Estamos de volta com mais perguntas, nesse número tentaremos falar um pouco mais sobre incorporação. Esse é um tema muito recorrente e que gera muita confusão e curiosidade.
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Todas as dúvidas são importantes e tentarei responder a todas com o máximo de clareza possível.
1 – Para onde meu espírito vai quando incorporo?
Seu espírito permanece exatamente onde ele estava antes da incorporação. Para entender isso precisamos compreender um pouco o conceito de corpos energéticos. O ser humano possui sete corpos, ou conjuntos energéticos, são eles: Corpo Átmico (Essência ou Espírito), Corpo Búdico, Corpo Mental Superior, Corpo Mental Inferior, Corpo Astral, Duplo-Etérico e Corpo Físico. Não se preocupem com esses conceitos no momento. Allan Kardec sintetizou esses corpos em apenas três, criando assim o conjunto Corpo Físico + Perispírito + Espírito ou Centelha. É uma sintetização, no Espírito está consolidado o Corpo Átmico, Búdico e Mental Superior, no Perispírito está o Mental Inferior, Corpo Astral e Duplo-Etérico e por último o corpo físico mesmo.
Esses corpos são ligados uns aos outros por cordões energéticos ou ligações energéticas. O que devemos nos prender neste momento é no corpo astral, duplo etérico e corpo material. Quando se processa uma incorporação dita como inconsciente o duplo etérico se desloca do eixo central, ficando inclinado, e o espírito guia irá se ligar através de ‘fios’ energéticos aos centros forças, também conhecidos como chakras. Nesse caso o espírito do médium (ou seja, seu corpo astral) fica em volta sempre atento ao que o espírito guia está fazendo, mas o guia trabalha diretamente no duplo-etérico enviando as informações, comandando o corpo do médium. Por isso que os médiuns inconscientes não se lembram ou não tem registro das atividades do guia no momento, pois apesar de ligado ao seu corpo, ele está em um estado de desdobramento.
Já no processo consciente e semi-consciente o deslocamento do duplo etérico é menor e o corpo astral do médium não chega a se distanciar tanto, então o médium ainda registra as impressões que estão acontecendo no seu corpo, mas ao mesmo tempo sente os impulsos dos espíritos guias, como uma vontade ou sugestão.
Aproveitando isso, recomendo dois livros: Nos Domínios da Mediunidade, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito André Luiz, que narra sobre essas questões, e também Mediunismo, de Hércilio Maes, pelo espírito de Ramatís.
2 – Eu vejo tudo, ouço tudo, parece que sou eu. Estou mistificando?
Isso se dá, pois você é um médium consciente e não há problema algum nisso. Hoje a maioria dos médiuns (por volta de 99%) são médiuns conscientes ou semi-conscientes. A diferença se dá basicamente no nível de desprendimento do corpo astral. Ser médium consciente é importante nos dias de hoje, a espiritualidade não é estática ela está em constante mudança e evolução, então as manifestações também. Lembrando que no começo do espiritismo as comunicações eram feitas através de pancadas e hoje os espíritos falam. Tudo evolui.
A questão da mediunidade consciente é que precisamos ter um maior interesse no aspecto moral e intelectual, precisamos estudar. Acaba-se com a muleta que era: “Meu guia sabe tudo!”. Hoje o médium é chamado a compreender o que se passa com ele, entender os processos dos rituais, os elementos, as forças evocadas, e também é imperioso que se reforme moralmente, abrindo espaço para o bom caráter e a correção de comportamentos. Mediunidade só para incorporar, o guia falar, e acabou, não traz evolução. É necessário se esforçar. A chance de aprender sendo consciente é muito grande, você está lá, ouvindo e presenciando todas as giras e consultas, e tenha certeza, sempre que um guia dá um conselho a alguém, aquele mesmo conselho, se aplica a você.
O que, infelizmente, vemos muito hoje é o médium consciente fingir ser inconsciente, pois este acredita que assim seu poder é maior ou seu trabalho terá mais credibilidade. Irônico não? Querer demonstrar credibilidade justamente fazendo o oposto.
3 – O que é animismo?
