Todos os dias temos que ficar repetindo o óbvio, até porque grande parte da audiência parece que está sendo submetida a uma lavagem cerebral há muito tempo, desde que elegeram o Candomblé Ketu como a “verdadeira religião africana”. Você pode estar pensando: “Poxa, mas faz o teu e deixa os outros” e eu concordo com esse pensamento, contudo para eu fazer o meu, eu preciso que os outros só façam os dele também.
Veja, recebo muitas mensagens, devido a visibilidade do podcast, no Instagram por dia, muitos de pessoas que passaram na mão de supostos pais de santos, babalorixás, iyalorixás e quimbandeiros, que prometeram mundos e fundos e só acabaram com os fundos (financeiros) de seus clientes. Quando essas pessoas me procuram, elas logo colocam: “Olha, não quero duvidar, até porque ele é de Quimbanda, feito no Candomblé” e eu imediatamente penso: “O QUE?!”
Pois é, o que vem de gente falando que é feita no Candomblé ou em Umbandas (de origens obscuras) e dizem ser Quimbandeiras e, pior, mestres de Quimbanda não está escrito! O que quero dizer é o seguinte: O Candomblé não te outorga nada que não seja as questões de Candomblé! E o Candomblé Ketu é um culto de Orixás! Entendeu? ORIXÁ! Ao recolher suas obrigações você não terá direitos adquiridos para o culto de Exu, de Caboclo ou de qualquer outra entidade (Egun). Você também não será uma sumidade e nem um especialista acima de outros ministros religiosos. Um Babalorixá é tão poderoso quanto um Padre de Igreja Católica, porque ambos são ministros religiosos, mas o Padre não pode falar de Candomblé, por que o Babá quer falar de outras práticas religiosas?
Quando você recolhe suas obrigações no Candomblé, o máximo que irá acontecer é ele te preparar para o Candomblé. Isso não irá te dar poder, títulos ou autoridade sobre a Umbanda ou isso demonstrará que você é melhor do que quem pratica Umbanda ou Quimbanda.
Inclusive quem busca o Candomblé para homologar suas práticas de Umbanda e Quimbanda, provavelmente tem problemas severos em todas as suas práticas. Você pode ser de vários cultos, desde que não use um como validador do outro. Quer falar de Orixá, procure alguém do Candomblé! Quer falar de caboclo e preto-velho, procure um Pai de Santo de Umbanda! Quer falar de Exu e Pombagira, procure um Mestre de Quimbanda!
Na Umbanda tem Orixá? Talvez, mas já falamos disso… O que vale na Umbanda é o falangeiro e as entidades.
Essa mania que há de procurar o Candomblé como algo mais forte, mais puro, mais certo, é resultante de uma perseguição a tudo que era banto e indígena promulgado pelos acadêmicos do início do século XX e que foi aproveitado por alguns grupos.
Sei – como sempre – que ao tocar nesse assunto, as críticas e ataques irão começar… Mas, é preciso ser dito.