São João Maria, ou melhor, João Maria D’Agostin, foi um monge imigrante italiano que nasceu em 1801 na comuna de Sizzano, região do Piemonte Italiano. Segundo os relatos ele teria ido primeiro viver na cidade de Sorocaba, no interior do Estado de São Paulo, depois mudando-se para o Rio Grande do Sul, residindo neste local entre 1844 e 1848, nas cidades de Candelária e Santa Maria.
Era considerado um curandeiro e tinha uma vida de eremita, vivendo em reclusão e sozinho. Algumas pessoas de grande poder político tinham medo do Monge João Maria pois atribuíam a ele a grande capacidade de um alquimista, um místico e um profeta. Inclusive os monges João Maria (que são três no total) são chamados de Profetas ou Líderes Messiânicos.
Esses monges acreditavam que Jesus Cristo iria voltar à Terra e pregavam constantemente sobre isso, profetizando a vinda do Messias, mas agora em um outro corpo.
João Maria era extremamente popular entre a comunidade carente, sendo que seu mito percorreu e transpassou as fronteiras do estado do Rio Grande do Sul, chegando a ser muito cultuado também no oeste Catarinense.
Entre suas atribuições além das práticas de rezas e pregações, ele ainda batizava as pessoas, casava-as, aconselhava e curava. Sua cura basicamente era feita por meio de oração e de unção com água, que segundo muitas pessoas se tornavam bentas em suas mãos.
Uma das muitas lendas que acompanham esse monge é de que em todo lugar em que ele dormia ou acampava, surgiam “olhos d’águas”, ou seja, novas nascentes com águas de propriedades curativas.
Considerado um santo popular, era muito querido entre a população sertaneja do oeste catarinense, também conhecidos como caboclos.
O mais interessante desta figura é que apesar de ser uma pessoa com a aparência europeia de pele branca, ele acaba descendo nos terreiros de Umbanda dentro das giras de Pretos-Velhos. Pai João Maria é um personagem bem interessante, com a fala alegre e doce, que nos prega sempre a vitória sobre as dificuldades e traz sempre uma oração e um gole da sua água mágica.
Aqui vemos como os mitos se misturam, como as crenças se elaboram e como as entidades se formam sem precisarem seguir arquétipos criados por nós. Um Branco Velho Pregador que abençoa, benze e ora de forma a pregar a crença na superioridade da fé diante das adversidades.
João Maria encontra muito eco dentro das comunidades das regiões do sul do país por sua origem europeia, mas demonstra que como ninguém soube se misturar entre o povo caboclo, que a época tinha sinonímia de pessoas mestiças ou “não-puras”.
E vocês, já viram o Pai João Maria incorporado em um terreiro?
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