Poderíamos até ter um subtítulo para esse texto que seria:
“Tenho sintomas de mediunidade de Umbanda, me disseram que é minha missão baixar o santo”.
Esse é um expediente comum na Umbanda. Geralmente a pessoa começa a sofrer de certa perturbação espiritual e procura uma ajuda religiosa ou até mesmo médica, pois algumas perturbações são muito similares a questões de desordem psiquiátrica.
Primeiro é comum procurarmos um neurologista, um psiquiatra e posteriormente um terapeuta. Se o profissional for qualificado ele notará que não há qualquer distúrbio fisiológico que possa estar acarretando certas sensações perturbadoras, tais como: sentir arrepios, dores de cabeça, tonturas inexplicáveis, certa apatia e melancolia sem motivos aparentes, momentos de raiva e explosões de ira, ouvir vozes, sentir presenças, etc…
Partindo desse pressuposto, de que o profissional é qualificado, ele não receitará medicamentos psicotrópicos para “abafar” essas sensações, mas irá encaminhá-lo para uma psicoterapia, que também não surtirá efeito se o caso for realmente de mediunidade. Então a solução é ir em busca de auxílio religioso.
Mas, infelizmente, muitos pulam essa etapa, por desconhecimento ou por falta de recursos financeiros para consultas médicas e vão direto aos terreiros e centros espíritas. Aí que está o problema!
Não por procurar auxílio no terreiro, pois aqui também vale a questão da qualificação. Se o guia for bem qualificado (dentro dos requisitos umbandistas), assim como seu médium e a casa em que está trabalhando e for uma questão de saúde material, o próprio guia irá encaminhar o consulente para a consulta com o Capa Branca ou Burro-Terra (como costumam chamar os médicos).
A questão é que nem todos os terreiros são bem qualificados e seus médiuns preparados, logo o mais comum de ouvir é que você está em um ataque de sintomas mediúnicos e precisa desenvolver ou melhor “deixar o santo baixar”. Se não o fizer, sua vida irá para trás e você poderá até morrer! (Isso é o que dizem, o que eu acho um absurdo como já falei no Você é médium! Precisa desenvolver…)
Obsessões espirituais não são uma exclusividade da Umbanda e nem de religiões espiritualistas, elas ocorrem com todos os seres humanos, inclusive os não-religiosos e ateus. A questão se dá pela sintonia com as forças do astral, mesmo sem o concurso consciente da suposta vítima. Fico, então, imaginando como pode ser isso em diversas partes do globo terrestre. Imagino um chinês sofrendo de obsessões espirituais ou manifestações mediúnicas, se ele teria que ir até a Umbanda, para desenvolver. O Chinês que nunca ouviu falar em Umbanda, simplesmente vai fazer o que? Ficar largado a própria sorte?
É isso que há muito venho comentando, a Umbanda não é uma religião Universal. Aliás, nenhuma religião o é! As religiões são adaptadas as culturas de seus povos e respeitam todo o panorama sociológico daquela região, logo o chinês não tem que se render aos Orixás e nem a Jesus para ser salvo ou melhorar, ele terá apoio nas tradições espiritualistas chinesas e em outras formas de trabalhar sua mediunidade.
É hora de deixar esses mitos de lado e procurar mais do que só a mediunidade. A mediunidade não é resposta para tudo, inclusive muitas vítimas de obsessão espiritual, nem médiuns ostensivos são, apenas estavam em uma vertente negativa e acabaram por atrair os obsessores oportunistas naquele momento.
Por isso que eu digo e reafirmo: Melhor que desenvolver a mediunidade é desenvolver a Reforma Moral!
Essa sim, a única vacina contra as obsessões espirituais e os desequilíbrios energéticos. A religião é apenas um mecanismo ou ferramenta que lhe auxiliará a aprimorar esse aspecto moral, mas não é a única forma. O ateu pode muito bem ser melhor moralmente do que muito religioso e segundo diz seu Exu Tiriri, realmente existem muitos que são melhores que muitos Umbandista e Espíritas.
Vemos isso com a grande quantidade de “PROFETAS” que estão surgindo por aí. Sacerdotes, Médiuns super qualificados que tiveram suas vindas anunciadas pela espiritualidade para trazer melhorias no plano MACRO do planeta terra. Estranhamente, esses supostos profetas são amparados e vivem de religião, além de não trazerem em suas palavras nada da docilidade da palavra de grandes vultos espirituais e nem sequer se coadunam com as práticas evangelizadoras de grandes nomes como Buda, Krishna e Jesus. Estranho não?
Para ser profeta, ele primeiro deve ter uma vida ilibada e resolvida, para depois então resolver a dos outros. Mas dentro da minha visão, somos todos “doentes” em um grande hospital e a Umbanda é um dos tratamentos apenas.
Que fique a reflexão então.