viva de Deus encarnado) está para Tupã. Também usando a origem do nome podemos assumir que esse é um caboclo que atua na Linha da Justiça, sendo a Voz da Justiça Maior e sua manifestação. A linha da Justiça também é conhecida como linha de Xangô.

Caboclo Tupi: São aqueles pertencentes ao povo de língua  Tupi (que incluí diversas tribos diferentes), então Caboclo Tupi é uma definição muito abrangente, porém o Caboclo Tupi é um indivíduo que atua na linha de Oxóssi cruzado com Xangô. Dentro das práticas que eu tenho, saudamos uma entidade chamada Deus Tupi, deus do Fogo, sendo que esse é um dos atributos de Xangô, podemos dizer que ele atua também cruzado com a Linha da Justiça.

Caboclo Tupiraci: Um dos mais difíceis em conseguir elaborar algo, visto que nunca vi esse caboclo trabalhando. Porém, Tupi + Iraci (Iaci, Jaci) pode ser um derivativo de um caboclo que atua na linha dos Tupis (Oxóssi/Xangô) e também cruza com os poderes magnéticos da Lua (Jaci). O nome Jaci é usado como substantivo próprio tanto masculino quanto feminino, logo podemos facilmente aceitar esse termo como nome de caboclo. A linha que mais se aproxima do poder magnético da Lua é a Linha das Água, Iemanjá. Seria um caboclo de Oxóssi, cruzando a linha de Xangô e Iemanjá, ou dentro da nossa denominação: Caboclo das Matas, cruzando na Justiça e na linha das Águas.

Caboclo Tupinambá: Outro termo genérico para designar diversos povos, principalmente os que viviam onde hoje se compreende os estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Maranhão. O termo Tupinambá, abarcaria os povos Tamoios, Temiminós, Tupiniquins, Potiguaras, Tabajaras, Caetés, Amoipiras e Tupinaê. Alguns ainda incluem outros grupos étnicos, como os Aricobés e um subgrupo também chamado Tupinambá. É dado como um caçador de Almas, pois atuam próximo a sétima linha de Umbanda, a de Santos e Almas, apesar de não serem caboclos Kimbandeiros, mas fazem parte das equipes de resgate, procurando almas para doutriná-las e levá-las para as paragens de recuperação. Trabalham muito com magia, principalmente os Pajés que se manifestam nessa linha, sempre se utilizando de  Maracás.

Caboclo Pedra-Preta: Outro caboclo Kimbandeiro que atua tanto na Linha da Justiça quanto na Linha de Santos e Almas, na falange dos Caboclos Kimbandeiros. Praticamente rege e atua na harmonia das paragens negativas, impedindo que pessoas que não tenham merecimento nenhum, sejam vítimas de entidades negativas. Da mesma forma cobram aqueles que praticam magias negativas, quando essas sofrem o refluxo. Apesar de sempre alinharmos o termo Kimbandeiro com algo ruim, devemos entender que tudo na natureza e na espiritualidade tem uma motivação e um porquê, tudo tem função e nada é tão simples. Assim como o caboclo Rompe-Mato e o caboclo Cobra-Coral, conhecem as práticas da Jurema.

Caboclo Rompe-Mato: Figura presente tanto na Umbanda, quanto na Jurema, Catimbó e Encantaria; pertencente a Linha de Demanda, ou seja, a Linha conhecida como Linha de Ogum. Eu seria suspeito para falar sobre esse caboclo, visto que o mesmo é meu mentor e meu amigo. Temos um artigo sobre sua linha de trabalho e também a diferença entra o Caboclo Rompe-Mato e o Ogum Rompe-Mato. Leia clicando aqui.

