O termo em latim, Similia Similibus Curentur, significa semelhante cura semelhante. Esse é o princípio da homeopatia, mas está associada ao nascimento da medicina ocidental. Nome como Hipócrates, Galeno, Paracelso e Hahnemann, estão associados a essa ideia e que culminaram tanto nas práticas ocidentais da medicina alopática, quanto da homeopática e posteriormente da nova filosofia baseada nas essências florais do Dr. Edward Bach.

O próprio nome Homeopatia traz encerrado em sua etimologia essa frase em latim, ou seja: hómoios(semelhante) + páthos (doença), em português “Semelhante a Doença”. Essa técnica foi desenvolvida pelo Dr. Samuel Hahnemann em meados de 1796 e era constituída do princípio de que a doença em si era uma perturbação do equilíbrio do corpo e de sua energia vital (homeostase) e que o tratamento adequado seria preparar o corpo para reagir por si só contra as perturbações, por meio de remédios em que o princípio seria a “doença diluída e dinamizada”.  A princípio é muito similar a técnica de vacinação, onde o agente patogênico é enfraquecido (alguns são até inócuos) e inseridos no organismo humano para que esse combata o marcador genético deste patogêneo, criando um arsenal de anticorpos que serão utilizados em caso de infecção pela doença de verdade.

Contudo a diferença da Homeopatia é que ela é diluída a níveis quase imperceptíveis e seus críticos asseguram que não passam de “bolinhas de açúcar” ou “gotas de faz-de-conta”. Obviamente que é um resultado um tanto enviesado pois bate de frente com questões polêmicas como o encarecimento dos medicamentos, o faturamento da indústria farmacêutica e a proteção dada aos médicos (e as regalias) quando estes prescrevem remédios alopáticos. Além disto, a premissa inicial é no mínimo discutível, pois por se tratar de um tratamento vibracional, é quase impossível auferir algo pelas técnicas mecânicas que temos a disposição, precisaríamos mudar o método e analisar de forma mais isenta. O que desconsideram as pesquisas é a questão empírica, dos resultados, atrelando a todos que é apenas uma sugestão ou um efeito placebo. Mas, mesmo sendo placebo seria bom entender a mecânica, pois poderíamos regular o corpo para automaticamente combater enfermidades sem a necessidade de drogas e medicamentos cheios de efeitos colaterais.

O princípio da diluição é algo que confronta a medicina ocidental, pois na visão desta quanto maior a quantidade de princípio ativo, mais poderosa a droga é. Contudo dentro das práticas homeopáticas (e se estende para sua prima mais próxima a terapia floral), quanto maior a diluição, mais potente é o medicamente  homeopático.

Utilizamos de um princípio chamado de Escala Centesimal Hahnemanniana (CH) e Escala Decimal Comum (D), onde encontramos a notação sendo próxima a: nD ou Dn, no caso de Escala Decimal ou nCH CHn, no caso da Escala Centesimal, onde n = número de diluições. Por exemplo: Algum princípio em 1D ou D1 é equivalente a 1 parte de soluto diluída em 10 partes de solvente e é considerada a menor fração possível na homeopatia (ou a menos diluída). Um medicamento com 12CH ou CH12 é o mesmo que dizer que existe 1 parte de soluto para 1012 de solvente. Vejam o quão diluído é.

Justamente por essa diluição extrema é que alguns pesquisadores afirmam que não há qualquer indício de moléculas do soluto presentes dentro da solução. Porém, eles implicam com isso fisicamente e não em todo o processo químico e energético que ocorreu desde então. Não quero evocar física quântica aqui pois parece que sempre que tocamos nesse assunto, perde-se credibilidade, mas recomendo o livro Tao da Física, de Fritjof Capra para que se aprofundem nesse assunto, com um olhar espiritualista.

A própria medicina se valia destes princípios no seu surgimento, sendo que o considerado pai da medicina moderna Hipócrates era um naturopata na realidade. Algo que hoje os doutores e doutoras não falam e nem sequer se preocupam em pesquisar. A mais antiga menção encontrada que se tem uma menção sobre o tratamento pela lei dos semelhantes foi encontrada em um papiro de 1500 a.C.

Hipócrates, foi quem introduziu a avaliação metódica dos sinais e dos sintomas como base para determinar o diagnóstico de um paciente. Advogava em favor de usar dois métodos de tratamento: a “cura pelos contrários”(Contraria Contrariis Curentur) e também a “cura pelos semelhantes” (Similia Similibus Curentur). Outros nomes importantes da medicina, Galeno e Avicena (Ibn Sina)¹, se utilizavam da cura pelos contrários, justamente a teoria utilizada  hoje pela maioria dos médicos e pela alopatia. Paracelso, por sua vez utilizava o principio da da cura pelos semelhantes.

