Muitos acabam tendo medo do diabo e por isso criam vários cenários catastróficos dentro de seu próprio pensamento.

O diabo nada mais é do que a subversão do sistema judaico-cristão perante as crenças “pagãs” e nativas. Onde tudo que era contrário ao sistema centralizador do Deus Hebreu, deveria ser combatido e inferiorizado.

Na realidade, as representações diabólicas e demoníacas mudam conforme o passar das gerações e culturas. Daemon, do grego Inteligência ou Espírito, já nos traz essa clara definição de que era uma inteligência (um ser inteligente) externo que inspirava os helênicos em seu dia a dia. Esse nome é subvertido para Demônio e toma conotação pejorativa posteriormente.

O próprio termo Diabo vem do latim diabólus, que vem do grego diabolôs, que possui a conotação de ser alguém que se opõe a algo ou o acusar de algo. Lembrando que acusar é apontar onde estão coisas que não condizem com o real, ou negar aquilo que se tornou padrão para a sociedade.

Os chifres, o pé de bode, o rabo, todos esses atributos são retirados das culturas ditas “pagãs” onde cada um desses elementos representava um poder natural. Chifres são poderosos, são armas de defesa, são coroas naturais. Os pés de bode representam o chão que pisamos, a força da terra.

Todo mundo tem medo da terra, pois a terra nos dá o que comer e nos mata. Assim é a natureza. A natureza é caótica, desta forma podemos associar que o diabo é o próprio espírito da Terra, a natureza em si, com suas facetas ora boas e ora obscuras…

Temer o diabo é temer a própria vida em si.

Existem vertentes e tradições que dizem que o Deus criador está distanciado de nós e estamos sob julgo dos poderes da terra. Esses poderes são chamados de divindades, deuses, orixás, espíritos e mais um monte de termos. Mas todos eles têm algo em comum: Se nutrem da terra!

Gaia era a própria terra em si e uma divindade tão poderosa e primordial, que surge logo após o vazio. Sendo que ela mesmo gera Urano, que era o próprio céu. Então, no entendimento helênico a TERRA gera o CÉU. Dessa união surgem todos os titãs, inclusive a própria Reia, que viria ser mãe de Zeus, o Deus Pai dos Gregos.

Não importa em que cultura você olhe, o chão é primeiramente saudado e visto como divino. Antes mesmo do céu, onde repousam os deuses mais distantes.

Então, a personificação do diabo animalizado é um contraponto aos deuses urbanizados e civilizados que as culturas procuraram posteriormente. É a própria natureza caótica, misteriosa e dual.

O diabo representa o poder da vida, o poder da terra, o poder do ser, o poder da criação, o poder do alimento, o poder do sexo, o poder de ser você mesmo. E isso assusta todos que não estão preparados para serem livres.

Quando dizem que a Quimbanda é um culto ao diabo, não estão de todo errados, porém a conotação em que isso é dito que diferencia o REAL do OFENSIVO. O culto ao diabo é a manifestação do culto a vida, onde tudo é sagrado e nada é profano. O Culto onde não temos medo dos nossos desejos, dos nossos ímpetos, dos nossos prazeres, mas o colocamos em contato direto em nossa alma para que TUDO seja UNO.

Então, faz muito sentido que o diabo acabe fomentando tanto o imaginário das pessoas, pois todos estão ligados a ele enquanto estamos encarnados, pois vivemos no seu mundo, em seus domínios e dependemos deste domínio para existir.

Não ceda ao pensamento padronizado, cause um CAOS na sua mente para compreender as coisas como um todo, fará muito bem se libertar das amarras.


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