Todo ano é a mesma história, as pessoas se confundem e acabam associando por meio do sincretismo uma data de um santo católico a um Orixá. Antes de mais nada que fique bem claro que não sou opositor ao sincretismo, até porque faço uso do mesmo em meu terreiro e o acho bem funcional, contudo, devemos sempre esclarecer as coisas, como dizem: “Pode tudo, mas não pode qualquer coisa”.

Coloquei um quiz no Instagram do Papo na Encruza perguntando se dia 23 de Abril era dia de São Jorge ou Ogum, claro que a maioria optou pelo Orixá Ogum, só que de forma equivocada.

Para entender isso a gente tem que compreender o sistema de contagem de dias e as formas das festas e celebrações dentro das culturas. O calendário que utilizamos é chamado de Calendário Gregoriano, onde temos 365 dias e algumas fracos de horas por ano. Esse calendário é dividido em 12 meses com variância de dias entre eles: 28, 30 ou 31 dias. Cada mês tem em média 4 semanas e cada semana possui 7 dias. Marcamos o ponto zero de nosso calendário no suposto nascimento de Jesus no ano 0.

Em outras palavras, desde que Jesus nasceu teria passado (supostamente) 2021 anos. Contudo isso também está errado, pois pelos cálculos mais recentes Jesus teria nascido em torno de 3 A.C., ou seja, deveríamos estar no ano de 2024 agora.

Além disso o próprio calendário Gregoriano é baseado no calendário Juliano, criado pelo ditador romano Júlio César.

Esse calendário (gregoriano) foi adotado pela igreja para suas comemorações litúrgicas, desta forma os santos terão datas bem definidas em posições fixas do ano. Desta forma definiu-se que dia 23 de abril seria comemorado o dia de São Jorge, santo que originalmente teria nascido na Anatólia, atual Turquia, numa região chamada Capadócia.

Já o calendário dos Orixás deve seguir a tradição imposta pela cultura Yorubá (chamada também de nagô). O calendário Yorubá para práticas religiosas é o Kojodá, que tem uma semana com 4 dias apenas. Totalmente diferente da forma como compreendemos a marcação de tempo. Contudo eles adaptaram seu calendário com os sete dias do gregoriano para um calendário comercial, mas vejam é COMERCIAL e não religioso.

Desta forma não existe um dia 23 de abril no calendário Kojodá e se o tivesse seria uma data rotativa ao basear no calendário gregoriano, devido a diferença de dias das semana e possivelmente da marcação das semanas também.

Contudo, pelo sincretismo que fazemos de São Jorge com Ogum, associou-se em comemorar nessa data também o dia do Orixá Ferreiro, Guerreiro, da Tecnologia, da Abertura de Caminhos, da Cirurgia e do Sangue.

Então, quem é contra a prática do sincretismo não tem o porquê comemorar nesse dia 23 de abril.

Quando associamos um sincretismo as questões dos Orixás não queremos dizer que eles são iguais aos santos católicos, mas que eles possuem atributos que os aproximam e desta forma em um país multicultural e sincrético faz sentido essa associação.

Curiosamente, nos candomblés se comemora os dias dos Orixás nos dias dos santos católicos sem levar em consideração essa busca por uma pureza doutrinária que nunca será encontrada no Brasil.

Existem diversos fatores para chegar nessa pureza doutrinária e que não vem em questão e que podem soar polêmicos.

Então dia 23 de abril é dia de São Jorge, mas é claro que a gente vai acender vela vermelha ou azul e clamar por Ogum e claro que o veremos com vestes de um soldado romano, mas também iremos dizer Ogunhê Patacuri Ogum para sarava-lo!

Saravá Ogum! Ogunhê!


Faça uma oferenda a Ogum nesse dia

Uma das oferendas de Ogum é o feijão preto, que não era encontrado na África antes da colonização da América, por se tratar de uma leguminosa originalmente americana. Contudo o feijão preto é aceito por Ogum por ser uma leguminosa rica em ferro, justamente o elemento que Ogum domina e é soberano.

Pegue uma porção de feijão, em torno de uma xícara de chá e deixe de molho por volta de 4 horas. Cozinhe fora da panela de pressão. Não adianta fazer na pressão pois o feijão irá ficar muito molengo e não presta para a oferenda.

Cozinhe em torno de 30-40 minutos, mas vá acompanhando para ver a consistência do feijão – e sim, você pode colocar alguns grãos na boca para ver a consistência.

Depois de cozido, escorra a água e deixe só os grãos de feijão e coloque em um alguidar de barro. Regue com um pouco de dendê e mel. Acenda velas vermelhas ou azuis e ofereça um copo de cerveja branca (pilsen) para o Orixá.

Cante um ponto de Ogum, faça seus pedidos e agradeça seus caminhos abertos.

Saravá Ogum!


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