Em uma era cercada de informações, ainda não é raro ver muitos se servindo da subjugação do intelecto alheio. Seja através de oratórias carregadas em discursos de separatismo e preconceito, seja nas que são carregadas de uma pseudo-sabedoria que qualquer um de fora da influência magnética do orador pode perceber como absurdo.

Vou tratar nesse artigo sobre essa necessidade do ser humano em buscar um mestre para seguir seus passos, suas dificuldades em ser livre e dos falsos profetas que pululam nos recônditos mais sórdidos da sociedade.

Se alguém vos disser: “O Cristo está aqui”, não o procureis, mas, ao contrário, ponde-vos em guarda, porque são numerosos os falsos profetas. Então não vedes quando as folhas da figueira começam a embranquecer; não vedes os numerosos rebeldes ansiando pela época da floração; e o Cristo não vos disse: “Conhece-se a árvore pelos seus frutos”? Se, pois, os frutos são amargos, considerais a árvore má; mas se são doces e saudáveis, dizeis: “Nada tão puro poderia sair de um tronco mal”.

            É assim, meus irmãos, que deveis julgar: são as obras que devem ser examinadas. Se os que se dizem revestidos do poder divino revelam todos os sinais de semelhante missão, ou seja, se eles possuem, no mais alto grau, as virtudes cristãs e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia todos os corações; e se, confirmando as palavras, lhes juntam os atos; então podereis dizer: Estes são realmente os enviados de Deus.

            Mas desconfiai das palavras melífluas, desconfiai dos escribas e dos fariseus, que pregam nas praças públicas, vestidos de longas vestes. Desconfiai dos que pretendem estar na posse da exclusiva e única verdade! (…)

LUÍS – Bordeaux, 1861 – Evangelho Segundo o Espiritismo

O texto acima, ditado pelo espírito Luís, deixa claro a lição que devemos carregar em nossa mente. Contudo, em eras cheias de incertezas e de fragilidades, onde o ser humano se torna cada vez mais solitário e melancólico, qualquer fagulha de sabedoria ou lampejo de algo que julgamos superiores já nos é suficiente para decretar que temos um novo profeta a seguir. Muito disto se dá pela carência que temos de possuir um modelo, um guia e na falta de condição (ou vontade) em ser livre.

Apesar do crescimento intelectual da sociedade humana, vemos que o distanciamento da espiritualidade se propaga a olhos vistos. Alguns podem até discordar dizendo que se abrem igrejas em todos os locais, mas esses cultos que estão sendo inseridos, nada possuem de livres ou de espirituais, são apenas formas “castrativas” de dominar o ser humano, impedindo-o de exercitar seu discernimento. Um pastor ou outro ministro religioso, através do seu discurso muito bem-preparado pela retórica e dialética, consegue incutir na mente do fiel as verdades nas quais ele (pastor) quer que seja acreditada. Isso já seria terrível se fosse só nessas sendas mais fechadas, porém no mundo das religiões espiritualistas acontece o mesmo fenômeno, contudo como não há visibilidade midiática, passa despercebido da maioria.

Alguns “espertos” já tomaram ciência disto e estão explorando essa lacuna que é deixada, fazendo-o de forma cíclica, chegando a dar desespero na roda da vida. Uma doutrinação que é totalmente contrária a emancipação do espírito promulgada pelo espiritismo, espiritualismo e ocultismo. Mas, eis que entram os “grandes profetas” fazendo prestidigitações e promovendo lavagens mentais, criando apenas mais separatismo e um discurso de ódio. Jesus foi claro: “Amai a Deus acima de todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo”.

Em momento algum Jesus disse: “Ama teu amigo umbandista/evangélico/espírita”. Conseguem compreender a diferença? Mas esses aproveitadores já encontraram seu filão e através da exploração mercadológica, prometem milagres (em algumas sendas) e conhecimento (em outras). Não há conhecimento sem esforço, não há aprendizado sem suor e lágrimas. Precisa-se de esforço, de entrega e dedicação para vivenciar as verdades deixadas pelas lições do Cristo, seja ela na magia, na macumba ou em qualquer coisa.

