“A Umbanda é uma religião linda! De paz, amor e caridade!”
Essa afirmativa acima é repetida infinitamente pelos praticantes da Umbanda e não deixa de ser uma verdade, porém, uma verdade que nem sempre é vista de forma generalizada, pois existem diversos terreiros que sofrem com abusos da corrente mediúnica, com falta de informação e também com erros de gestão dos dirigentes.
Podem achar que eu usar o termo “erro de gestão” soa agressivo por se tratar de um termo usado na administração de empresas sendo empregado para uma religião. Porém, é isso mesmo, o terreiro deve ser visto como uma empresa, administrativamente, porém sem fins lucrativos.
Digo isso, pois há uma gama de processos que envolvem a prática da Umbanda que poderiam ser aprimorados com a conduta adequada dos dirigentes, partindo assim para uma conduta adequada dos médiuns e isso iria refletir na assistência.
Você entende que uma empresa vai mal, quando a mesma não consegue mais desenvolver o seu objetivo principal. Porém, partindo da premissa que nossa empresa é o terreiro de Umbanda, devemos analisar o mesmo da forma correta. Quando a prática da caridade está sendo afetada devemos procurar a causa, por exemplo, se há uma corrente mistificadora ou se a hierarquia da casa não está sendo respeitada, devemos verificar a figura dos dirigentes.
Os dirigentes devem manter a coesão da corrente e de todo terreiro como gestores, sabendo quando dar broncas e chamar a atenção e também sabendo impor sua vontade e as regras da casa no momento oportuno.
Por outro lado, também devem ser compreensivos com as dificuldades humanas de cada um dos médiuns e devem dar o exemplo, se portarem sempre procurando a coerência e a conciliação.
Sobre esse assunto a professora Ediléia Diniz, mestra em ciências da religião, cita Max Weber:
“Max Weber dizia que o sacerdote é um funcionário a serviço de uma religião e encarava a religião como algo burocratizado, regularizado…”
Chama a atenção de determinada pessoa, sendo o primeiro erro dela, deve ser obrigatório, para evitar futuros erros, porém aquele que muito erra deve ter uma correção diferente, sendo até mesmo chamado a se retirar temporariamente dos trabalhos a fim de se tratar e de trabalhar de forma adequada as regras do lugar.
Infelizmente o que reparamos é que alguns médiuns tem realmente uma “predileção” sendo apadrinhados pelos dirigentes por motivos diversos e isso acaba gerando uma confusão e uma segregação de toda a corrente.
O que ocorre é que os demais membros não são estúpidos, percebem que aquele servidor nunca está de acordo com as regras da casa e mesmo assim nunca são corrigidos de forma adequada, levando o restante dos membros da corrente a perderem a fé na direção da casa.
Uma casa sem liderança e sem confiança na liderança gera realmente uma casa fraca e aberta a ataques espirituais.
Muitos abandonam essa casa e por vezes as mesmas até fecham e isso se dá em muito por culpa dos dirigentes que não sabem ponderar, ouvir seus filhos e serem humildes para reconhecer que são necessárias mudanças e tomadas de atitude.
A resolução para esse conflito não é fácil, sempre gerará melindres de alguma parte, porém o dirigente como Líder deve sempre escolher o caminho da coletividade, onde ele poderá proteger o maior número de membros e também manter a casa viva, de pé e em funcionamento.
Assim como em uma empresa, quando devemos demitir algumas pessoas, para que a empresa se recupere, às vezes no terreiro, devemos também “afastar” algumas pessoas para que tudo retorne ao seu eixo.
Infelizmente, estamos na época dos medos e dúvidas e nunca tomamos a decisão de forma racional. Por isso, a Umbanda fraqueja e as demais denominações religiosas prosperam, pois nós encaramos tudo como um momento de gratidão, sendo que deveríamos encarar como um momento de atitude. Ser soldado de Oxalá é mais do que simplesmente servir num terreiro, ser soldado é servir lutando de fato e de verdade.
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