Caboclo Sete-Flechas: Atua na linha das Matas, conhecendo todos os caminhos da Macaia. Suas sete flechas fazem referência aos sete caminhos da vida e da espiritualidade, logo ele pode atuar em todos esses caminhos, geralmente como guia ou acompanhante. Também age unindo entidades com domínios e atribuições afins para que sejam um grupo, atuando em determinado propósito. Caso seja necessária a intercessão de uma entidade de cada uma das sete linhas, ou até mesmo de menos, é esse caboclo que saberá direcionar a composição desse grupo espiritual de auxílio.

Caboclo Ventania: Uma das entidades fundadoras da Casa de Caridade Nossa Senhora Aparecida, terreiro ao qual eu tenho a imensa honra em servir. Caboclo da linha de Justiça (Xangô) cruzando as forças com a Linha dos Ventos (Iansã), comanda toda a falange de Exus Ventania ou Exus dos Ventos, nos comandos climáticos necessários dentro de seus domínios. Age desimpregnando os locais de vibriões e renovando as energias, também movimentando tudo o que precisa ser movimentado dentro de um espaço religioso e no astral.

Caboclo Vence-Demandas: Também nunca vi trabalhando de forma incorporada em um terreiro e acredito que seja bem raro. Pelo seu nome podemos determinar que ele é aquele que supera as demandas, logo seria um representante da Linha de Demanda, a linha conhecida como Ogum.

Caboclo Pena-Branca: Entidade popular não só no Brasil, mas em cultos mexicanos e caribenhos. É um entidade que trabalha muito em rituais de cura e pode vir tanto como Caboclo, quanto como Cabocla. Considerado o chefe da família dos caboclos Pena (não confundir com caboclos de Pena), sendo eles: Pena-Roxa, Pena-Preta, Pena-Azul, Pena-Amarela, Pena-Vermelha, Pena-Verde, Pena-Dourada.

Caboclo Mata-Virgem: Mata virgem explora o lado mais “selvagem ou primitivo” – conforme o pensamento europeu – do povo nativo brasileiro. Logo podemos assumir que o Caboclo da Mata-Virgem não é um caboclo e sim um índio. Trabalha diretamente na linha da Mata (Oxóssi) e é um dos seus capangueiros. Está destinado a trabalhar com os encantados das matas, protegendo seus habitantes e também trazendo infortúnios para aqueles que depredam a natureza.

Caboclo Sete-Estrelas: Caboclo ausente dos terreiros modernos, conhecido mais pelas suas “contra-partes” kimbandeiras, os Exus e Pombagiras Sete-Estrelas. É um índio andarilho e as 7 estrelas representariam todos os caminhos que ele passou e que atingiu maestria. Geralmente trabalha com domínios de cura, por meio do conhecimento de diversas artes medicinais aprendidas com os povos que teve contato e também sabe atuar no comércio. Vemos aqui, em mitologia comparada, as funções do Deus Hermes, que regia tanto as viagens, quanto a cura e também o comércio. É um caboclo de Oxóssi que atua na Linha cruzada de Ogum e também Iemanjá.

Caboclo Vira-Mundo: Virar significa reverter, colocar em marcha reversa, mudar de direção. Com essas definições em mente podemos assumir que seria aquele caboclo com a capacidade para reverter situações de Karma. Porém ele só poderia atuar dessa forma se estivesse alinhado com a Lei e Justiça de Deus, assim podemos considerar que ele é pertencente a linha de Xangô ou linha da Justiça. Muito o confundem com Giramundo, porém são entidades diferentes.

Caboclo Ubirajara: Do tupi ïbï’ra + ‘ jara, que significa “dono das árvores ou das florestas. Segundo o lexicógrafo brasileiro, Luís Caldas Tibiriça, também pode ser compreendido como “Senhor da Lança”. Com essa denominação podemos assumir que é um caboclo que atua com uma “arma” consagrada a Ogum, porém dentro da Mata. Nesse caso teríamos um Caboclo de Ogum que cruza com Oxóssi. Encontramos ele com outros cruzamentos também como: Ubirajara Flecheiro e Ubirajara Peito de Aço.

