Por Adriano Camargo
A natureza do ser humano é o Bem. Fomos gerados numa matriz positiva, no entanto polarizada para que possamos entender o equilíbrio das coisas.
A relação entre Bem e Mal sempre foi discutida pelas religiões. Como sempre fala nosso irmãozinho Alê Cumino: “Se é religião é para o Bem!”
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A função das religiões na vida das pessoas é leva-las ao Bem, tirando-as do eventual caminho negativo. E de que forma? Usando os recursos que sua doutrina, liturgia e filosofia implicam.
Na Umbanda não é diferente. Religião transformadora para o Bem; religião da natureza, não apenas da natureza de elementos à sua volta, cristal, mineral, vegetal, fogo, ar, terra e água, mas também da natureza humana, através do arquétipo transmitido pela força do Guia incorporado. A maturidade, certeza, a seriedade do Caboclo; a sabedoria, tranqüilidade e simplicidade do Preto Velho; a alegria, pureza, a inocência das Crianças; a força, determinação, elegância de Exu e Pombagira, e de todas as formas manifestadas de Deus Olorum Nosso Pai Criador, através da Umbanda.
Sempre surgem dúvidas a respeito dos critérios adotados pelos Terreiros para a condução dos seus trabalhos, para a formação dos médiuns, cambones e curimba e a própria orientação visual que as pessoas que freqüentam a casa tem a partir das giras abertas.
Temos alguns pontos na prática da religião que são até contraditórios se observados de perto. Por exemplo: como poderíamos justificar o uso do cigarro nesses tempos que o tabagismo é combatido no mundo todo? Como justificar o uso das bebidas diante da lei seca para o transito? Como justificar alguns dogmas se todos os dias travamos uma verdadeira batalha contra o “bulling”, o preconceito e o racismo?
Muito bem. A Umbanda, sendo a religião que é, trazendo a força da natureza, como disse há pouco nesse texto, vem se fundamentando e se servindo dos recursos disponíveis de acordo com a época, cultura e oportunidade. O uso do fumo pode muito bem ser controlado, limitado e direcionado aos atendimentos da forma mais natural possível, com o uso de charutos, cigarros de palha e fumo para cachimbo adicionados de ervas aromáticas que remetam a memória olfativa à prática religiosa.
A “Sálvia officinalis” é um excelente recurso que, bem seca e triturada pode ser adicionado aos fumos. Essa tradição de origem xamânica norte-americana é muito bem adaptada aos costumes ritualísticos brasileiros. Aliado a isso, muito bom senso e responsabilidade.
Devemos nos preocupar sim com a assistência do Terreiro em relação ao uso do fumo, pois há pessoas que tem sensibilidade à fumaça provocada pelo seu uso. Aí alguém vai perguntar: mas e a defumação? Não seria também fumaça que todos respiram? Respondemos e apontamos então que a defumação passa. Ela é usada na abertura dos trabalhos e é agradável à grande maioria das pessoas. Respirar uma defumação bem elaborada é muito benéfico para o espírito e o bem estar provocado é superior a qualquer estado de sensibilidade.
Devemos controlar o uso das bebidas alcoólicas usando, sem dúvida nenhuma, a regra do bom senso. Se essa bebida tem um fundamento religioso, ela não serve para o uso profano, disponível para o médium se embebedar com litros de cachaça ou latas de cerveja, garrafas de vinho e de champanhe. Isso mesmo, o médium se embebedar, porque mesmo com a regra de que “o Guia leva tudo”, devemos sim questionar a necessidade de beber tanto numa gira.
O fundamento precisa ser confirmado pelo uso de um pouquinho do elemento. Não é a quantidade que fará o trabalho ser mais eficiente: é a habilidade do manipulador (Guia x médium) em ativar o recurso bebida que trará resultados!