Olho para a minha agenda cheia de compromissos, vários apontamentos em vermelho, que significam urgência e prioridade e um em verde, que significa compromissos assumidos repetidamente, ou seja, aquela ida ao mercado, pagar os boletos, visita ao dentista e também a ida ao terreiro. Só que de repente ao ver o espaço reservado em verde na minha agenda, com o compromisso GIRA, toda semana, de súbito me bate um sentimento de “O que eu estou fazendo?”. Um cansaço de súbito me incomoda, toma meu ser e eu começo a me questionar se devo ou não ir essa semana para as atividades religiosas. Acontece só comigo? Com certeza NÃO!

Sempre há o desânimo, pelas atribuições naturais da vida e também pela provações que passamos no dia-a-dia. Muitas vezes por meio da desconfiança com a própria missão, nos sentimos cansados e o pensamento é sempre desistir, mas ele acaba sendo superado por uma vontade de praticar a mediunidade, estar em contato com a espiritualidade e, muitas vezes – infelizmente, por medo de sofrer retaliações do plano astral.

Nesse caso é uma grande bobeira achar que o plano astral irá se “vingar” do médium que desiste do caminho da Umbanda, seja pelo motivo que for. A única coisa que ocorrerá é que você – assumindo o compromisso previamente no astral – se sentirá em débito, ou seja, sua própria consciência é quem te cobrará daquilo que deixou de fazer. Isso é o livre-arbítrio! Chance de escolha, mas com repercussões. O que ocorre é que muita gente confunde livre-arbítrio com vida sem consequência, o que é de uma ingenuidade tamanha.

Motivos de Desistência

1. Cárcere Intelectual

Mas, dentro das motivações para cansarmos da Umbanda, está sempre o fato do não aprendizado, ou melhor, do não acesso ou dificuldade de acesso a informações básicas e a doutrina de Umbanda. Diversos dirigentes fazem segredo dos rituais e mistérios, simplesmente para angariarem uma autoridade por meio de controle de informação, mantendo os médiuns em um cárcere intelectual. Muitas vezes é apenas “pose”, o dirigente tá representando um papel, o fato mesmo é que ele sabe pouco ou até mesmo nada, pois também não lhe fora ensinado. Ele simplesmente se revestiu do título e abriu uma casa, achando que os guias fariam tudo.

2. Não é valorizado

Outros médiuns sentem que não são ouvidos ou que não são valorizados dentro dos terreiros, pois sempre se mostram dispostos a ajudar a todos, fazendo seu trabalho – que é uma obrigação – e muito mais, porém não sendo valorizado pela dirigência da casa. Ainda há um outro cenário, muito pior, quando um médium correto é ignorado ou desprezado e um médium “torto” parece receber proteção e apoio da dirigência. Cansa demais não?

3. Vaidade e Ego

Esse é um dos clássicos casos em que os dirigentes acabam se autoatribuindo um poder que não possuem, sendo vaidosos, egoístas, egocêntricos e acima de tudo orgulhosos. Não conseguem reconhecer a força da corrente mediúnica e não valorizam os filhos, dando ordens, ditames, sendo verdadeiros tiranos. Pior ainda quando ele se reveste da pele de cordeiro, mas por detrás é um lobo, ávido por devorar os novos filhos de fé da casa. Neste caso vemos diversos médiuns entrando numa corrente e após algum tempo, mudarem de casa.

Conclusão

Com isso claramente podemos perceber que a grande CULPA por tudo que há em uma casa é do Dirigente. Mesmo que ele seja o melhor dirigente do mundo, quando há um erro na corrente, ainda o problema é dele.

A sua missão é maior que as demais em questão de responsabilidade, afinal ele assumiu ser PAI ou MÃE de um grupo espiritual e com isso há muito trabalho a ser feito, principalmente na própria reforma íntima do dirigente.

Quando eu mais comecei a respeitar meus dirigentes, foi quando percebi que eles eram humanos, que eles erravam e que possuíam toda sorte de defeitos. Isso me fez manter os pés no chão e mesmo com os rituais, condecorações e afins, sempre me mantive coerente de que a minha missão era pontual. Estava lá para servir a espiritualidade por meio da mediunidade, sendo um veículo para os espíritos comunicantes.

Porém de nada valia isso se eu mesmo não em aprimorasse pelo lado de fora, pois os guias, mesmo trabalhando comigo, nada fariam para me ajudar, se eu não permitisse ou se eu não começasse por mim mesmo.

Mesmo com tantos anos de Umbanda, ainda tenho essas vontades de desistir a cada semana, mas sei o quão é importante eu continuar minha jornada, até o dia em que o meu Chefe-de-Coroa disser que devo mudar de local. Enquanto isso, vou fazendo meu trabalho de operário de Cristo, atuando como uma veículo para a manifestação dos guias espirituais da minha coroa mediúnica.

Se um só ser humano sair melhor do terreiro em todo tempo que lá estou e estarei, eu já me sinto realizado.

Então, não desista, apenas desmonte o que está quebrado, refaça, reforme e se não der para recuperar, jogue fora. Mas substitua logo o objetivo, pois há uma missão em nossas vidas e algo maior ainda que é o nosso próprio aprendizado.

%d blogueiros gostam disto: