“Com os espíritos mais evoluídos aprenderemos, Aos menos evoluídos, ajudaremos. Mas a nenhum viraremos as costas.” Caboclo das 7 Encruzilhadas

Como começamos a falar no artigo sobre Vertentes de Umbandanem toda estrutura umbandista – as casas, terreiros e tendas – praticam a Umbanda da mesma forma, inclusive a forma como compreendem as forças ou as presença das entidades, é diferente. A essa categorização de forças, damos os nomes de Linhas, sendo mais comum encontrar empregado o termo 7 Linhas de Umbanda.

Antes de entrarmos nas 7 linhas e nas muitas visões que as vertentes possuem delas, devemos compreender que a palavra “linhas” acaba sendo usada para uma infinidade de coisas e situações dentro da Umbanda, assim como a palavra guia, que ora significa entidade espiritual, ora significa fio-de-contas. A palavra “linhas”, pode ser empregada para designar a Vertente, as sete Linhas básicas de Umbanda, as sub-linhas (chamados por alguns de falanges e legiões) e também as entidades ou a forma de atuação das entidades (linha dos caboclos, linha dos baianos, etc).

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Quando falamos de Sete Linhas, estamos nos referindo as sete principais divisões ou categorizações dentro da Umbanda. Sempre lembrando que isso se dá para uma melhor assimilação por nós encarnados e não significa que as entidades da diversas linhas se misturem e trabalhem em conjunto. Podemos dizer que as linhas são apenas designações ou funções que cada entidade desempenha com melhor proficiência.

As 7 Linhas de Umbanda

Dentro da estrutura básica dividem-se as linhas por sete, sempre estas sete, sendo irradiadas por Olodumaré, Zambi, Olorum, Tupã, ou outro nome a que nos referimos a Entidade Suprema, Criadora, o Deus Inefável. As linhas subsequentes são colocadas ou dispostas de forma a obedecerem uma força específica, mas não obedecem uma hierarquização clássica, com exceção de Oxalá. Justamente por isso sempre veremos, em qualquer estrutura umbandista – ou na maioria pelo menos – a linha de Oxalá sendo a primeira linha. As demais podem variar na sua posição de aparecimento, porém não significa que a Linha de Ogum (na Umbanda Tradicional a segunda linha) seja mais forte ou tenha mais elevação que a linha de Iemanjá (geralmente a sexta linha).

Saiba mais sobre as 7 Linhas vendo nosso Conhecendo a Umbanda 02 – As 7 Linhas de Umbanda.

A escolha do número sete não é ao acaso, ela obedece a uma tradição esotérica muito presente nas terras brasileiras e advinda – ao contrário do que se acredita – da magia européia. O número 7 representa o completo, a perfeição, um ciclo total, seria a representação de tudo que pode haver. Logo o 7 também poderia ser representado como o Ourobouros, a serpente que persegue a própria cauda e que sempre se renova.

Dentro da Umbanda, das muitas culturas que a influenciaram, encontramos a presença da influência africana da cultura bantu, de uma forma mais impactante. Muito da Umbanda, tem influência da cultura dos povos de Congo e de Angola, porém hoje desconhecemos muito disto. Mas aqui, devemos abrir uma ressalva, pois para o povo bantu o número sagrado não era 7 como costumá-se achar, mas sim o número 9.

Essa informação, a princípio contraditória, só reforça a tese de que a Umbanda não é de fato africana, mas sim uma miscelânea de culturas e informações criadas no Brasil. Encontramos também o número 7 como um número sagrado em alguns povos de cultura Nagô e também Fon.

Então, como o número 7 representa a perfeição, teríamos dentro das 7 linhas, todas as estruturas necessárias do Universo para trabalhar com a Umbanda. Porém muitas pessoas confundem as 7 linhas com sete orixás, tentando criar uma nova estrutura para caber todos os Orixás existentes.

Mas isso é uma tarefa impossível – além de improdutiva e errada – pois não existem apenas sete, nove ou vinte orixás. Existem orixás aos milhares, conforme cada tribo africana, isso sem considerar os Voduns e os Inquices. Aliás, um Vodum se faz a partir do culto do ancestral, se um ente morre e é cultuado ele se torna um vodum, logo se deifica ou diviniza. Imagine a quantidade de voduns que existem então.

As sete linhas não representam os sete orixás, mas sim forças universais que são sincretizadas ou expressadas (simbolizadas) por determinados orixás. Dentro dessa ideia, deixo aqui a sugestão de leitura sobre a minha tese dos potes de poderes, para uma melhor compreensão.

As 7 Linhas de Umbanda – Umbanda Branca:

Para a Umbanda Branca, de Zélio Fernandino de Morais e do Caboclo das 7 Encruzilhadas, encontramos a definição das sete linhas como disposta a seguir: Oxalá, Ogum, Euxosse, Xangô, Nhã-Shan, Almanjar e Almas. Esses nomes, que aparentemente estão escritos de forma incorreta, foram depois alterados para Oxóssi, Iansã e Iemanjá, por convenção. Porém podemos admitir mais do que uma simples incorreção dos termos, mas sim uma tentativa de mostrar que não se tratavam dos orixás africanos, a quem se referia o Caboclo das 7 Encruzilhas e também Pai Antônio.