Quando um novo pretenso mestre tenta então doutrinar seus novos seguidores através da descaracterização e tentativa de desacreditar as lições de “antigos mestres”, a coisa fica bem mais clara. Até então, seguidores fiéis de determinada agremiação, logo depois, por um motivo de cisão intelectual, moral ou “mimimi” acabam por criar seu próprio segmento. Alguns promovem uma nova reforma protestante, outros, por sua vez, se assenhoram de lendários conhecimentos do passado ou da tradição em sentido de resgatá-la, mas nenhum é simples e humilde o suficiente para reconhecer o mérito do anterior, do atual e do futuro.

Sempre a sua verdade é a válida e toda outra forma de ver o mundo é desvirtuada. O Pagão teve seus deuses demonizados pelos cristãos, que tiveram seus santos demonizados pelos protestantes, que tiveram seus pastores demonizados pelos umbandistas, que por sua vez tiveram seus orixás e guias demonizados pelos demais. Essa é a roda da fortuna que parece ser mais desafortunada do que outra coisa.

Porque não é boa a árvore a que dá maus frutos, nem má árvore a que dá bons frutos. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto. Porque nem os homens colhem figos dos espinheiros, nem dos abrolhos vindimam uvas. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do mau tesouro tira o mal. Porque, do que está cheio o coração, disso é que fala a boca. (Lucas, VI: 43-45).

Por todo lado vemos os avisos. É capaz de procurar em diversos textos sagrados e lá encontrar todos os demais avisos em outras línguas, mas em mesmo sentido. O Espiritismo é cristão e a Umbanda de certa forma bebe disto também, logo ambos têm que seguir as regras morais ditadas pelo mestre Jesus Cristo.

Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra. (Mateus, V: 4).
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. (Mateus, V: 9)

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás, e quem matar será réu no juízo. Pois eu vos digo que tudo o que se irá contra o seu irmão será réu no juízo; e o que disser a seu irmão: raça, será réu no conselho; e o que disser: és louco, merecerá a condenação do fogo do inferno. (Mateus, V: 21e 22).

Então, a instrução é para ser manso, ser humilde, porém não ser idiota. Devemos sim defender nossa crença, nossa liberdade e nossa “atual verdade”, mas jamais podemos ir contra o que os outros acreditam, pois este também é seu direito. Cada um acredita no que quer, no que pode e no que consegue compreender. Mas é imperioso que se você se diz umbandista, espírita, evangélico ou o que for, que siga o modelo adotado ou TENTE ao menos. O que mais vejo são atitudes bélicas para com os outros. O pensamento tem sido meio na base da lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”. Agora alguém me explica, como diz que é espiritualista e está em busca de aprimoramento e evolução, entretanto continua xingando o irmão, apontando seus defeitos, não corrigindo os seus próprios e fazendo troça da fé alheia? Falei em outro texto sobre os Ateus, mas alguns religiosos seguem o mesmo “des”princípio. Logo, se você diz ser ALGO ou um MODELO, se é um PAI ou MÃE, se é um DIRIGENTE ou se é um MINISTRO religioso, faça como diz a lei moral.

Por outro lado, temos os adeptos, os cegos e os fiéis, que urgem por encontram o meio mais rápido e fácil de conseguir sua ascensão, entrega ou redenção. Não há caminho fácil, não há almoço grátis, não há milagre. Tudo é conquistado com muito estudo, trabalho, dedicação, caridade e paciência. Muitos fazem o troca-troca de mestre e sempre se iludem com os novos em algum momento, perdurando o mesmo problema por toda sua existência. Isso é o medo de permitir pensar por conta própria. A maioria de nós não está preparada para exercer o discernimento. Temos medo de errar e por isso queremos que outros escolham os caminhos que devemos traçar.

Vejo nos atendimentos algo muito claro, os guias não fazem nada por você, apenas mostram o caminho. E por que seria diferente para nós encarnados? O que um homem vivo sabe mais que um Espírito, que teoricamente está vendo por detrás do véu de Ísis? Cuidado pelo fascínio e pela idolatria. O que precisamos saber, em questão moral, já foi dito pelos verdadeiros grandes mestres da humanidade: Jesus, Buda, Krishna, etc. Basta seguir! Mas, caso esteja difícil, recomendo a ajuda de um especialista, pois isso pode ser um grave problema de insegurança e autoestima.

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