Hipócrates tinha três princípios dados como básicos:

  • Natura Medicatrix: A natureza se encarrega de restabelecer a saúde do doente. O médico apenas imita a natureza, até que o paciente seja restabelecido e seu organismo atinja a homeostasia. Exatamente como os naturopatas fazem na maioria das técnicas que se utilizam.
  • Contraria Contrariis: A lei dos opostos ou contrários, em que os sintomas são tratados com ativos contrários a eles. Princípio do sistema de essências florais do Dr. Edward Bach, em que ele combate um estado negativo emocional com uma qualidade. Combate o ódio com amor, em um exemplo bem simplista. Porém também é a base para a medicina alopática.
  • Similia Similibus: A lei dos semelhantes é a regra dentro da homeopatia e também dentro das inúmeras vacinas que hoje possuímos. Colocamos o agente infeccioso ou danoso em contato com o corpo de forma bem enfraquecida, para que o corpo crie seus anticorpos e combata a enfermidade.

Mas o mais interessante é que Hipócrates acreditava que as três leis eram complementares entre si. Aliás em suas concepções o correto era tratar o paciente de forma abrangente e raramente se referia a enfermidade de forma isolada. Mais uma vez encontramos com o pai da Medicina (os médicos fazem até um tal de Juramento de Hipócrates) exatamente o trabalho e a filosofia que os Naturopatas carregam como lema.

Cláudio Galeno (130 d.C – 216 d.C) foi um médico romano de origem grega, que por mais de 1.500 anos teve suas técnicas sendo seguidas pelos médicos. Baseava-se basicamente no tratamento dos contrários e classificava as doenças e os agentes de cura (medicinais) em quatro itens: Frio, Quente, Úmido e Seco. Algo muito similar com que a Medicina Chinesa trabalha ainda hoje, lembrando que esta medicina data de 2.000 anos ANTES de CRISTO, ou seja, pelo menos 2130 anos antes do nascimento do próprio Galeno, já existia a teoria que por ele seria usada e defendida e que ficaria em voga por um milênio e meio.  Dentro dessa ideia, utilizando do antagonismo, uma doença de carácter frio era tratado por uma força quente.

Foi da escola de Galeno que surgiu a ideia de curar a dor com um sedativo, sem preocupar-se com a causa da dor em específico. Nessa época a Europa perdeu muito de sua cultura médica e acabou-se com as informações das épocas clássicas, sendo assim, os médicos desta época mais se preocupavam com o imediatismo da doença do que com o doente em si. Técnicas que são utilizadas até hoje (com sucesso) na medicina Ayurveda, eram mal compreendidas, apesar de adotadas na Europa, tais como: sangrias, vomitivos, purgativos, sudoríferos, etc. Porém sem a compreensão filosófica para embasar o porque, muitos médicos praticamente recomendavam tudo para todos.

Neste cenário apocalíptico (e nada higiênico) é que surgem as idéias de Paracelso, trazendo certa revolução. Contudo não eram ideias novas, mas um resgate a pensamentos dos antigos médicos e curadores. Paracelso considerava o ser humano como um todo , integrando harmonicamente a mente e o espírito ao corpo. Foi também esse pensador e cientista que introduziu o conceito de dosagem para os medicamentes. Antes dele, o hábito era recomendar o “quanto mais melhor”, o que ocasionava intoxicações. Como alquimista, contribuiu de forma significativa no preparo inovador de novos medicamentos, unindo a química e a medicina, podemos considerar então que foi o criador da disciplina farmacêutica.

Com todas essas influências, foi que surgiram a Homeopatia, a Terapia Floral, as técnicas Naturais (ou naturopatias) e que também se resgatou bastante do pensamento da era dourada dos Indianos e Chineses e suas incríveis medicinas. O que proponho nesse texto é uma reflexão, apenas uma reflexão de que podemos estar caminhando sempre em círculos, antes negando a alma e a mente e agora tentando aceitá-los como parte integral do ser humano. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece que ter saúde é muito mais do que a ausência de doenças. Eu luto por uma prática integrativa e sem monopólio de determinadas castas “intelectuais” que como vimos só prejudicam quem realmente importa que é o paciente.


¹ Assista ao excelente filme “O Físico“.

Fonte: CORREA, A.D; SIQUEIRA-BATISTA, R.; QUINTAS, L.E.M.; Similia Similibus Curentur: notação histórica da medicina homeopática. Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho,UFRJ; Faculdade de Ciências Médicas, UERJ; Departamento de Farmacologia Básica e Clínica, UFRJ. Rev Ass Med Brasil (1997).

%d blogueiros gostam disto: