Abordamos em artigos anteriores, os rituais de Batismo, o Cruzamento e o Amaci, Casamento e Encomenda de Alma. Todos esses rituais tem como foco não necessariamente o médium de Umbanda. Neste novo artigo iremos aprofundar nos rituais exclusivos de médiuns, inclusive os que tem missão sacerdotal ou mediunato.
Nessa série Sacramentos de Umbanda, procuramos trazer ao leitor uma explanação direta dos dirigentes espirituais sobre as práticas sacramentais que encontramos dentro da Umbanda. Essa, por ser uma religião multifocal e multicultural, irá também refletir a pluralidade em suas práticas. A procura por um entendimento comum, muitas vezes é infrutífera, pois apesar de estarem sob a égide de um mesmo tronco – a palavra Umbanda – as práticas se diferem de tamanha forma, que poderíamos dizer se tratarem de religiões distintas. Mas não o são porque em seu cerne eles mantêm uma mesma ideia e um mesmo núcleo, a Caridade.
Rituais só para Médiuns.
Dentro das casas e terreiros de Umbanda, podemos passar por diversas etapas de nosso desenvolvimento mediúnico e pessoal. Geralmente, as mudanças de status e posição são marcadas por rituais. Essas posições não querem forçar uma situação, ou seja, não querem determinar que tal médium, por já ter passado no ritual é melhor do que o outro, mas sim servir de inspiração para todos os demais para perseguirem a capacitação mediúnica.
Porém, essa capacitação, pode ocorrer de diversas formas, sendo que a mais comum é pelo labor constante dentro da casa ou terreiro. Por meio de dedicação, é permitido pela hierarquia da casa, alcançar novas funções, que virão acompanhadas de novas responsabilidades e muitos deveres.
Um fato recente, até curioso, é a necessidade do médium novato (neófito) com pouco tempo de trabalho dentro da gira de Umbanda e sem o seu desenvolvimento ainda completo, querer alcançar graus de médiuns dirigentes, sendo pais e mães pequenos ou até mesmo pilares (dirigentes) dentro das casas, por meio de cursos e sem o devido preparo e maturação espiritual. Muitos sequer passam por um ritual – conhecido – de confirmação para assegurar que a mediunidade está sendo usada de forma correta, sem muita interferência do aparelho mediúnico nas manifestações espirituais.
Esse tipo de atitude pode gerar deturpações e até mesmo instaurar grandes obsessões espirituais no postulante e em toda a corrente a ser formada. Conseguem imaginar uma casa sendo aberta por alguém que não foi escolhido espiritualmente para tal e também que não teve o devido tempo de preparação, por meio do atendimento caritativo?
A escolha espiritual é importante dentro do âmbito dos rituais para médiuns, sendo que o guia-chefe do terreiro toma a frente dos trabalho e também toma para si a responsabilidade de definir quem está ou não preparado para a confirmação mediúnica, a coroação e a coração de pilar.
Querer exercer um cargo que não lhe compete dentro da sua jornada espiritual é usurpar o poder das entidades espirituais, não favorecendo assim o acordo firmado entre médium e espírito-guia de trabalhar para o bem, para a caridade, sempre lutando contra seu ego, vaidade e personalismo.
Vamos ver como se processa essa escolha e esse trabalho, nas diversas casas de nossos entrevistas e dentro de suas vertentes.
Entrevistados responde:
Entrevistamos uma série de dirigentes espirituais em busca de informação de como eles procedem em suas casas, terreiros, cabanas, tendas e grupos espiritualistas e de Umbanda. Dentre esses destaco:
- José Antônio Rodrigues, Dirigente Espiritual da Casa de Caridade Nossa Senhora Aparecida – Santo André – SP.
- Allyne Freitas, Dirigente Espiritual da Tenda de Umbanda Cabocla Jandira e Vô Joaquim – São Paulo – SP.
- Fernanda Maldonado e Júlio Rocha, Dirigentes Espirituais da Tenda de Umbanda Pai Joaquim de Angola e Mãe Barbina – Mogi das Cruzes – SP
- Renato D’Ogum, Dirigente Espiritual do Templo de Umbanda Ogum Megê e Pai Joaquim, São Paulo – SP.
- Felipe Campos, Sacerdote do Templo-Escola Cacique Pena Azul – São Paulo – SP.
- Pirro d’Oba, Dirigente Espiritual da Oca dos Capangueiros, administrador da página UTHiS – Umbanda; Tradição, História & Sociologia.
- Paulo Ludogero, Dirigente Espiritual da Casa de Pai Flecha Certeira e Mãe Jaciara.
1. O Ritual de Confirmação de Umbanda é feito com que objetivo?
José Antônio Rodrigues: Têm como objetivo confirmar o guia chefe de coroa. Dentro da simplicidade do ritual e no entoar dos cânticos específicos para o mesmo, o guia chefe de coroa chega, incorpora, na humildade sempre, risca seu ponto, diz sua linhagem e descarrega a matéria, respeitando o ponto a que veio. A confirmação geralmente é realizada pela entidade chefe do ritual, geralmente do Babalaô. O objetivo maior é passar segurança a este médium, e orientação aos não confirmados, pelo próprio guia chefe.
Allyne Freitas: Aqui o ritual de confirmação fazemos através de Amacis como citei acima (de fato em outro artigo).
Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: Tem como objetivo confirmar isto é afirmar que aquela pessoa aceitou a religião e seus dons mediúnicos.
Renato D’Ogum: O ritual de confirmação de guias e (ou) entidades é importante sempre haver, pois, hoje temos muitas pessoas com o propósito maldoso e nossa amada Umbanda não é feita somente de incorporação. Mas para que haja entendimento maior, a confirmação tem o objetivo realmente para que o guia ali presente seja e esteja presente 100%, para saber qual é o desfecho, desdobramento dele, quem realmente é aquele Guia, se não é Egun, Zombeteiro, Quiumba. Temos vários rituais de confirmações que após isso vem a consagração do médium.
Felipe Campos: Muitos Templos utilizam o ritual ou a nomenclatura de Confirmação para o médium que atingiu um bom nível em seu desenvolvimento e já pode assumir maiores responsabilidades para o trabalho mediúnico, seja atendendo ou na função estabelecida pela dirigência. A Umbanda muitas vezes utilizam várias nomenclaturas para marcar fases do desenvolvimento humano e espiritual que são naturais, eu pessoalmente não utilizo dessas nomenclaturas nem destes rituais específicos, por orientação do Mentor da casa. Podemos traçar um paralelo com o desenvolvimento humano, nascemos, temos a primeira infância, temos a puberdade, temos a adolescência, temos a idade adulta, temos a terceira idade, enfim, possuímos diversos momentos e fases naturais e nossa caminhada, é como se a Umbanda marcasse cada uma dessas fases com um ritual de passagem, no ensinamento de nosso Mentor, é feito todo o acompanhamento do filho de fé em seu desenvolvimento do ser e conforme ele for ganhando estabilidade, experiência, confiança e for se mostrando apto a novos estágios, é conduzido da melhor forma a isso, sempre com muita conversa e entendimento, mas de uma forma muito serena, sem alarde, sem nada muito especifico, apenas ganhando novas responsabilidades de acordo com sua própria maturidade física, espiritual e principalmente mental.
Pirro d’Oba: A confirmação é feita por um dos guias chefes da casa. O objetivo é entender quais as ligações comportamentais e morais do médium com o terreiro e fornecer a ele arquétipos que sirvam para aprimoramento de suas potencialidades.
Paulo Ludogero: Em nossa doutrina a confirmação é para avaliar o desenvolvimento de cada médium.
2. O que ocorre que alguns médiuns demoram anos para serem confirmados e outros são confirmados rapidamente?
José Antônio Rodrigues: Depende muito do que se entende por confirmação rápida. Normalmente o caminho é o mesmo para todos: cambonear, participar de giras de desenvolvimento, sentir as vibrações, incorporar, participar de passes, consultas e sempre orientados (médium) individualmente pelos guias chefes e seus próprios guias para o devido preparo que devem seguir para a vida espiritual e a missão assumida. Não é o Babalaô (o dirigente) ou a Babá (a dirigente) que escolherão os médiuns a serem confirmados. Normalmente o ritual ocorre com todos os médiuns presentes que ainda não são confirmados, o que pode ser encarado por todos também como uma preparação.