Caboclo Jupiara: Pode derivar de Iupiara ou de Ipupiara, esse nome significa em tradução aproximada “aquele que está dentro do Rio”, logo podemos assumir que é um Caboclo de Oxóssi que atua dentro da linha das Águas. Dentro das falanges de Oxóssi temos a da Cabocla Jurema, que atua muito próxima com a Linha das Águas, então podemos assumir que o Caboclo Jupiara está dentro dessa falange em uma Legião própria que comungue das energias da Falange das Águas Doces, conhecida como Falange de Oxum, dentro da Linha de Iemanjá. Atuam no espectro emocional e também familiar.

Caboclo Tupiara: Caboclo que também traz o termo Tupi + Iara em seu nome, significando que é um caboclo de Xangô (como vimos acima do povo Tupi) que atua dentro da linha das águas. Seria aquele que traz justiça e equilíbrio ao emocional do ser humano.

Caboclo Arranca-Toco: Caboclo Kimbandeiro que retira obstáculos das vidas das pessoas e atua muito próximo a Linha de Demanda (Ogum). São caboclos que também podem ser associados aos Exus Arranca-Toco, a diferença entre um Exu puro com esse nome e um Caboclo Kimbandeiro é a sua origem. Os Caboclos tem origem mestiça entre o povo branco e indígena, em alguns raros casos entre africanos tribais

Caboclo Araribóia: O nome Araribóia vem de Araramboia que designa uma espécie de cobra brasileira conhecida como Cobra-Papagaio. Alguns linguistas defendem que o termo quer dizer Cobra-Feroz. Esse nome é pertencente ao chefe da tribo dos Temiminós que ajudaram os portugueses nas batalhas contra os Tamoios e os franceses, em 1567. Grande estrategista e também líder guerreiro, podemos assumir que atua dentro das Linhas de Ogum, cruzando com a linha de Oxóssi.

Caboclo Jibóia: Em Tupi yï’mboya ou y’bói, que significa “constritora, esmagadora”, é uma referência a forma como essa cobra ataca suas presas. É considerado o Pai da Mata, conjuntamente com a Yawara (Onça-Pintada), Guaraxain (Cachorro-do-Mato) e Suaçutinga (Veado-Branco) formam os encantados que protegem a mata. Está dentro da Falange dos Caboclos da linha das Matas, ou seja, de Oxóssi.

Caboclo Grajaúna: Deriva da junção de karaîá + una, ou seja, Carajás + Pretos. Carajá é uma tribo brasileira que ocupava a região entre os Rios Araguaia e Javaés. São índios que não falam Tupi, pertencendo ao tronco linguistico Macro-Jê. São caboclos de Oxóssi cruzados com Ogum, atuando dentro da linha das Matas, cruzado com a linha de Demanda.

Caboclo Baraúna: Nome de uma árvore conhecida como “Rabo de Macaco”, que tem origem no termo tupi ïmbïra’una, sendo Imbira = Pau/Madeira, Una = Preto. Atua em consonância com as forças da linha das Matas, mas também atua cruzado com as energias das águas paradas e das lagoas, conhecida dentro da Umbanda como Nanã Burukê.

Caboclo Pedra-Branca: Caboclo de Xangô (Pedra) é considerado um grande sábio, assim como os Caboclos da Família Pena vêm sob o comando do Pena-Branca, os caboclos da Família Pedra, vem sob o comando do Pedra-Branca. Este caboclo trabalha ponderando causas tidas como justas, mas que parte da causa sofreu uma injustiça. Atuam dando a sua opinião e conforme rege a Justiça de Deus, comandam as tropas dos Pedras para que cada um faça sua parte.

Caboclo Folha-Verde: Entidade liga a linha das Matas, cruzando forças com as entidades conhecedoras das Ervas Medicinais, no caso da cultura africana, denominado de Ossaim. Também é comum ouvir essa entidade trabalhando na linha dos Pajés. Atua doutrinando e acima de tudo como um curandeiro.

