Jurassic_Park_IV_posterEnfim assisti ao filme Jurassic World, continuação da série Jurassic Park que conta a história do antigo parque, agora totalmente remodelado após 20 anos da inauguração fatídica do primeiro. Bom, tirando toda a parte do entretenimento e da sangrenta batalha pela vida e sobrevivência, o que pude perceber é que há uma profunda reflexão sobre a posição ocupada pelo ser humano no mundo.

Não sei se foi de forma proposital e pensada ou não, porém em mim deixou impressões muito fortes sobre a arrogância e prepotência humana em querer controlar o Caótico mundo da Natureza. Lembro-me que desde o primeiro filme o personagem de Jeff Goldblum – Dr. Ian  Malcolm, é um matemático e explica para a personagem Dra. Ellie Sattler, que a natureza nem sempre parte do mesmo princípio e segue pelo mesmo caminho anterior, que ela sempre encontra uma forma de contornar as dificuldades e de se sobrepor, ou em outras palavras, a natureza sempre terá a resposta final.

Podemos perceber isso com os diversos cataclismas que ocorreram na vida real, como o da ilha de Krakatoa, que simplesmente foi destruída e sumiu pela erupção do vulcão Krakatoa que era considerado extinto, nos anos de 1883.

*** SPOILER *** Esse texto pode conter spoilers do Filme, continue por sua conta e risco.

Vemos nessa nova empreitada cinematográfica vários pontos onde fica evidente a arrogância humana em querer dominar seres ancestrais. Acho que vai totalmente no contraposto do proposto pela literatura de H.P. Lovecraft por exemplo, onde sabemos que os “antigos” não podem ser compreendidos e dominados.

Vemos o Parque se tornando um mega resort, com várias atrações e com mais de 20 mil visitantes no mesmo. Eles circulam por entre os antigos habitantes da terra e em alguns casos os expõe ao ridículo, montando em pequenos triceratopes e estegossauros, possivelmente exemplares jovens e “adestrados”. Porém desde o primeiro momento vemos a personagem de Bryce Dallas Howard, como uma executiva, procurando sempre o lucro e o geneticista do parque Dr. Henry Wu, com seu lado cientificista sem ética nenhuma, onde a ciência é sempre superior a qualquer conceito moral.

Bem parecido com os temas que abordamos nos dias atuais, por exemplo com a clonagem de seres humanos, reprodução assistida e geneticamente modificada, modificação nos alimentos para serem mais resistentes a pragas e serem mais abundantes, sobre o não investimento da indústria farmacêutica em certos remédios e curas pois são doenças raras que não “possuem retorno financeiro” e muito mais.

Além disso vemos a total desconexão – e por conseguinte a busca pelo religare – entre a personagem Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e os seus sobrinhos. Em outro ponto, podemos perceber a busca pelo respeito do protagonista Owen Grady (Cris Pratt) em tratar os animais como seres pensantes, o que nos faz questionar se o que fazemos com nossos animais atualmente não é similar ao que eles estavam fazendo aos dinossauros. Será que a Criação está aqui simplesmente para nos servir? De onde vêm tamanha prepotência? Ele consegue através de confiança e muita disciplina, treinar Velociraptores para obedecer seus comandos, porém até onde vai a obediência e onde começa o instinto?

De qualquer forma, acho que a maior lição deixada é que não importa o quão inteligente e o quão cheio de recursos possamos ser, sempre haverá algo para nos superar. A Natureza sempre encontrará um meio de nos surpreender e de provar que quem manda realmente na vida é ELA! Diante dos gigantes que ocupavam o nosso mundo em eras jurássicas, vemos a nossa insignificância e como somos novos nesse planeta. É como o adolescente que ACHA que sabe mais que seus pais.

O final é um chamado para se perder em raciocínios e divagações sobre a nossa breve existência e o tamanho do impacto que causamos. Até onde devemos nos considerar deuses e até onde devemos ter a humildade em reconhecer que não sabemos ainda nada? Essa é a pergunta de ouro. Eu recomendo assistir a esse filme, não só pela diversão, mas pela profundidade filosófica que se pode extrair quando olhamos com o olhar correto.

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