Eu sou um religioso e como tal só posso falar pelo ponto de vista religioso. Para mim é complicado compreender a ideia do ateísmo, logo não consigo desassociar religião da vida e da moral. Em meu olhar subjetivado pela religião, devemos seguir os preceitos da mesma para que assim possamos nos aprimorar e nos melhorar. Mas vejo que muitas pessoas conseguem compartimentalizar isso, separando a vida regular da vida religiosa. É comum ouvir a frase: “Deixe a religião de fora disto!”, quando estão comentando sobre algum assunto polêmico como: Aborto, Suicídio, Assassinato, Pena de Morte e outros.

Por isso pedi para várias pessoas me darem seus pontos de vista sobre o tema, o resultado você confere abaixo:

Isis Kirchenchtejn

Servidora Pública Estadual, Administradora do Grupo Caridade, Espírita

Penso que primeiro devemos saber o significado de religião, substantivo feminino que significa:

“Crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência.”

Antes acreditava que a religião é importante sim, porque os seus ensinamentos servem de parâmetro, referência para a nossa conduta diária, porém, de nada adianta ter uma, e não aplicar esses ensinamentos. Tenho visto gente bater no peito e dizer: “Sou cristão”! E não ter tolerância com as pessoas. Ter orgulho e achar que é o dono da verdade. Achar que só a sua religião salva. Julgar e condenar os seus irmãos. Ativar o preconceito. Porém, sempre lembro que a minha avó dizia que no bairro onde morava, havia um ateu que foi a pessoa mais caridosa e bondosa que ela já conheceu. Assim, hoje penso que religião é uma coisa independente, um rótulo como tantos outros. E que tendo o homem capacidade de discernimento, sabe e pode sim, praticar a caridade e o amor! Portanto, para mim, a religião é uma coisa independente! Tanto que muitos que dizem ter uma religião, não a praticam! Jesus, Buda e tantos outros praticavam o amor.

Maycom Santos

Administrador, Moderador do Grupo Conhecimento Espiritual, Umbandista

A religião é apenas uma forma que muitas pessoas buscam para realizar a canalização do contato do “seu eu” com Deus e a espiritualidade, é o momento de olhar para dentro (espirito) e realizar esse contato profundo com o Deus que acredita, seguindo a doutrina (as verdades) que cultua em relação ao assunto espiritualidade. A religião é uma organização solida que absorve fiéis que estão em busca de conforto espiritual, onde se aplicam doutrinas e contatos canalizados do despertar do sentimento espiritualista dentro de cada cidadão, possuindo dogmas e crenças que são aplicadas e levadas por seus fieis, disseminando assim a doutrina aplicada por cada religião e o contato canalizado com seu próprio eu (que é o despertar espiritualista). Apesar dos trabalhos lindos realizados de caridade e amor ao próximo por muitas religiões, assim como o próprio resgaste de espíritos sofredores que não enxergavam Deus, que viviam nas sombras da ignorância, em trevas, e através da religião começaram a trilhar o caminho espiritualista, muitas religiões ainda se perdem meio aos seus dogmas e crenças que são cultuadas e criadas pelo o homem há séculos alimentadas por muita das vezes pelo o sentimento de vaidade, ignorância, hipocrisia e a própria intolerância a outras formas e doutrinas espirituais. Eu acredito que cada espirito realiza seu contato espiritualista dentro de cada religião, de acordo com o seu grau de evolução, seu momento e estado de espirito, sendo assim nenhuma religião esta a frente da outra e sim em momento distintos do seu grau de evolução espiritual, sendo necessária para absorção de espíritos que se encontram naquele mesmo grau, se adequando as doutrinas e as crenças aplicadas por cada uma delas. Por isso encontramos pessoas que eram pastores evangélicos e agora são do candomblé ou da umbanda ou vice-versa. Tudo é o momento que o espirito se encontra para essa canalização com Deus e seu lado espiritualista em evolução. Para realizar esse contato com Deus e a espiritualidade, o espirito não precisa de uma religião especifica e sim basta estar bem com seu próprio “eu” despertando seu lado espiritualista naturalmente. As religiões são apenas algumas formas de canalização desse contato ou a pratica das ações espiritualistas. Existem tantas pessoas (espíritos) que estão encarnados e não seguem nenhuma religião, mas tem seu lado espiritualista bem aflorado, muitos frequentam missas e igrejas, mas nada que venha alimentar uma crença ou um dogma doutrinário, são apenas espíritos que acreditam em Deus e estão de bem com si próprio. O importante não é a religião e sim ter Deus no coração, busque na religião uma maneira de aplicar a sua fé e não em alimentar doutrinas criadas pelo os homens. Seja espiritualista, leve o amor e a caridade ao próximo, ouça seu eu (espirito) e ele mostrara o caminho que deve seguir.

