Vamos dando continuidade sobre os artigos abordando a figura de Pombagira. No primeiro artigo “Pombagira é Orixá?”, conseguimos compreender a origem do nome que deriva do inquice Mpambu Njila. Vamos agora ver dentro da Umbanda e da Quimbanda, como isso funciona.
Como vimos em artigo anterior, podemos dizer então que a Pombagira é um Exu-Mulher e não está desvinculada ou sozinha em uma linha só sua. Até porque com outras linhas de Umbanda não há essa divisão sexista. Então podemos afirmar que a Pombagira não é uma entidade a parte com sua própria QUIMBANDA. Ela faz parte da Esquerda da Umbanda do mesmo jeito que Exu.
Alguns autores mais velhos chegam a chamá-la de Exu-Mulher, por causa disto. Porém seus domínios são diferentes dos Exus, elas trabalham nos atos lascivos, no desejo, no prazer, no amor e na feminilidade. Por isso são tão sensuais, representando o poder nutritivo da terra, da procriação e do sexo pelo prazer, assim como representam sua subversão, luxúria e exacerbação.
Alguns autores as colocam como polos passivos dos Exus, outros as colocam como complementares e alguns ainda definem elas como os “EXUS” da linha de Iemanjá. Eu prefiro vê-las dentro da Linha Mista de Quimbanda, a sétima linha. Dentro da Linha Mista, temos a falange das Pombagiras, dentro da falange encontramos as legiões, onde se enquadram todas elas: Maria Padilha, Maria Molambo, Maria Farrapo, Maria Navalha, Maria Quitéria, Doma da Noite, Rosa Caveira (apesar de ser caveira), Rosa Vermelha, Rosa Negra, Pombagira Cigana, Pombagira Rainha, Pombagira Menina, Pombagira Sete Saias, Pombagira Feiticeira, Pombagira Sete Estrelas, Pombagira do Cabaré, etc… Interessante notar algumas coisas: – A Maria Padilha é a mais famosa de todas as Pombogiras, porém ela nem sequer era uma Pombogira em sua origem. Era uma consorte do rei da Espanha (Reino de Castela), era sua amante oficial e grande conhecedora das artes místicas, uma bruxa mesmo. Ela se manifestava originalmente no Catimbó! – A Bruxa de Évora, figura mitológica da região de Évora em Portugal. Grande feiticeira que é representada como uma senhora velha e com traços típicos de bruxa, inclusive o caldeirão e a vassoura. – A Pombagira Dama da Noite: Atuava no porto do Rio de Janeiro, atraindo os marinheiros para lhes oferecer sexo em troca de dinheiro. É uma profissional do sexo ou, como muitos conhecem, uma prostituta. Por causa dessa falangeira (destemida), quase todas as Pombagiras acabaram recebendo a alcunha de prostitutas, o que é equivocado.
– A Pombagira Menina é quem gera a confusão da Pombagira-Mirim, muitos dizem que é uma criança Pombagira. Vamos ser coerentes? Ver uma criança sensualizando é ridículo e beira a pedofilia. De fato é uma Pombagira muito jovem ou de aparência jovem, que seduzia os homens ou os levava a loucura pela beleza. Mas nunca foi prostituta ou criança. Alguns ainda dizem que é o nome dado a moça que representa a falange, seria conhecida como Menina.
– Muitas Pombagiras levam o nome de MARIA a frente, algumas por possuírem mesmo o nome (Maria Padilha) e outras em homenagem a mais sensual dos orixás (Oxum). – A Pombagira Cigana não é cigana de fato. Mas uma entidade que tem conhecimentos ciganos e sabe utilizar-se de oráculos e da magia cigana. Muito evocada para manipulações que envolvem dinheiro. – Pombagira Rainha é a contraparte feminina do Exu Rei, possui domínios e atribuições semelhantes e é a regente de todas as pombagiras. – A gente pode encontrar Pombagiras com nomes muito longos: Maria Padilha da Praia, Maria Molambo da Encruzilhada, Pombagira Rainha das 7 Encruzilhadas, Maria Padilha das Almas, etc. De fato isso só demonstra campos de atuação dela, mas não as definem e nem as limitam. Podemos muito bem encurtar o nome delas e nada mudará. Até recomendo fazê-lo para evitar deslumbramento do médium que acha que a entidade por ter um nome grande é mais poderosa. Em nosso próximo texto iremos responder outra polêmica: Os homens podem incorporar Pombagiras?