Allyne Freitas: Não trabalhamos com confirmação, fazemos Amacis e deitadas. Não sou muito a favor de fazer confirmações de filhos, pode ser que mais para frente me passem algo, até o momento não.
Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: Isto acontece porque a mediunidade ela é individual, isto é, alguns se entregam e não tem tantas dificuldades quanto outros. O processo de incorporação e desenvolvimento é único e cada um tem o seu próprio tempo. E isso é respeitado.
Renato D’Ogum: É algo muito subjetivo, costumo dizer que mediunidade não é vaidade, não é somente a incorporação e sim uma dívida que você paga para o espiritual. Uma oportunidade de evolução para que você nesta vida. Importante que nenhum médium é igual ao outro ou que a mediunidade é semelhante a outra, mas que cada um tem um tempo de evolução para sintonizar diretamente com o seu guia e (ou) entidade ali presente. Para que haja exatidão mediúnica, existe pessoas “pré-desenvolvidas”, pessoas já com sua mediunidade ali desenvolvidas e pessoas também cruas em relação a mediunidade e Umbanda. “Só podemos lapidar um diamante quando ele realmente está pronto para ser lapidado.”
Felipe Campos: Ocorre que cada ser humano é único e individual, possuem suas próprias características, personalidade e peculiaridade, os tempos são diferentes a cada um de nós, cada um tem uma vivencia, tem uma história reencarnatória que soma todas as nossas experiências e o que somos, logo temos necessidades diferentes, inclusive no que toca o desenvolvimento mediúnico e do ser de cada um.
Pirro d’Oba: Ocorre de não ser ainda o momento de seu ingresso em alguns mistérios dentro daquele terreiro. Existe em nossa casa o filtro de entrada de médiuns na corrente, é feito pelos dirigentes que tentam ser assertivos no momento de permissão de que possam adentrar a irmandade aqueles que estejam em real sintonia com os objetivos da casa. Sendo assim, quando chegada a hora da confirmação, com sua metodologia faz as revelações para cada médium.
Paulo Ludogero: Em nossa doutrina depende do desenvolvimento do grau mediúnico
3. Há ainda o ritual de Coroamento, como chamam em alguns locais, o que é isso?
José Antônio Rodrigues: Basicamente é coroar a confirmação. Pode ocorrer no próprio terreiro ou em trabalhos externos, normalmente nas matas, cachoeiras, pedreiras e é muito importante sempre ao próprio médium. Pode até passar despercebido pelos demais irmãos.
Allyne Freitas: Coroamento é semelhante a confirmação, este é quando o médium chegou um “nível” importante para um bom trabalho espiritual. Este acaba tendo dentro do terreiro algumas responsabilidades mais importantes. Não sou muito a favor também, acredito que todos são importantes dentro do seu trabalho e de sua caminhada espiritual. E todos médiuns que eu já presenciei serem coroados, subiu pra “cabeça” e passou a serem arrogantes e prepotentes.
Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: O coroamento é nada mais nada menos do que a confirmação de que aquele determinado médium está preparado para dar passagens para suas entidades, e está pronto para cuidar de outras vidas.
Renato D’Ogum: Em meu terreiro existe a Coroação mediúnica de uma determinada pessoa ali já médium, porém, eu faço em dois locais o Orixá ali presente dentro do Templo de Umbanda Caboclo Ogum Megê e Pai Joaquim de Aruanda, após, vamos ao falangeiro (guia de frente) do médium, para entendermos onde será a confirmação, claro, se for um caboclo não farei na praia. Pois não há sentido em fazer isso, por mais que o caboclo tenha um desdobramento com Iemanjá. Mas, a sua essência ainda é de Caboclo e o Orixá que ali rege os caboclos é Oxóssi. Vale ressaltar que cada guia ou entidade de luz ele tem um ponto de força física.
Felipe Campos: Alguns Templos utilizam o nome de coroamento para a mesma finalidade da confirmação, outras casas entendem o coroamento um estágio além, que seria a passagem do médium de trabalho para Pai ou Mãe Pequenos da casa, assim marcando sua evolução hierárquica dentro do Templo.
