Estava refletindo esses dias e me peguei em uma dúvida bem complicada, o motivo que levam as pessoas a Umbanda. Sabe, a gente até entende quando falam a celebre frase: “Se está na Umbanda, foi pelo amor ou pela dor”, mas não compreende de fato o que é essa dor e amor.
Acredito que a dor é mais fácil de entender e é a maior impulsionadora da entrada em um terreiro, contudo, essa dor é passageira e ela tem que dar lugar a um amor pela religião, senão não tem sentido estar em um lugar onde suas dores não serão curadas.
O que a maior parte não entende é que o processo de cura não está nas mãos dos guias e orixás, mas principalmente nas mãos de si! A reforma íntima é um tema pouco estudado, desenvolvido e estimulado nos terreiros de Umbanda, dando lugar para a criação de fanatismos e ilusões baseadas no poder da magia (que é real e muito poderosa mesmo).
Eu entendo que essa questão advém muito de querer resolver as coisas da forma mais fácil, mais rápida e sem ter que mudar nossas estruturas, porém nem a magia e tampouco a Umbanda são assim. Ambas nos colocam em contato com o nosso íntimo para estimular a nossa mudança interior.
Para alguns a mudança é só retirar alguns móveis ou reposicionar algumas coisas dentro da gente. Para outros é uma quebra total da casa, mantendo as fundações. Mas para a maioria tem que quebrar até as fundações e reerguer toda a estrutura que nos mantém vivos, ou seja, devemos abandonar certas bagagens que trazemos de inúmeras vidas.
A ideia central da Umbanda é a busca pelo progresso pessoal, seja no campo emocional, mental e espiritual. A Umbanda faz trabalhos para coisas materiais? Faz e com grande sucesso, mas não é seu foco e nem seu pilar principal.
Agora, quando vamos pelo amor, também devemos perguntar: “Amor ao que?”
Isso é muito importante. Vejo cada dia mais as pessoas procurando os terreiros dizendo amar a religião, mas pouco entendem o que de fato é a religião. Chegam em um local e querem impor a sua visão sobre a visão das bases que fundamentam o terreiro. Então, amor ao que?
É importante ressaltar que um terreiro é fundamento em bases sólidas desenvolvidas pelos seus dirigentes e pelos guias-chefes há anos. Não é algo que surgiu ontem, não é algo que surgiu no dia da fundação da tenda ou da inauguração do espaço físico.
A tradição e estrutura da casa é algo ancestral, que vem sendo passado pelas gerações espirituais pelos guias espirituais para os dirigentes e esses têm a função e responsabilidade de aplicar esse modelo no plano físico.
Claro que em muitos casos devemos adaptar certas situações as condições do plano material, contudo o importante é buscar a essência. Eu vejo muitas pessoas indo aos terreiros e começando a fazer parte deles que não resistem a uma bronca do dirigente (bronca merecida), não resistem a uma crítica, não resistem a uma chamada para fazer a limpeza do Congá, não resistem a “não incorporar” naquele dia para ajudar como Cambone ou Curimbeiro.
O que seria isso senão vaidade?
Além disto vejo que muitos não compreendem o que de fato é Umbanda, deixando-se levar pelo romantismo – mesmo que eles digam o contrário. Vejo que muitos procuram apenas um Candomblé Light, com festividades, danças, cores e roupas. Onde é mais importante uma entidade vir a terra e dançar do que de fato ajudar a curar alguém.
Isso está longe de ser Umbanda e digo a vocês, se você é um desses, talvez seu lugar não seja mesmo a Umbanda, mas outra religião que tem essa prática festiva.
Não que a Umbanda não tenha festa e não homenageie as forças que mantém o trabalho, que alguns chamam de Orixás (de forma equivocada, mas que acabou se tornando a regra). Claro, todos terreiros têm algumas festividades, tem alguns rituais coletivos e que não se focam só na ajuda ao próximo, contudo o pilar central e o propósito principal da Umbanda é ajudar ao próximo.
Eu vejo realmente que muitos vão para a Umbanda na expectativa de encontrar um “Candomblé Light”. Estão tão equivocados que não entendem o que é a Umbanda e tampouco os Candomblés.
Com isso empobrecemos cada vez mais as religiões e empobrecemos nós mesmos na busca por um local de religiosidade aplicada. Queremos ser ajudados sem ajudar, onde olhamos mais para a forma do que para o efeito. É como se o médico só se preocupasse em sanar os sintomas, mas não fosse na causa principal da doença. Isso só gera uma pessoa sem sensibilidade, afinal não está sentindo o que a doença acarreta, mas ainda assim doente eternamente.
Quem estaria errado? O terreiro e a tradição que há muito vem sendo aplicada com sucesso ou as pessoas que estão compondo o mesmo e seus entendimentos equivocados? Será que os vazios litúrgicos que muitos dizem sentir não é um vazio de si? Será que não são de fato um ponto de reflexão para uma cura interior? Por que queremos que nossas vidas mudem se não mudamos nós mesmos? Já pararam para pensar nisso?
Como se obtém o novo sem se desfazer do velho? Claro que usar uma roupa velha é confortável, ela está laceada, mas ela realmente faz parte ou é condizente com o momento atual? Creio eu que não.
Então, eu convido-os a reflexão na frase: “Por quê você está na Umbanda?”. Faça sua reflexão e escreva isso em um local onde poderá consultar posteriormente. Isso é importante para ver se você conseguir amadurecer espiritualmente.
Saravá a Umbanda! Saravá aos Caboclos e Pretos-Velhos! Saravá as Sete Linhas!
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