Todo conhecem o mito fundador da Umbanda, onde o Caboclo das Sete Encruzilhadas em sessão espírita na Federação Espírita de Niterói é coagido por se apresentar como um Caboclo em uma sessão onde espíritos de alta estirpe deveriam se manifestar, não é mesmo?
Mas não deveria o Espiritismo ser um porto seguro para todas as entidades? Segundo Kardec, não seria a morte o grande nivelador social? Por que então essa cisma com entidades que não atendiam o padrão do “civilizado”?
Pois bem, há muito tempo que o Espiritismo traz uma pecha em seus seguidores, trazendo muito de preconceito social e pouco compreendendo as palavras ditadas pelos espíritos de fato. A Umbanda surge neste momento como um grande “puxão de orelha” mostrando que todos os espíritos merecem ser ouvidos.
Percebam que o padrão de Espíritos da codificação é do Europeu branco com educação formal e muitas vezes também figuras iluminadas (como santos) da história. Mas todos eles seguem um padrão. Sabe por que? Porque os espíritos estavam falando com Franceses, que tinham o mesmo tipo padrão.
O que seria de esperar no Brasil? Que aqui teríamos espíritos comuns ao da população, desde o ribeirinha até mesmo o mais “formalmente educado”. E todos eles seriam ouvidos e todos teriam o que nos trazer, afinal não é a encarnação que define o quão evoluído você é, pois se fosse assim Jesus teria vindo como Imperador Romano (seria mais fácil não é?).
Contudo o parco entendimento, aliado com preconceitos muito enraizados em nossa sociedade acabaram sendo transportados para o Espiritismo e eles tratam todos os espíritos que não seguem o padrão do “Doutor”, como espíritos atrasados. Uma coisa que também ocorreu com a colonização onde os indígenas eram vistos como menores e os negros nem eram considerados pessoas com almas, não é?
Então claramente todos os espíritos que não obedecerem esse “arquétipo preconceituoso” acabam sendo tratados como menos evoluídos e consequentemente obsessores em potencial.
Vejam como isso é triste, não é mesmo? Pois uma das instruções de Kardec era o uso do Controle Universal dos Estudos Espíritas, para tratar deste assunto. Mas o mesmo também foi abandonado pelos espiritistas.
Se formos ainda seguir as instruções de São João, onde ele recomenda o escrutínio da mensagem recebida pelos espíritos: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, porém, avaliai com cuidado se os espíritos procedem de Deus, porquanto muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. “ 1 João 4
Mas por que isso não ocorre? Mais uma vez: Preconceito enraizado na sociedade!
Para muitos é difícil aceitar que o indígena considerado um selvagem antigamente possa ter uma evolução maior do que o “homem civilizado”. Tudo isso é uma questão mais social e cultural, do que propriamente espiritual.
O que podem perguntar também é: “Se os espíritos sabem disso, por que não falam nada?”. Ora! Eles falam o tempo todo, a gente que não ouve.
Então, vamos tentar pensar melhor no que de fato é um obsessor e no que de fato é um espírito simples. Lembrando que simplicidade não quer dizer atraso, mas apenas uma forma diferente de viver a vida.
Como diz o Severino, entidade da linha de Baianos que trabalha comigo: “A verdade reside na simplicidade!”.