A Umbanda ficou conhecida como uma religião de amparo, onde os menos válidos da sorte mundana encontravam refúgio e acalento para suas mazelas. Também conhecida como um pronto-socorros de almas, passou por uma grande fase em que as curas eram feitas na matéria.
Isso também se deu no espiritismo, porém ambas as formas de cura nunca foram a função básica da Umbanda, do Espiritismo ou de qualquer outra religião. A ideia por trás de uma religião é mostrar ao ser humano um caminho a seguir e que a partir da redenção, da reforma íntima e da evolução moral e intelectual, podemos chegar ao caminho da “perfeição”.
Claro, que alguns de nós puderam presenciar “milagres” sendo feitos nas mais diversas operações de cura que encontramos na religião. Mas aqui vai um alerta e que esse alerta seja bem taxativo:
Médium não é Médico!
O médium pode até ter formação médica, mas dentro do âmbito espiritual e religioso não pode se valer do seu título para atender alguém. Não, pelo menos, pela via mediúnica. Isso é um erro, pois poderá acarretar confrontos desnecessários com a classe médica e com a prática de medicina por não regulamentados, o que é crime previsto em lei.
De fato, nem sequer devemos considerar em falar para alguém abandonar o tratamento médico, diminuir ou parar o uso de medicamentos alopáticos e nem dizer que alguém está curado. Os guias de LEI não fazem isso, pois eles compreendem que dentro da lei dos homens existem vários problemas e percalços nisto. O guia espiritual no máximo irá recomendar que tal pessoa procure um médico, para que ele faça a diminuição da dosagem do remédio, o substitua ou recomende a interrupção do tratamento. Mas o guia em si jamais poderá fazê-lo e se o fizer, fica outra ressalva:
Não é o guia! É o médium em animismo!
Dentro da minha prática, tanto na casa espírita quanto no terreiro de Umbanda, já pude presenciar casos em que o suposto guia recomendava o uso de determinado remédio alopático e em certa ocasião o mesmo ocasionou um choque anafilático no consulente, que teve que ser internado as pressas. Não contente o mesmo se deu por outra vez, tanto é que o médium “fugiu” das autoridades, mudando de estado.
A outra questão é a recomendação da interrupção de um tratamento. Já vi diversos casos em que determinado “guia” (fake) diz para tal pessoa parar o remédio por conta e a pessoa a princípio se sente bem, mas depois tem efeito de abstinência e em alguns casos efeito rebote. Isso se dá muito com casos de TAG1, TOC2 e principalmente Depressão.
Não importa o caso, não se deve fazer isso! O guia espiritual, como o nome diz, trabalha no espectro espiritual ou energético. O médico já trabalha no campo material.
Dentro das práticas de medicinas tradicionais chinesa, indiana e também na vivência de terreiro, o que constatei – e o que é defendido por essas escolas – é que a doença é um estado de alma, primeiramente se manifestando no campo mental, passando ao campo energético e por fim se manifestando como a moléstia no campo físico.
Uma vez que a mesma está instalada no campo físico, são necessário meios físicos para que a mesma seja tratada. Porém, tampouco adianta tratar o físico se a causa espiritual, mental e energética também não for tratada, logo o médico trata da manifestação, o terapeuta da parte emocional e mental e por fim o guia espiritual da parte espiritual.
O bom médium e o bom guia não é o que cura, mas aquele que permite que o consulente encontre o caminho da auto-cura.
Espero que o que está escrito acima sempre ecoe na sua mente, sendo você terapeuta, médico ou médium. Cada um faz a sua parte… Então nunca abandone o tratamento médico, sem consultar o médico.
1 TAG: Transtorno de Ansiedade Generalizado
2 TOC: Transtorno Obsessivo-Compulsivo