Um dos grandes pontos de frustração de novos médiuns é perceber que suas entidades não estão conseguindo ajudar as pessoas. O fracasso na ajuda a terceiros pode ter diversos motivos, mas isso não importa ao médium, ele se sente fracassado também, com uma certa síndrome do impostor.
Parece-lhe que não importa a sua dedicação que as pessoas não melhoram e ele vai se abstendo do trabalho mediúnico e posteriormente começa a pensar em sair do terreiro. Em alguns casos ele dá vazão a estapafúrdias manifestações teatrais em detrimento do trabalho corriqueiro. Ele pensa “Quem sabe assim não surte efeito?”.
Primeiramente, comece desfazendo os mitos que há em sua mente sobre as entidades tudo fazerem para as pessoas, elas não fazem!
Quando o médium está incorporado com uma entidade espiritual, dando consulta, aquela entidade irá fazer o melhor possível para que o consulente atinja seus objetivos. Claro, que em alguns casos os objetivos não serão nobres ou justos para a pessoa, mesmo assim elas tentam fazer o que é possível.
Contudo, quantas pessoas retornam ao terreiro relatando que a magia não funcionou, que a mironga não teve eficiência e que o guia não estava ajudando. Começam assim a duvidar da entidade e plantar essa dúvida no coração do seu médium.
Essa dúvida germina e se transforma em um grande emaranhado de questionamentos, frustrações, medos e, principalmente, vaidade mal resolvida.
Entenda, o guia faz o possível, mas se a pessoa não se ajudar, não há nada que ele possa fazer.
Sempre retomamos este assunto, pois é algo corriqueiro dentro de um terreiro. Na casa espiritual vamos encontrar todo tipo de gente indo a procura de auxílio. Tem aquelas que são realmente merecedoras e procuram algo justo com a sua história e necessidade e tem várias outras que simplesmente vão lá para pedir e pedir e pedir…
Em qual você se encaixa?
Não que não tenha que se pedir em um terreiro, deve-se com toda certeza conversar com as entidades e persistir nos seus objetivos, contudo alguns objetivos – a maioria – depende pouco dos guias espirituais. Eles sempre nos dizem, eu já retirei todos os obstáculos do caminho, agora você precisa caminhar. Entretanto, a pessoa continua em sua inércia, sentada, sem nada fazer.
Outro dia soube de um caso em que a pessoa fora pedir uma ajuda financeira pois não estava feliz em seu trabalho, queria encontrar outro trabalho. Apesar de seu tom vacilante na consulta, como se ela não tivesse certeza de que merecia um trabalho melhor, foi a ela indicado um trabalho, contudo ela interrompeu a entidade e disse:
“- Esse eu já fiz e não funcionou”.
A entidade olhando perplexa perguntou quem havia feito e a consulente disse o Caboclo X (que era o chefe do terreiro). A entidade riu-se demoradamente, quase num deboche interno, pois se o chefe do terreiro ensinou uma magia, ela deveria funcionar, afinal ela SEMPRE funciona.
A entidade então começou a recitar outra, quando viu um revirar de olhos da pessoa e imediatamente disse:
“- Deixa! Deixa que eu mesmo vou fazer…”
A pessoa ficou satisfeita, mas a entidade explicou posteriormente que a consulente queria alguém para fazer por ela e que ela não havia feito da forma correta a mironga passada anteriormente, faltando fé em seu pedido. Lembra que a fala da consulente estava vacilante? Ela mesma não sabia se merecia, então como fazer uma magia pedindo algo, quando você mesmo duvida de si?
Nenhuma magia irá funcionar!
As pessoas procuram facilidade, comodidade e querem sempre que façam por elas coisas que não se deve fazer. Querem ser paparicadas em suas vaidades sem qualquer tipo de mudança do seu interior ou da sua forma de conduta.
Pois bem, em outra ocasião foi me contado que uma moça pedia para retomar contato com um irmão. Eles haviam se desentendido por causa da mãe e da noiva do rapaz e ela queria muito retomar os contatos, já se passavam anos que não se falavam e parecia que nunca mais iriam se falar.
Com o trabalho espiritual, percebeu-se uma aproximação do irmão, que de fato chegou a tentar contato com a pessoa (após entrar em contato com outro familiar) porém a irmã não atendeu.
A entidade sabendo do ocorrido ponderou: “O que era o impossível foi feito, o que era o possível não”. Em outras palavras, fazer com que a outra parte chegasse para um contato era trabalho da entidade e foi feito, mas firmar esse compromisso com o perdão dos erros e a tentativa de um novo começo, engolindo o orgulho e passando por cima das mágoas, não foi feito pela outra parte.
Conclusão? Os irmãos não se falam ainda. Mas aí questiono: De quem é a culpa?
As entidades trabalham com as probabilidades! Se existe chance de algo acontecer, eles irão manipular aquelas possibilidades até que as peças se encaixem. Encaixadas, geralmente uma ou outra fica em aberto para que os envolvidos na situação possam arrematar de fato o quebra-cabeças. Mas, isso raramente ocorre, pois queremos que a entidade faça tudo.
Podemos apenas presumir, pois não sabemos o que se passa no íntimo das pessoas (apesar que a entidade sabe) que o que era querido era uma aproximação subjugada a vontade da outra. Contudo, isso não é perdão. É?
Então, antes de procurar pedir as coisas, veja se você consegue fazer sua parte. A entidade vai continuar sendo entidade, com seu mesmo status e atributo, pois para cada pessoa que fraqueja no seu intento, outras três ou quatro são bem-sucedidas, com o auxílio deste guia.
O poder é nosso, as entidades apenas nos fazem entender que esse poder pode ser emanado por nós, mas para isso, devemos sempre nos permitir. Teimosia, ganância e avareza espiritual, não vão levar ninguém a lugar nenhum.
Quando você procura um espírito para te ajudar, você deve fazer sua parte!