Pirro d’Oba: Na hierarquia do terreiro, os médiuns alcançam periodicamente graus de evolução. São coroados de período em período no ponto de força de cada Orixá. Ou seja, há um coroamento do médium em relação a seu grau evolutivo onde recebe sua guia consagrada.
Paulo Ludogero: Em nossa doutrina coroação é o momento o médium se recolhe, busca o burilamento de seu espírito, para assim se conectar melhor com sua espiritualidade
4. Estes rituais são para outorgar aos médiuns novas responsabilidades, tornando-os pais e mães pequenos, para possivelmente responderem no futuro pelo local em que trabalham ou abrirem novas portas?
José Antônio Rodrigues: Acredito que as Casas/Terreiros, não pertencem a alguém especificamente e todas devem desenvolver e preparar filhos para a continuidade da missão. Esta missão não deve parar, as responsabilidades existem, elas chegam para quem está preparado, portanto, as merece de coração e assim as vê. Quanto ao médium estar preparado para abrir a sua própria Casa/Terreiro, depende de cada um, muitas vezes o médium sente-se, ou julga-se preparado mas ainda não o está e outras tantas vezes ele já está preparado, mas sente-se bem, em paz, no local em que foi consagrado.
Allyne Freitas: Acredito que não somos nós que escolhemos a caminhada do outro, até porque se fosse assim, sempre levei rasteira (kkk), em casas que fiz parte não passei por nenhum desses rituais e hoje estamos caminhando com o nosso terreiro, acredito que o que tem que ser, será e a espiritualidade dá direções. Nem sempre rituais fazem o outro. Não sou contra em quem segue, mas aqui vamos na direção que os guias vão passando. Acredito que muitos dos rituais surgiram para uma boa direção das casas e organização, mas até mesmo nas casas que fazem esses rituais, os dirigentes nem sempre são abertos a darem espaço para que o outro tome a frente, muito pelo contrário existem até os que não gostam quando o filho segue outra direção. Porém se a regra desse certo, acredito que seria para preparar um filho para responsabilidades futuras.
Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: Isto mesmo. A a confirmação de preparo do médiuns.
Renato D’Ogum: Uma coisa sempre fui convicto nem todos nasceram para cuidar de pessoas e dos problemas delas espiritualmente. Vemos diversas pessoas no qual querem ser pais e mães de santos ou pai e mãe pequenos de um terreiro que não dão certo, não somente pela responsabilidade espiritual e sim pelo fato que além de ter o dom de cuidar, ter aptidão, o espiritual tem que autorizar este cargo dentro de um Terreiro, pois, quem determina ali não é só os Dirigentes é também os Orixás e mentor dono da casa.
Felipe Campos: Sim, estes rituais dão maior liberdade energética do médium dentro da corrente qual ele faz parte, e claro que também maior responsabilidade, que deve ser dividida com o Pai ou Mãe da casa, o auxiliando nas conduções sempre que solicitado e necessário, caso o Mentor deste médium determine a abertura de um novo espaço já terá muito mais confiança e preparo para isso por ter desempenhado este papel e função primordial sendo alguém de confiança da dirigência da casa.
Pirro d’Oba: Esses coroamentos introduzem os médiuns em novas perspectivas, onde buscam internalizar e lapidar suas virtudes de acordo com os Orixás correspondentes ao coroamento, ou seja, o primeiro coroamento acontece no batismo de frente para Oxalá (no conga), uma introdução do médium nos mistérios da fé; depois de algum tempo é coroado em Oxum e adentra nos mistérios do amor, e assim por diante até chegar ao grau máximo. Sendo assim, estarão preparados para levar a filosofia de nosso terreiro para suas casas individuais caso estejam incumbidos de tal tarefa.
Paulo Ludogero: Em nossa doutrina os médiuns são coroados de acordo com seu desenvolvimento e não para serem pais e mães pequenos, no entanto, somente médiuns coroados podem ser pais e mães pequenos.
5. O que motiva essas escolhas?
José Antônio Rodrigues: Isso também acredito ser muito particular: em cada um, este amor que dedica a Casa que frequenta – pois foi lá que aprendeu muito e teve a oportunidade que necessitava – e à dedicação a missão de Caridade, Fé, Amor e Perdão que a Umbanda ensina.
