Arquétipos são vistos como um recurso importante dentro da teatralidade da Umbanda. De certa forma, o recurso do arquétipo mascara a real identidade do espírito manifestado, dando a ele uma aura de mistério e ao mesmo tempo tirando a personificação e podando vaidades e desatinos, tanto de médiuns, quanto de consulentes.
O interessante a se notar é que os arquétipos se subdividem sempre entre os maiores das linhas de trabalho, como o caso de caboclos, pretos-velhos e outras entidades, ainda criando mais divisões menores como Caboclos Junco Verde, Caboclos Tupinambás e Pretos-Velhos João de Angola.
Tudo isso é conhecido como arquétipo e as linhas tomam suas minúcias de manifestações como falanges (João de Angola, por exemplo) onde abarcam diversos espíritos sobre a mesma alcunha.
Contudo, apesar deste recurso ser real, não podemos esquecer que cada espírito é ainda sim uma individualidade apesar do nome simbólico que adota. Desta forma nem sempre um caboclo tupinambá irá se apresentar como outro de igual nomenclatura.
Mas o que vemos geralmente em momentos de desenvolvimento mediúnico é uma cópia do proceder do médium iniciante, se baseando nos trejeitos das entidades dos dirigentes espirituais. Então se o caboclo do dirigente chega dando um salto, o do médium iniciante, geralmente, também o faz.
Isso não quer dizer que é a entidade que tem essa característica, mas que o médium em aprendizado, para se sentir mais seguro, absorve esses trejeitos, deixando sua vontade imperar quanto a vontade e a manifestação da entidade que está incorporando.
Pior é quando um terreiro inteiro faz o mesmo, com quase todos os médiuns da corrente, isso nos fornece clara definição de que há animismo e mistificação entre os presentes, o que pode ser até muito prejudicial com o passar do tempo, principalmente para a assistência que se sentirá ludibriada quando o “glamour” inicial da Umbanda passar.
Alguns trejeitos podem até ser confirmação da força ou da manifestação de um guia, mas forçar uma determinada manifestação e um determinado ritual para que seja seguido por todos é no mínimo inépcia do dirigente.
Infelizmente, muitos dirigentes só sabem cobrar dos seus filhos os erros, mas não percebem que parte dele o grande exemplo. Ele ou ela é quem deve guiar seus filhos com instruções e com orientações, o dirigente deve ser o primeiro a estudar e sempre dizer que está aberto a novos aprendizados.
O dirigente que tem preguiça ou acredita que não deva estudar, está causando mal para a própria casa em que atua, levando a mesma a ser infestada por espíritos que se adequam a esse mesmo padrão de pensamento preguiçoso e leviano.
Este é mais um texto de alerta do que de orientação. Sejam sempre conscientes de que todos erram, mas persistir no mesmo erro é no mínimo desleixo.