A Umbanda é para ignorantes, xucros e pessoas sem escolaridade. Quem vai acreditar em um espírito incorporando? Se é verdadeiro, por que nenhum deles me dá provas?
É muito comum receber esse tipo de comentário ou reprimenda para desqualificar a Umbanda e a todos que possuem fé nesta religião. Vindo tanto do Ateu – convicto em seus achismos e apontando que todos possuem algum tipo de patologia psiquiátrica para se comportarem como religiosos – tanto quanto dos mais religiosos, como alguns espíritas, atribuindo o excesso de fetichismo dentro da Umbanda e a manifestação de espíritos “simples” como incoerentes com o que a Doutrina espírita nos legou.
Mas será que é isso mesmo?
Vamos analisar ambos os lados.
Os Ateus: A visão mais comum é de crer que os médiuns e frequentadores são pessoas simples, presas nas suas ignorâncias e desprovidos de cultura e escolaridade. O que para eles é até compreensível, apesar de ser uma visão carregada de preconceitos sociais. Porém, vê-se nos terreiros de Umbanda a representação de todas as figuras da hierarquia social da comunidade. Desde o senhor iletrado, que recebe guias que começam a falar em línguas, até o detentor de um doutorado acadêmico, se comportando como uma criança durante a manifestação de erês.
Quanto as questões da sanidade mental, analisam que os médiuns são na verdade desequilibrados mentais, que precisam de auxílio de terapeutas e médicos. Pode ser que alguns sejam também, mas existem diversos cientistas com problemas semelhantes, que tiveram contribuições fantásticas para a Ciência. Por que então quando é com os religiosos a coisa toma outra forma? Porém, existem pesquisas que tentam provar essa associação de transtornos mentais com a mediunidade e nenhum – nem para um lado positivo, nem para um lado negativo – conseguiu chegar a uma conclusão convincente pelo método científico atual.
Carl Sagan, um grande cientista americano, em uma das apresentações do Cosmo, fala em um programa da série “Cosmos“, sobre a incapacidade de ver e compreender algo que foge das manifestações dos nossos sentidos básicos e da linearidade de nossa existência. Porém em outro vídeo, mais tardiamente e próximo de seu desencarne, ele acaba por refutar a manifestação das vozes de seus pais, desencarnados, creditando a isso um fenômeno de alucinação auditiva. Nesta entrevista, alerta para a incongruência da fé cega, determinando que devemos ouvir os especialistas, ou seja, cientistas, defendendo até mesmo a sua posição no Governo Americano. Porém nessa mesma entrevista ele narra um episódio em que contestou um psiquiatra sobre a questão do Fenômeno UFO. O Psiquiatra em questão disse que não poderia concluir se tratar de um distúrbio psiquiátrico pois os relatos eram carregados de emoção. Sagan, contesta veementemente, dizendo que o Psiquiatra se isentou de observar o método científico e deixou-se levar pelas suas próprias emoções e “achismos”. Vê-se claramente uma contradição aqui, pois o especialista na mente era o Psiquiatra e o Sagan era um astrofísico, o que foge totalmente da sua área de pesquisa e atuação. Apesar de achar o Sagan possuidor de uma inteligência acima da média, nessa opinião fiquei um tanto confuso.
Religiosos: Aqui entramos em terreno espinhoso, pois os mesmos que deveriam ser compreensivos e mansos de coração, se tornam animais irracionais quando se trata de respeitar as manifestações mediúnicas. É plausível, para eles, que o Espírito Santo de Deus se manifeste sem maiores cerimônias em um culto carismático, mas totalmente incoerente de que espíritos desencarnados ou designados por Deus para manifestar sua palavra sejam aceitos.
Há de se respeitar a todas as religiões, porém não podemos aceitar de forma alguma que a má-informação se propague. Pior é o senso de alguns espíritas brasileiros que abandonaram totalmente o estudo da codificação e elegeram novas obras básicas da codificação pautadas em romances totalmente inventado por escritores claramente influenciados por uma literatura de fantasia. Deixam a cargo dos rituais e do uso de elementos dentro da Umbanda, o motivo pela sua degeneração e baixa evolução moral diante das demais religiões e principalmente do Espiritismo. Contudo, dentro das obras básicas da codificação espírita é possível encontrar vários apontamentos demonstrando justamente o oposto. Isso é uma forma de demonstrar a crítica, enquanto eu mesmo faço a crítica a esse sistema religioso, ou na verdade, a forma como esse sistema religioso tomou.
Dentro da própria Umbanda temos os detratores, não respeitando sua condição flexível e adaptável, querendo criar uma codificação para a mesma e algemá-la a um sistema doutrinário baseado nas hierarquias das religiões adâmicas, sendo que a Umbanda é o senso da liberdade expresso pela própria manifestação de seus guias, preceitos e valores.
Vemos então a abusiva quantidade de erros conceituais empreendidos para defender e detratar as religiões como um todo. De um lado os ateus, elegendo como seu deus a ciência. Do outro os religiosos detratando a própria religião, causando um desserviço a todos aqueles que encaram de forma séria e correta a causa religiosa.
Só o tempo, o estudo e o discernimento para retirar essa neblina que cerra os olhos de todos os seres humanos. Façamos a nossa parte e façamos bem-feito.