Animismo dentro dos processos mediúnicos é o uso das faculdades da pessoa, do ser humano, sem ter por trás um espírito alheio. O animismo tem duas distinções: o bom animismo e o mau animismo. Todo processo mediúnico é medianímico na verdade, pois também tem o concurso do médium nas comunicações. Os guias se utilizam de conhecimentos prévios do médium para passar seus recados, por isso que o estudo é muito importante. Contudo quando o animismo está desvirtuado ele provoca graves consequências, pois você está criando uma condição de obsessão simples, que pode desencadear um processo complexo. Lembre-se semelhante atraí semelhante, vibrando de forma descontrolada animicamente, imagine o que irá vibrar com você? Mas o animismo é impossível de ser extinto, mas por isso devemos ter algo que o controle, é a bendita reforma moral. Um guia certa vez disse: “Se você tem tanto medo de estar sofrendo animismo, analise o resultado. Se é bom, e tá servindo para a melhora do próximo e sua, então é espiritual. Se está sendo egoísta, vazio ou apenas fazendo um show para a platéia aplaudir, então acho melhor procurar outra religião.”.
4 – O que é mistificação?
Mistificação é muito confundida com animismo. No animismo nem sempre é ruim, e nem sempre o médium tem consciência disso. Já na mistificação, a pessoa está agindo de má-fé. É, infelizmente (novamente), uma pena que isso ocorra mais frequentemente do que imaginamos. Geralmente, um médium ao desvirtuar-se acaba por gerar uma repulsão energética ou vibracional, impedindo que os bons guias se manifestem, dando assim espaço ou para os espíritos desequilibrados, trevosos ou obsessores, ou infelizmente ficando a mercê de sua própria psique egoísta e desequilibrada. No caso dele simplesmente não ter mais contato com o mundo espiritual, ele começa a fingir que está tendo, imitando os trejeitos dos guias quando estes incorporavam. Mistificação é fingimento, para ser bem claro. Já dizia João, o Evangelista: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” 1 João 4.
Espírito de Lei não tem que queimar pólvora na mão e nem engolir vidro para provar nada. Aliás, eles nem se preocupam com isso, pois quem tem que crer é você. Eles já estão fazendo uma caridade tremenda só de deixar as paragens que habitam para virem até aqui nesse mundo imperfeito.
5 – Sinto presenças ou vejo vultos. Sou médium?
Como diz Allan Kardec em sua obra, todos somos médiuns. Alguns em maior ou menor grau de sensibilidade. A mediunidade não é um dom para se utilizar para recreação ou promoção pessoal, é sim, uma ferramenta de trabalho para nossa evolução, nossa correção e para auxiliar o próximo, tanto os fazendo entender que a vida continua, quanto que não estão sozinhos, como para resolver alguns problemas de ordem negativa, mas acima de tudo para ensinar que é dando que se recebe. Ver um vulto pode ser apenas uma ilusão de ótica ou até mesmo problema fisiológico no aparelho visual. A vidência e clarividência são muito raras, poucos a possuem. E as mesmas nunca se manifestam igualmente em médiuns diferentes, alguns vêm auras, outros vêm luzes, outros vêm formas, outros vêm sombras, outros vêm os espíritos, etc. Então é algo que não é determinado ou que siga um padrão. Existe também o caso de médiuns terem uma impressão mental de algo do lugar, ou verem outras paragens e até mesmo espíritos. Isso é um tipo de vidência, mas pode também ser imaginação superexcitada. Deve-se sempre manter o bom senso nesses casos. Analise o porquê de ser vidente, se for só pra ver espírito qual bem que isso traria? Até porque o que mais se vê são coisas feias e ruins, mas é fácil perceber que quando alguém se autodenomina vidente ele diz ver coisas boas, anjos, auras belas, etc. Cuidado, para não incorrer no animismo e na mistificação.
Agora sentir a presença dos guias ou mentores, isso pode ocorrer sim, pois eles se manifestam pela intuição ou inspiração. Emanam certos tipos de assinaturas energéticas que são captadas pelos nossos centros de força (ou chakras) e temos aquela impressão de que alguém está conosco. Novamente, use o bom senso, pois um espírito trevoso também tem a capacidade de fazer o mesmo. Sinta e use o discernimento sobre a energia que está sentindo, se é algo que te inspira a fazer algo bom, te dá conforto e gera bons sentimentos, ore a Deus e agradeça, caso contrário, acho melhor orar a Deus também e pedir proteção, além de um bom banho, defumação, prática de mudança de condutas e ir visitar um templo religioso de qualquer denominação.