O cenário sempre se repete, as preocupações inundam a mente consciente que busca incansavelmente adequar-se ao mundo em que habita. Desde a mais tenra idade sempre ouve o discurso religioso e até sócio-político: você é livre, você possui seu livre-arbítrio.
Realmente? A resposta para mim é não. Confesso que é um tema que de forma recorrente volta aos meus questionamentos.
A vida em meio social é tão cheia de regras, amarras e proibições. Gostaria eu de não ser enlatado com todos os outros seres humanos viventes com rótulo a demarcar nossos ingredientes afim de constituir um mesmo produto para a exportação neste planeta, mas não é o que acontece.
Deveria ser eu quem decido o que é certo ou errado, o quanto vou contribuir ou não com impostos e auxílios governamentais, eu que decido se vou me adaptar ou não a uma nova escola, regra de trabalho, sistema de ensino. Deveria ser eu e apenas eu quem decido o que fazer da minha vida, porém quem decide isso por fim é um conglomerado de letras frias escritas por homens sem a condição de entender o cidadão mediano quanto mais a liberdade como um todo.
Muitos podem dizer, que a liberdade em sociedade esbarra em condutas morais e éticas. Mas a ética não precisa ser escrita, não precisa ser punida. A ética deve ser praticada, a partir do momento que uma sociedade necessita de muitas regras, com suas minúcias, e que os pormenores ficam sendo extrapolações legais para uma possível causa de defesa ou aproveitamento da mesma, então podemos definir que a sociedade não funciona.
Algemar todos os cidadãos a regras de conduta moral não os transforma em boas pessoas, apenas os coíbe de fazer coisas, supostamente erradas ou contra a convenção social, de forma clara e honesta. Há honestidade até nas coisas erradas. Mas sim, não somos animais, devemos manter a racionalidade, existem casos de perturbações mentais e casos de exagero dos sentidos, de maldade realmente. Porém, pergunto: Não seria isto um subproduto de tanta coisa calada ao passar dos anos? De tantos maus tratos que sofremos de governantes, da mídia, de grandes marcas e de nós mesmos? Uma hora o monstro que sufocamos irá gritar, e ele adormecido como está no seio da sociedade, está angariando energia e forças para rebelar-se novamente contra o que chamamos de humanidade.