Allyne Freitas: Não houve resposta da entrevistada.
Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: O que motiva é a conduta pessoal e a preparação do médiuns dentro do terreiro. Seu comprometimento, seu amor, sua fé e sua responsabilidade.
Renato D’Ogum: Não somente escolhas, para você se tornar e chegar ao patamar de cuidar de pessoas, você tem que ser escolhido pelo seu Orixá e não é fácil. Tomo conta por mim, eu possuo uma idade mediana, comecei muito cedo, tenho 21 anos de umbanda. E no terreiro de minha mãe santo que é falecida, felizmente, ela sempre me orientou e me preparou da melhor maneira possível. Ela falava “você foi escolhido, mesmo novo só de aparência, idade, mesmo jovem. Ogun apostou e lhe escolheu antes de você encarnar, pois a sua missão é muito mais do que idade. “
Felipe Campos: Cada casa e cada Mentor terá seus motivos e valores a elencar no momento desta escolha, é algo muito pessoal, mas sem duvidas que esta escolha deve ser motivada pelo valor ético e moral do escolhido, seu preparo para assumir a responsabilidade entregue, seu comprometimento com a casa, seu respeito às tradições e filosofia da casa, de seu Pai ou Mãe espiritual e de seus irmãos.
Pirro d’Oba: Essas escolhas se sucedem por processos variados, muitas vezes por uma escolha do médium, outras vezes por uma missão de um guia, e outras vezes até por aconselhamento dos dirigentes que enxergam potencial em determinado médium como sacerdote de Umbanda.
Paulo Ludogero: Em nossa doutrina para ser pai ou mãe pequena depende do grau de mediunidade e da pessoa em si! Para nós é um chamado da espiritualidade e não nossas escolhas.
6. Existe algum ritual de DESCOROAMENTO?
José Antônio Rodrigues: Desconheço e não acredito.
Allyne Freitas: Não acredito em descoroamento, nem tirar mão da coroa de um dirigente da cabeça de um filho etc. Acredito que nenhum ser tem autoridade sobre as leis divinas, e pelo modo que acredito, a lei divina respeita o ser, respeita os irmãos espirituais e não somos nós meros mortais que temos essa “autoridade”, assim como não acredito que um dirigente tem pleno poder sobre minha coroa somente porque me batizou. Uma vez coroado, coroado sempre, o que pode acontecer é o afastamento do mesmo da casa.
Fernanda Maldonado e Júlio Rocha: Acredito que para que haja um descoroamento, os médiuns a passar por tal ritual deve-se a falta de conduta grave dentro do terreiro ou na vida particular.
Renato D’Ogum: Uma vez coroado sempre coroado, a não ser que você corrija algo que tenha faltado na sua coroação ou algo que tenha se perdido. Por exemplo: a falta do preceito, a falta da entrega do médium, não a “entrega” de oferenda. A entrega de aceitar que foi escolhido, a entrega de corpo e alma.
Felipe Campos: Existe sem dúvidas a destituição do cargo entregue, neste caso, um Pai ou Mãe Pequenos que por algum ato grave contra as práticas da casa do qual ele faz parte, pode sofrer uma penalização com o aval da espiritualidade para que perca seu posto, seu cargo e suas funções exercidas até então, no âmbito energético, de fato ele perderá as aberturas de interferência que tinha na casa. Não sei se isso poderia ser chamado de um ritual em si, mas uma destituição, onde de forma alguma será lesado em sua evolução até então conquistada ou retirado dons, longe disto.
Pirro d’Oba: Já ouvimos falar no termo, mas não coincide com a nossa perspectiva filosófica a respeito da prática umbandista.
Paulo Ludogero: Em nossa doutrina NÃO!
Nossa série Sacramentos de Umbanda termina por aqui, você pode rever todos os nossos artigos anteriores clicando no link anterior.
Agradecemos a todos os entrevistados que tiveram a paciência e a gentileza de nos responderem como trabalham com a Umbanda e seus sacramentos dentro de suas casas espirituais. Lembrando que não há errado ou certo, pois cada casa tem uma forma de atuar, porém coibimos as manifestações espalhafatosas que fogem da simplicidade de Umbanda.