Idas e vindas ao terreiro, falando com as entidades e o consulente nada muda em sua conduta. Passa por situações que constrangem quem está ao seu lado, com seu jeito arrogante, esquecendo as muitas vezes que as entidades lhe disseram algo para reparar a conduta. Ainda lhe informam sobre certas desventuras em sua vida e a pessoa em nada acredita naquilo, parecendo que vai ao local sagrado só para confirmar uma presença. Até que em um momento que a pessoa quer algo, egoistamente, ela diz: “Você vai ao terreiro? Firma um ponto para mim? Preciso conseguir isso…”.
Nesse momento eu sempre me pergunto: “Que fé oportunista é essa?”
Muitos procuram as casas de fé e as entidades espirituais que lá trabalham para satisfazerem uma agenda invisível, dizendo que são espiritualizados e que frequentam casas espirituais. Porém, em nada ouvem o que lá é pregado ou ensinado, deixando a cargo dos outros a missão de lhe instruir nos ditames da religião quando melhor convir a ela.
Não se preocupam em abrir um pouco o espaço de suas atribuladas vidas (nem sempre atribuladas, mas cheias de futilidades e perdas de tempo) para incluírem um trabalho em prol de si mesmo. Vejam bem, nem de caridade estou dizendo, estou falando de um trabalho em prol de sua própria evolução, de seu próprio aprendizado e melhoramento.
Sempre pedem ajuda para conseguir aquele emprego, passar naquela entrevista, conseguir aquela promoção, para se livrar daquele mal estar pontual, para se safar de uma situação vexatória e afins. Mas nunca param para se perguntarem: “Será que a espiritualidade também precisa de mim?”.
Muitas vezes eu já me vi nessa situação, no começo do meu entendimento da espiritualidade. Até que um dia, ao pedir uma ajuda, recebi em resposta um pedido de ajuda de uma entidade. Naqueles meus poucos anos da minha recém-iniciada adolescência, não conseguia compreender como uma entidade espiritual elevada e desprendida das mazelas da vida material, poderia precisar de mim. Então, notei que somos todos um pouco de aprendizes e um pouco de professores, mas todos, sem exceção somos operários da sociedade.
Hoje, antes de pedir a alguém que faça algo para mim, procuro observar no meu dia a dia as necessidades próprias a mim e a minha consciência e também procuro verificar se não posso ajudar-me ao fazer aquilo eu mesmo. As entidades não querem que sejamos reféns, muito menos querem que sejamos pedintes de terceiros. Se você precisa de algo, faça você mesmo… Tenho certeza que elas lhe ensinaram a melhor forma.
Na próxima vez que for pedir algo a alguém, para que seja firmado um ponto para você, verifique se não tá em saldo devedor com a espiritualidade e principalmente com sua própria consciência.