É possível praticar a Umbanda sem estar em um terreiro? Já falamos um pouco sobre práticas individuais de Umbanda no texto: Prática Solitária na Umbanda, contudo o que quero ressaltar aqui é uma versão quase que clonada dos rituais de “Evangelho no Lar” propagados pelo Espiritismo.

Sabemos que o espiritismo brasileiro está longe de ser o que realmente foi proposto por Alan Kardec nas bases da Doutrina dos Espíritos. Partindo do pressuposto que nem sequer religião era em sua origem, sendo adotada pelo brasileiro começou a sofrer deturpações que levaram a criação de um Espiritismo Tupiniquim regado de divergências das postulações iniciais.

Não ache que isso ocorreu depois de muito tempo, de forma alguma, o próprio Kardec adverte alguns praticantes do espiritismo no Brasil de práticas contrárias as origens e a base doutrinária do Espiritismo ainda na Revue Spirite (Revista dos Espíritos).

E vocês acharam que esse seria mais um artigo: “Acende vela, reza uma oração, oferece a Oxalá”, não é? A gente é diferenciado!

Mas vamos a questão básica: É possível praticar a Umbanda em Casa?

Claramente sim, afinal a Umbanda não é só a incorporação de espíritos, mas todo um conjunto de práticas, crenças e vivências. Se a Umbanda para você é ir ao terreiro ouvir ponto e deixar espíritos trabalharem, com certeza você terá dificuldades para manifestar seu sagrado em outros ambientes. Em outras palavras, você é um umbandista parcial.

O “Evangelho no Lar” espírita não serve para adquirir conhecimento por meio da comunicação dos espíritos, mas é um momento em que há uma reunião de pessoas com uma mesma crença no núcleo familiar para orar, elevar o pensamento e estudar.

Abre-se o livro chamado “Evangelho Segundo o Espiritismo” e lê-se uma das passagens e discorremos a respeito disto. Após isso, fazemos preces elevatórias e pedimos saúde e boa fortuna para pessoas em dificuldades que estejam encarnadas. Pedimos bênçãos e fluidificação a água colocada no centro da mesa para que dela possamos extrair os eflúvios necessários para nosso bem-estar energético e finda-se a reunião.

Simples e objetivo!

Na prática Umbandista podemos fazer algo semelhante. Peguemos um copo de água para cada um dos presentes, acende-se uma vela branca central que só será usada para essa finalidade e abre-se o coração para discorrer sobre um Itan (Lições das vivências dos Orixás) e até mesmo passagens do próprio Evangelho, da Bíblia e de qualquer livro sagrado! (E você detrator, por favor… recue no seu apontamento do uso de elementos cristãos na Umbanda).

Depois faremos exatamente a mesma coisa, pedir em menção das pessoas necessitadas começando pelos nossos próximos, familiares, amigos, conviveres e posteriormente por toda a humanidade que está em hospitais, asilos, orfanatos ou em situações de abandono e necessidade.

Exalta-se a água que está contida nos copos como elemento de cura para todas as moléstias de nosso corpo espiritual, bebe-se a mesma e fazemos uma prece de encerramento.

Sem incorporação, sem defumação, sem nada! Simples e objetivo! Como deve ser…

Mas por que fazer tudo isso?

Pois ser umbandista é mais do que só ficar indo no terreiro! Ser umbandista é procurar melhorar-se a cada dia, lapidar a pedra bruta até que se transforme em diamante, é procurar o discernimento sem aceitar tudo que nos é dado e é esforçar-se para tal, sem depender de depositar nossas vidas nas mãos de terceiros.

Não será um dirigente que irá te conduzir para uma melhora na sua vida, será você mesmo. Seu dirigente só deve indicar o caminho, apesar que a maioria deles é mais perdido que os próprios filhos que o procuram, aquele ditado do cego guiando cego.

Mas a fé não termina, a fé é 24 horas por dia, 7 dias por semana! Seja constante! Seja umbandista!


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