Caboclo Serra-Negra: Entidade de Xangô, que atua próximo as linhas de Esquerda, fazendo a triagem de quem deve ou não “subir” a serra, ou seja, elevar-se espiritualmente, ser atendido ou resgatado das zonas inferiores. Apesar de não ser um espírito kimbandeiro, atua em conjunto com alguns destes.

Caboclo Sete-Pedreiras: Entidade da linha de Justiça, Xangô, que vem geralmente em uma pose forte e firme, como a representação das pedreiras que dão seu nome. Atua lapidando os seres espirituais e os encarnados para que eles possam extrair de dentro de si o que há de melhor. Atuam quebrando demandas e não costumam ser muito faladores.

Caboclo Cachoeirinha: Caboclo atuante na linha da Justiça, cruzando com a linha das águas doces. Trabalha conjuntamento com outros espíritos na recuperação dos fluídos espirituais de pessoas adoentadas ou de desencarnados com o perispírito em degradação. São eles quem decidem se um espírito deve passar por essa recuperação ou se ainda há muito a ser feito, até que o mesmo obtenha a redenção.

Caboclo Girassol: Portador da Luz do Sol, representada pela planta que lhe confere o nome. Assim como esta, sempre está direcionando os filhos perdidos para o caminho da evolução. São ótimos para encontrar objetos perdidos, pois são sempre iluminados. Já presenciei um caboclo Girassol incorporado em um trabalho de mata e esse encontrou um relógio que outro médium deixou cair dentro de um rio. São espíritos que quase não incorporam mais, pois precisam de muita firmeza de seus médiuns, raramente encontra um bom instrumento em médiuns conscientes.

Caboclo Boiadeiro: Na verdade não é bem um caboclo, mas sim uma linha toda de boiadeiros. Também são chamados de caboclos de couro. Temos um artigo sobre esse povo, que você pode conferir, clicando aqui.

Caboclo Treme-Terra: Caboclo de origem africana, que está dentro das falanges de Caboclos Kimbandeiros, atuando próximo a energias dos campos santos e do descarrego. Atua principalmente contra doenças dadas como incuráveis e sempre é chamado para “chacoalhar” uma situação. Assim como um terremoto destrói tudo, para que depois tudo seja reconstruído de forma melhor, o caboclo Treme-Terra faz isso com a alma humana, para que possamos nos recuperar e voltar ao caminho ordeiro.

Caboclo Tira-Teima: Esse caboclo também é um caboclo Kimbandeiro e está ligado a resolver questões que ninguém mais quer meter a mão. São eles que conduzem os chamados Exu Tira-Teima para que esses possam colocar a prova “questões cristalizadas” e raciocínios pétreos. Atuam alinhados as forças de Ogum e de Xangô.

Caboclo Ogum-das-Matas: O nome mais claro que podemos encontrar dentre os caboclos, é um falangeiro de Ogum, porém não um soldado e sim um Caboclo, por isso pode se comunicar (dentro da mitologia de Umbanda só os Caboclos de Ogum podem falar, os falangeiros conhecidos como soldados, não falam). Atua cruzado com as linhas das matas e faz a proteção das entradas das matas e dos campos e culto natural. Apesar de carregar o nome Ogum, é um Caboclo, assim como muitos desta linha o fazem e também das linhas de Xangô.


Esse estudo é apenas a ponta o iceberg dentro da compreensão das entidades e de suas respetivas abrangências nos domínios que lhes compete. Se você conhece algum desses caboclos, conte-nos suas histórias, como eles gostam de trabalhar e o que trazem de interessante para o nosso aprendizado.

Fique agora com a incrível melodia interpretada por Maria Bethânia e toda essa força da Linha dos Caboclos: Okê, Caboclos!

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