Muitos de nós, alguma vez, já pensamos que, se buscássemos ajuda de um profissional da psicologia todos nossos problemas seriam solucionados POR ELE, não é mesmo?

Mas esta ideia equivocada que temos do profissional pode ser muito prejudicial para o cliente e para o processo terapêutico. Se não for bem manejado, poderá fracassar.

O que esta crença sobre o psicólogo implica negativamente no processo e na imagem da profissão?

Bem, vejamos: O indivíduo chega à sessão e delega totalmente a responsabilidade de sua vida e suas escolhas ao profissional, que até então nada sabe da intimidade do paciente e não tem poder algum sobre sua história e atos futuros. Ou seja, o paciente se manterá incapaz de lidar com sua angústia de forma responsável, onde ele se veja no controle de suas escolhas. No caso, o profissional poderá e DEVERÁ ajudá-lo a olhar para si mesmo de forma mais autêntica, mais real, clarificando algumas coisas que para ele (paciente) ainda é difícil de enxergar.

Esta é a real intenção e o papel da psicoterapia, que cada vez mais o indivíduo tenha maior consciência de seus atos, pensamentos, crenças e comportamentos de maneira ativa, ou seja, refletindo, exercitando, experimentando mudanças e não somente absorvendo o que o psicoterapeuta disser, até porque ele não dará respostas prontas.

Este movimento é que vai favorecer o desenvolvimento da capacidade do paciente em construir seu próprio caminho, exercer o controle e liberdade que lhe foi dado em essência. Afinal, a ideia é que o paciente possa aos poucos caminhar sozinho e não se tornar dependente da psicoterapia. De maneira mais genérica, que não seja dependente dos outros e de suas opiniões.

É exatamente isso que a sociedade em geral precisa compreender, nós psicólogos não temos a menor ideia do que você deve ou não fazer sem antes conhecer a história de vida, analisar e aprofundar suas questões da infância, conhecer, através de seu relato, sua família e suas relações.

Algumas pessoas me procuram dizendo “você que é psicóloga e sabe tudo da mente humana, será que eu posso fazer tal coisa? Será que tal pessoa vai retribuir um gesto que eu oferecer? Será? Será?…” Eu digo: Não sei.

Também não sei tudo da mente humana, nem toda a ciência da psicologia sabe. Nós somos, ainda, uma grande incógnita, o que sabemos é uma ou duas gotinhas no meio deste oceano que é nossa mente e nossa psique. Nós temos algumas teorias que nos ajudam na orientação, na clarificação de ideias e sentimentos. Nós podemos ajudar o indivíduo a encontrar aquela “luz no fim do túnel”, através de algumas compreensões e interpretações que temos, porém, tirar esta pessoa da onde ela está e fazer algum tipo milagre, não cabe a nós.

Sim, nós psicólogos nos deparamos diariamente na experiência clínica com nossa impotência, pois somos humanos e está na condição humana sermos impotentes diante de algumas coisas. Eu acredito que o ser humano está em constante mudança, constante crescimento e movimento. Por isso é tão difícil prever ações e dizer o que é certo ou errado. Por isso é tão difícil corresponder as expectativas distorcidas das pessoas quando nos exigem uma resposta pronta para tudo. Como oferecer algo pronto, se nem nós estamos concluídos? Somos uma constante metamorfose. Que bom!

Para concluir: psicólogos também é gente. Também chora, sofre, briga, fica irritado e feliz. Psicólogos também estão sujeitos a transtornos psicológicos, também são ansiosos ou já tiveram uma crise de pânico. Já passaram por uma fase depressiva ou maníaca. A diferença, é que estudamos por cinco anos para ter uma compreensão mais científica de alguns comportamentos e tentar entender melhor a origem de transtornos e doenças que acometem nossa existência. Isto não é ter “bola de cristal”! Isto é estar mais capacitado para ajudar o próximo a ter maior consciência de si mesmo.

 

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