A que se presta a tecnologia nos nossos dias? Seria o mesmo que a máquina a vapor que serviu para tirar o homem do campo e levá-lo para cidade, transformando seus hábitos e sua forma de pensar?
Conceitualmente, tecnologia é a teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.), ou seja, tecnologia vai além dos meios que utilizamos. Mas podemos avançar no tema…
Então surge uma outra questão: Até que ponto a tecnologia tirou o homem da sua ignorância e trouxe-o a luz da sabedoria? Ou ainda, quanto deixou-se conduzir por outros caminhos? As ferramentas e meios evoluíram e de certa forma o homem poderia ter tido uma outra postura frente a estes avanços. Além disso, o ser humano muitas vezes não consegue absorver tudo que a tecnologia oferece, de forma a torná-la útil para si e para os demais.
Tornar a tecnologia útil implica em utilizá-la de maneira a cumprir um papel evolutivo, sem que ela seja usada para fins de dominação, subjugar alguém – ou um grupo – ou ainda se deixar levar pela mente cheia de desejos pessoais e vaidosos.
A história nos mostra que a postura de quem domina uma tecnologia, quando não a torna útil a um maior número de pessoas, a utiliza de maneira exploratória a fim de consumir todos os recursos e exaurir o campo fértil que lhe foi oferecido para plantar e gerar frutos.
No campo religioso não é diferente pois nos deparamos com inúmeros “sacerdotes” explorando a fé alheia a partir dos mecanismos modernos. Como se não bastasse os “pais de santo de poste” temos inúmeros “tecnomacumbeiros” de plantão prontos a prestarem um desserviço a religião de Umbanda e tantas outras. São os videomakers, blogueiros, os famosinhos do Facebook, Twitter e tantos outros canais sociais. Passam a escrever de tudo e postam de tudo um pouco, falam como especialistas em determinados assuntos e ainda utilizam em vão o nome de entidades já conhecidas como Exu, Pomba-gira, Pretos velhos e Caboclos, sem contar os Orixás. Sempre aparecem com um post ou um vídeo com uma receita mágica que irá trazer muito sucesso ao executante.
Com o surgimento da televisão fomos apresentados ao estrelato de algumas pessoas que até então não conheciam este novo meio de levar informações e entretenimento e passaram a ser exaltadas. Esse evento fez com que todo mundo que aparecia na “caixa mágica” ganhasse um status bem diferente de todos, frente aos chamados “telespectadores” essa realidade ultrapassou os limites das emissoras de TV e está presente nos vídeos divulgados pela internet.
Não obstante, vemos a utilização dos novos recursos de marketing – digital – onde o gratuito serve como chamariz para a aquisição de um outro trabalho maior e a um custo que já não é tão atraente. Até este ponto você já recebeu de graça o material e adquirir a oferta de um mega pacote com super facilidades, isto dá a sensação de que você é parte grupo seleto e com uma oportunidade única em mãos.
Ainda tem muitos que utilizam a tecnologia para divulgar “receitinhas” do dia-a-dia “macumbístico”, no sentido de tornar próxima a experiência de fé, simples e acessível e desconsiderando a necessidade de uma mudança interior e um estudo mais profundo. Há ainda alguns que utilizam de forma indiscriminada as imagens de Orixás e guias de todos os tipos para associar a guerreiros, seres míticos, colocando-os na mesma condição humana de verdadeiros “seguranças vips” das nossas atitudes.
Todo estudante da espiritualidade precisa refletir diariamente suas atitudes e posturas constantemente, é uma chamada à reflexão. É comum encontramos pessoas com a necessidade em caracterizar Guias e Orixás a uma personalidade guerreira e de luta, como se as vibrações divinas fossem somente isso. Notamos uma sede grande de demonstração de poder das entidades, parece que todos querem comprovar o quão poderosos são as entidades e se qualquer um tentar mexer com ele ou ela terá que se ver com os “seus guias”.
A tecnologia está disponível e não pode se prestar somente a isto, não podemos transformar a Umbanda ou qualquer religião num pacote de macarrão instantâneo para quando tiver aquela “fominha espiritual”. Precisamos nos alimentar constantemente e manter-nos nutridos com as boas práticas e estudos consistentes. Neste sentido temos como aliados inúmeras ferramentas tecnológicas que nos auxiliarão na nossa evolução e amadurecimento espiritual.
Fuja de receitas milagrosas, fáceis e temas que não invistam na profundidade, procure mais de uma referência, questione, anote, volte no tema busque mais de uma fonte e principalmente procure se interligar com seus mentores, guias ou como desejar chamá-los. Utilize a oração como principal meio de comunicação e peça que tenha discernimento e permissão para que possam te acompanhar e te instruir, pergunte e exercite uma mente serena para que obtenha a permissão de o mundo espiritual interagir contigo. Opte por buscar o discernimento ao invés do julgamento. Faça isso cotidianamente, com serenidade, tranquilidade buscando o entendimento sobre tudo, pois há sempre um motivo maior.
Pense nisso!