Nós ouvimos os guias sempre falando sobre Aruanda, mas você sabe do que se trata?

Dentro dos cultos espiritualistas, principalmente na Umbanda, ouvimos dizer que Aruanda é um plano astral de onde os espíritos que trabalham nesta religião habitam. Então, dentro de um paralelo com o saber espírita, poderíamos dizer que é uma colônia do astral.

Colônia é um termo muito falado, porém pouco compreendido. Muitos acham que colônias são outros planetas, outros orbes, outras galáxias, etc. Na verdade, colônias são espaços criados pela mente coletiva de um grupamento de espírito que se simpatizam e a maioria está ainda dentro da influência de nosso plano material ou pelo menos de nossa orbe-mãe: O Planeta Terra.

Aruanda por si é conhecida como colônia, mas é mais que isso, é um agrupamento de espíritos afins que tem dentro das suas práticas a Macumba de forma geral, dentro desse agrupamento encontramos outros sub-grupamentos como o caso dos Campos de Humaitá, onde habitam espíritos que tem conexão com a força de Ogum; o Reino do Jacutá, onde encontramos espíritos atentos à força de Xangô; os campos de Matamba, onde encontramos as forças de Oyá-Iansã e as Matas da Jurema, onde habitam vários caboclos, mas principalmente os afeitos as energias de Oxóssi.

Contudo a palavra Aruanda em sua concepção original advém de uma corruptela da palavra Luanda. Luanda era o local onde grande parte dos africanos de origem banto partiam como escravos para as colônias portuguesas. Esse nome deriva da palavra quimbunda lu-ndandu. O prefixo Lu se refere ao plural da língua (no português, geralmente colocamos S no final da palavra para designar plural) e ndandu é um radical que tem relação com algo de valor.

A ilha de Luanda (Lu-ndandu) era de onde eram retirados os Búzios (Caurís), utilizados como moeda no antigo reino do Congo e do Dongo. Desta forma Aruanda era um centro comercial e exploratório.

Como os africanos partiam dos portos de Luanda para o Brasil, eles sempre diziam querer retornar a Luanda, com o tempo se tornou Aruanda, pela corruptela da língua.

A mitificação de Aruanda ocorreu posteriormente. Voltar para Aruanda então é voltar a terra de origem.

Dentro da visão espiritualista e religiosa, podemos determinar que os espíritos criam seus agrupamentos conforme lhes convém e pela sua simpatia (energética, moral, intelectual, emotiva, etc).

O povo de Aruanda então é um grupamento de espíritos que foram explorados pelo colonizador europeu que pertenceram as etnias africanas (principalmente os de origem banto, da África centro-oeste) e que agruparam também os povos originais, os brancos pobres e marginalizados (bruxas, feiticeiros, caipiras, caboclos, caiçaras, marginais, etc.) e que por uma proximidade se aglutinaram.

Contudo, onde está Aruanda?

Se for para pensar de forma história, está na Ilha de Luanda, na cidade de Luanda, na atual Angola. Contudo, Aruanda no ponto de vista religioso está no campo astral, mas não longe de nós, visto que o entendimento Banto se dá pela relação com os ancestrais que nunca VÃO embora, apenas modificam a sua forma de manifestação pela perda da energia vital que sustentava o corpo, passando a viver como espírito, mas ainda assim dentro da sua própria família.

O culto de Umbanda, de Quimbanda e outras práticas derivadas da cultura Banto é um culto familiar de adoração a ancestralidade. A ancestralidade é tudo aquilo que nos precedeu, seja bom ou ruim, e que de certa forma criou a nossa existência.

Muitos dos nossos problemas e dificuldades se dão pela não compreensão dessa ancestralidade. Vejo isso constantemente nos jogos de Cabala de Exu, como estamos sempre separados de nossa ancestralidade. Isso se dá por vários motivos, principalmente pelo esquecimento do passado, pela rejeição de quem veio antes, sendo de forma forçada ou não.

Muito desse medo ancestral se dá pelas religiões dominantes como o catolicismo e protestantismo, mas não é o escopo desse texto.

Então, a Aruanda, assim como seus agrupamentos, é um plano energético-espiritual que ainda está presente dentro da área de atuação energética do nosso planeta, mesmo que em uma outra vibração devido a diferença do Moyo entre elas, mas ainda assim no nosso planeta.

O culto da ancestralidade não é um culto aos céus, mas um culto a terra, onde os ancestrais foram colocados e onde eles habitam. Aruanda é aqui, entre nós, em cada terreiro, em cada quilombo, em cada aldeia, em cada espírito se manifestando trazendo o conhecimento do povo banto.


 

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