Estudar sobre a Quimbanda para alguns pode parecer um TERROR, vejo muitos procurando saber mais sobre a Quimbanda por curiosidade e não por chamado ou necessidade.

Existe uma premissa dentro das tradições que não basta nós querermos fazer parte de algo, é preciso existir uma chama da iniciação dentro de nós. Essa chama será vista pelo oráculo e toda sabedoria do Exu Tutelar que está atuando naquele jogo e ele irá direcionar o nosso campo de atuação.

Recebi no Twitter um comentário sobre uma curiosidade sociológica sobre a Quimbanda. Essa curiosidade poderia ser saciada com o breve relato:

“A Quimbanda é um ato de sobrevivência e resistência!”.

Só essa frase já encerra tudo que se precisa querer saber “sociologicamente”. Mas claro, que a curiosidade não era sociológica, mas de ordem prática, querendo entender o que motiva um Kimbanda¹ a praticar essa religião ou arte de feitiçaria, quais são suas bases, como se processa o culto e os trabalhos e muito mais.

A questão respondida por mim foi extrapolada e ainda a inquirição chegou ao ponto de chegar a seguinte afirmação do questionador:

“De modo AMPLO, minha avó era da Umbanda e rezadeira da vila, e tinha um puta preconceito com quimbanda, que julgava ser uma religião ‘maligna’ e coisa e tal…”

Para falar sobre isso deveríamos entender o mal visceral e natural e a origem do mal no ponto de vista teológico, mas claro que para encerrar o assunto eu posicionei que isto era comum, afinal a Quimbanda (e a Umbanda de certa forma) é um sistema opositor, e tudo que se opõe ao sistema vigente é considerado maligno por definição, pelo cristianismo.

Em cima disto, ainda o debate se estendeu e a questão é que defini que não há literatura definitiva sobre o ‘culto’ de Quimbanda visto que é uma prática de ordem iniciatica e que a transmissão é praticamente oral, de boca a ouvinte, entre o Tata e o iniciado.

Basicamente, quando falamos sobre Quimbanda, seja neste texto, seja em livros e seja aonde for, tudo é um meio especulativo e muito superficial. Damos as migalhas necessárias para aguçar a vontade daqueles que tem a Quimbanda no sangue para que procurem os iniciadores. Desta forma, a prática de Quimbanda se faz desde que ela surgiu e se mantém, sem muitas corrupções e deturpações.

Leia o texto “Quimbanda sem Iniciação” no blog Quimbanda Nagô. 

O mais importante em saber é que Exu não é figura cativa da Quimbanda, ele se manifesta onde quer, pois é um espírito Livre, mas em sua estrutura religiosa, o Exu de Quimbanda pode até mesmo não ser visto como igual ao Exu de Umbanda, apesar que este último pode ser “batizado” e se tornar um Quimbandeiro.

Mas isso é um assunto para outro texto.

A Quimbanda não cerceia o conhecimento, ela o preserva. Preserva na transmissão oral, na forma como mestre e discípulo deve ter. Aprendemos muito com os Exus e outros Espíritos, aprendemos com os mais antigos na senda de Quimbanda e aprendemos por observação.

A Quimbanda necessita de vivência, a Quimbanda necessita se fechar para se preservar, a Quimbanda é um lugar para pessoas guerreiras.


1 Aqui e em todos os textos a partir deste artigo convencionamos que Quimbanda é a Religião e a Feitiçaria e o Kimbanda é o praticante desta, um sinônimo para Quimbandeiro.

%d blogueiros gostam disto: