Em outros artigos já falamos sobre as Giras Mistas e Giras Temáticas. Contudo o tema sobre giras sempre é revisitado por nós devido ao grande número de perguntas a respeito.
Como bem sabemos a Umbanda é uma manifestação múltipla, sendo diferente em cada terreiro. Se uma porta se abre, mesmo que ela siga uma vertente, com toda certeza, naquela casa haverá a interferência e a inspiração do guia chefe da casa e também do dirigente material.
Desta forma, não podemos cobrar uma postura unificada – e nem queremos – dentro das práticas de Umbanda. Eu já fui um grande defensor das giras mistas, hoje já penso de forma um pouco mais flexível, sabendo que mesclar ambas é uma coisa bem mais interessante.
Entretanto algo que sempre chama a atenção da consulência e também de vários trabalhadores – menos dispostos – dentro da corrente é a questão da duração das giras e outras questões de calendário.
Começando pela questão da duração de uma gira, posso dizer que o ideal é ter hora para começar e hora para acabar, podendo se estender, mas não muito, devido ao grande número de consulentes presentes nos dias de atendimento.
Só que o que mais vemos são terreiros sem qualquer tipo de disciplina para iniciar ou encerrar os trabalhos. Muitos marcam um horário como 14 horas para começar a gira e só começam de fato às 16 horas, uma total falta de respeito para com todos que ali estão e também para a consulência e espiritualidade.
Nem todos podem estar dispostos a todo momento e sabemos que muitos precisam de se planejar dentro de seus compromissos do dia-a-dia. Desta forma o ideal é sempre ter hora para começar e hora para terminar, não importa que o Exu quer virar a meia-noite e tocar mais uma gira, não é o correto a se fazer, respeitando a capacidade física dos médiuns e também dos visitantes.
Além disso, os Espíritos Superiores não se conduzem por questões frívolas e não tem tempo a perder. Eles não são pagens ou babás de seus médiuns, que podem estar a sua inteira disposição 24 horas por dia. Desta forma quando agendamos uma gira, toda a espiritualidade se prepara para estar lá em hora e local definido.
Justamente por isso entramos em outros aspectos como ter um calendário de giras bem formatado, não precisando ter planejado todo ano, mas pelo menos os próximos quatro a cinco trabalhos, dando tempo para todos se programarem, inclusive a espiritualidade.
Penso, hoje, como uma evolução do meu pensamento, que é importante sim ter giras temáticas – salvo a mistificação que pode ocorrer – mas é uma forma de arcar com a compatibilidade de horários entre a espiritualidade e o plano material.
Contudo o que não se deve pensar é em sempre fazer giras para as entidades mais populares, deixando de lado o trabalho com as demais linhas de Umbanda, nem que seja apenas Caboclo e Preto-Velho.
Então, sejamos respeitosos chegando adiantado no compromisso espiritual de caridade. Você médium, chegue alguns minutos adiantado para arrumar suas coisas e também para apaziguar seu coração para a sessão mediúnica. Você dirigente, combine um horário e comece, mesmo que lá só tenha você para dar atendimento. Que os demais aprendam conforme as regras da Lei Maior que tudo tem que ser baseado no respeito e na dedicação.
O médium chegou atrasado? Tem punição na maioria dos estatutos das casas e terreiros de Umbanda.
O médium não respeita a subida das entidades, indo embora depois dos dirigentes, enquanto faz seu showzinho particular? – Existem punições vigentes nos estatutos.
O dirigente não respeita os horários para começo e fim de trabalho? – Procure conversar com o mesmo, se esse ainda assim não respeitar, procure um novo local de trabalho.
Devemos sempre ser cordiais, mas também não podemos ficar só levando solavanco com tantas coisas erradas ocorrendo, sem nos movimentar em prol de todos.