Antônio Matos

Fotógrafo, Médium de Umbanda, Umbandista

Vejo a religião como um parâmetro de equilíbrio para a humanidade, um elo entre dois mundos, onde cada uma apresenta ensinamentos para um objetivo em comum. Mas a religião não constrói caráter, não te transformará em uma pessoa boa ou má, muito menos lhe trará milagres, apenas lhe dará direção para que possas trilhar seus caminhos com mais determinação, e a partir disso tomar as rédeas da sua vida e viver. Lembrando que cada ação tem uma reação.

Karen Formagio

Publicitária, Estudante do Budismo

O que eu mais gosto no budismo é que você aprende através do auto-conhecimento. Pra mim, é a “religião” que mais te ajuda a evoluir e encontrar a paz e o equilíbrio mental e espiritual. Por isso, não há uma doutrina ou uma lista de “é certo / errado”. “Deus vai te castigar”. O que existe é o autoconhecimento e através dele o entendimento do sentido da vida, da existência e da essência. O que, consequentemente, te leva a uma evolução.

Sobre separar da vida mundana, religião é diferente de ter fé. O ser humano precisa acreditar em algo pra seguir em frente. Seja projetando esta fé nele mesmo, em alguém, ou qualquer outra coisa. O que importa, pra mim, não é se a pessoa acredita nos diferentes Deuses que existem em cada religião. O que importa pra mim é se a pessoa é um bom ser humano. Se tem caráter, boa índole, boa alma. E essa pra mim é a principal separação entre doutrina da religião e vida aqui na terra: independente do que ou no que você acredita, o que importa é a sua essência.

Ediléia Diniz

Professora Universitária, Mestre em Ciência das Religiões

O Islã tem um código de ética e moral baseado nos costumes e na vida do fundador Mohammed, se pensar bem não há separação do secular e sagrado no Islã. Tanto que existe estados islâmicos, você não pode ir em países assim se a mulher não usar o véu. Essa questão está íntima na cultura muçulmana. O nome é Charia, código de ética do Islã.

Henrique Ring

Analista de Suporte, Judeu

No Judaísmo nós seguimos a Torá, o velho testamento cristão. Os próprios rabinos dizem que isso significa “instruções de vida”, Torah Chaim, se não me engano em hebraico. Eu deixei de seguir parte da religião quando resolvi casar com a minha mulher que não é judia. Alguns amigos mais religiosos viraram a cara e eu nunca mais quis saber de falar com eles. Existem questões na lei judaica que exigem que façamos algumas coisas, para a elevação do espírito, dentre elas está no ritual fúnebre. Após um mês do falecimento o costume é fazer a inauguração do túmulo com uma pedra de mármore, porém eu não fiz para o meu pai por questões financeiras na época. Mas isso não faz com que eu deixe de amar meu pai ou que signifique que o ame menos ou mais. Sou judeu, meu pai era judeu, mas não vou seguir o costume porque não tenho condições e ponto.Mas é claro que isso varia de pessoa pra pessoa. Se eu fosse seguir minha religião ao pé da letra, hoje eu seria um religioso, mas eu adoro uma pizza de calabresa, kkkk. (sic).

Danilo Ferreira

Gerente de Projetos, Ateu

Em nenhum momento a moral religiosa deve ser incluída na vida cotidiana. Nada contra a moral que as religiões têm e deveriam ser sub-conjuntos mais restritos de uma moral maior. Mas, a partir do momento que ela se inclui na vida cotidiana ela toca em outras pessoas que não necessariamente compartilham dos mesmos valores que essa moral religiosa considera. Por isso, acho que a moral deve ser independente da religião. Por exemplo, você não deve fazer mal à alguém por estar escrito em um livro ou porque um grupo de pessoas prega isso a você. Você deve escolher não fazer mal a uma pessoa porque isso não lhe tornar uma pessoa melhor. Independente da sua crença.

 

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