Quando falamos em religião temos a tendência de tentar criar um mundo de forma a explicar os objetos e as divindades de nossa religião. Ao falar de Umbanda não é diferente, tentamos criar uma cosmogonia como se o Universo fosse criado por Orixás (e já erramos aqui, pois a interpretação de Orixá na Umbanda é muito distinta da do Candomblé).
Porém, isso implicaria que a nossa religião fosse a VERDADE ABSOLUTA e UNIVERSAL, mas não é o caso. Aliás, nenhuma religião conseguiu ou conseguirá explicar a Criação do Universo e a posição das entidades e divindades que a compõe, pois esse não é um papel central na religião, desde o momento em que ela deixou de ser um termo de UNIDADE de um povo.
Claro, que quando olhamos para a Antiguidade, notamos que cada civilização tinha sua forma de contar como o Universo foi criado, porém, até mesmo eles respeitavam as muitas diferentes formas de cultuar o divino. Um grande exemplo disso é o próprio Império Romano e seus muitos deuses importados de outras regiões, sendo da cultura helênica ou dos persas.
Desta forma fica muito evidente que não podemos aceitar que DEUS chamou OXALÁ e determinou que ele criasse o mundo, pois isso deveria se estender para muitos (todos) povos, ou seja, o chinês deveria aceitar que um Orixá Africano criou seu mundo e que tudo o que ele acreditava era mentira. Mas podemos aceitar isso como uma alegoria e que sua reinterpretação com os deuses locais é algo que faz parte da cultura nativa do povo.
O problema é que muitos não compreendem que DEUS é um só e ele é o CRIADOR MAIOR, porém diversas outras entidades fazem parte da CRIAÇÃO e a elas demos os nomes de Deuses ou Divindades. Essas mesmas divindades não são as donas de seus atributos, logo Xangô, Zeus e Thor comungam com o domínio sobre o Trovão, porém não são os DONOS desse domínio (ou em alguns casos, também chamado de FATOR). Todos esses domínios são emanados de DEUS e alguns têm maiores capacidades de acessar esses poderes e domínios. Para saber mais sobre isso entenda nossa Teoria dos Potes.
Então, é explícito que o universalismo só se dá coerentemente em DEUS, mas não nas divindades menores. Desta forma, no mundo espiritual, não podemos esperar encontrar Exus se formos católicos ou Devas se formos Indígenas Nativistas. Temos que acabar com essa ilusão, pois veremos espíritos, encantados e diversos seres, que nem sequer levantam bandeiras religiosas ou se rotulam. Quem cria esses rótulos, somos nós os encarnados. Porém, como estamos circunscritos a um agrupamento, iremos por freqüência e simpatia nos aproximar destes mesmos grupos, ou seja, se for Umbandista eu irei me aproximar da egrégora de Umbanda e de suas entidades. Para entender melhor sobre isso, leia nosso artigo sobre Egrégoras.
Com esse pensamento claro, podemos afirmar que não encontraremos PRETOS-VELHOS MAGOS ANCESTRAIS e sequer pretos-velhos, fora do território brasileiro ou fora da egrégora de Umbanda. Assim como não encontraremos caboclos brasileiros baixando em templo xintoístas ou indo receber um budista que acabou de desencarnar. Para saber mais sobre o desencarne nas muitas religiões, leia esse texto. Então, um Coreano, que vive na Coréia e vivencia as religiões nativas, quando desencarnar não irá para a ARUANDA (Leia sobre as colônias nesse texto).
Estamos entendidos?