Dentro da estrutura da Umbanda Branca, todas as linhas possuem regências e são comandadas por um Santo Católico, com exceção da linha de Oxalá e da Linha das Almas. Sendo que a primeira tem seu regente como o próprio filho de Deus, Jesus Cristo e a última sem uma regência declarada, sendo o espaço onde os Espíritos ainda em desenvolvimento – leia eguns, kiumbas, exus e pombagiras – estariam trabalhando para a prática do bem e da caridade.

Desta forma, encontramos a Linha de Oxalá, sendo regida por Jesus Cristo; a Linha de Ogum, sendo regida por São Jorge; a Linha de Euxosse, sendo regida por São Sebastião; a Linha de Xangô, sendo regida por São Jerônimo; a Linha de Nhã-Shan, sendo regida por Santa Bárbara, a Linha de Almanjar, sendo regida pela Virgem Maria e a última linha de Santos e Almas, ou só Almas, sem regimento específico.

Essa estrutura é bem divulgada e estudada no livro de Leal de Souza: O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda.

As 7 Linhas de Umbanda – Umbanda Popular:

Algumas vertentes populares, assim como autores, mudaram a sua estrutura de linhas, para algo um pouco diferente. Autores como Lourenço Braga, além de mudarem um pouco a estrutura básica das sete linhas, também ampliou o seu conhecimento e a forma de hierarquização, subdividindo as linhas em estruturas menores, chamadas de falanges ou legiões. Claro que esse entendimento também é bem difundido de formas diversas, sendo considerado para alguns autores falange e legião como sinônimos e para outros como subdivisões diferentes.

A estrutura considerada por Lourenço Braga e diversos outros autores contemporâneos a ele, como o próprio Antônio Alves Teixeira Neto (Antônio de Alva), é de que as sete linhas seriam: Linha de Oxalá, Linha de Iemanjá, Linha do Oriente, Linha de Xangô, Linha de Oxóssi, Linha de Ogum e Linha Africana.

O que reparamos nessa estrutura – além da reordenação do aparecimento das linhas – é que a Linha de Iansã foi retirada para dar lugar a uma linha chamada Linha do Oriente, sendo essa regida por São João Batista (Xango Caô) e a Linha de Santos e Almas dando lugar a Linha Africana, onde congregariam todos os Pretos-Velhos (com exceção dos Quenguelês, que se encontram dentro da Linha de Xangô), com a regência de São Cipriano, sendo esta chamada também de Linha da Magia.

Essa estrutura foi bem difundida nas umbandas populares devido a literatura que se baseava e apoia a mesma, porém autores como Antônio Alves Teixeira Neto mudam seu pensamento a respeito da estrutura, depois admitindo em livros pós década de 1970, uma nova estrutura, onde a Linha do Oriente daria lugar a Linha de Oxum e a Linha Africana daria lugar a Linha de Obaluayê. Essa ideia é seguida de muito perto pela estrutura do Terreiro de Pai Maneco, do estado do Paraná. No Terreiro de Pai Maneco, fundado pelo Pai Fernando de Ogum, encontramos a sete linhas sendo composta de: Linha de Oxalá, Linha de Ogum, Linha de Iemanjá, Linha de Iansã, Linha de Oxóssi, Linha de Oxum e Linha de Xangô.

As 7 Linhas de Umbanda – Umbandas Esotéricas:

Dentro dessa categoria podemos incluir a Umbanda do Caboclo Mirim (Aumbandã), a Umbanda de Matta e Silva (Ahumbhandãn – Raiz de Pai Guiné), a Umbanda de Rivas Neto (Ohmbhandãn – Iniciática) e a Umbanda de Roger Feraudy (Aupram).

Evidentemente, as umbandas aqui citadas não comungam da mesma estrutura litúrgica e filosófica, mas por trazerem similaridades em seus nomes e a denominação esotérica, fazem com que estejam todas em uma mesma categoria de estudos.

Podemos encontrar em 1952, o Caboclo Mirim dando a sua forma de entendimento das sete linhas de Umbanda, traduzindo-as, como:  Linha de Oxalá ou Orixálá, Linha de Ogum, Linha de Oxóssi, Linha de Xangô, Linha de Iofá, Linha de Ibejis e Linha de Iemanjá.

Já em 1956, W.W. da Matta e Silva trazendo sua revelação da raiz de Pai Guiné, transporta a ideia de que as sete linhas seriam formadas da seguinte forma: Linha de Orixalá, Linha de Ogum, Linha de Xangô, Linha de Oxóssi, Linha de Iemanjá, Linha de Yori e Linha de Yorimá. Assim como é também seguido pela Umbanda de Rivas Netto e de Roger Feraudy (também não poderia ser diferente, pois ambos disputam a herança de Matta e Silva).

Podemos reparar na similaridade entre as linhas apresentadas, notando claramente o surgimento de novas linhas como a de Iofá – Yorimá e Ibejis – Yori, respectivamente Pretos-Velhos (almas) e Crianças (eres). Aqui notamos já uma confusão (não estou dizendo que o autor estava errado, mas sim que é comum isso) entre linhas de forças (orixás ou sete linhas principais) e linhas de trabalho.

Além dessa nova estrutura, podemos ainda verificar a mudança de pensamento de Benjamin Figueiredo posteriormente, alterando a própria estrutura das sete linhas praticadas por eles e também adicionando termos ou funções específicas de cada linha: Oxalá é considerada a linha da Inteligência, Iemanjá é considerada a linha do Amor, Xangô Caô (Oriente) é considerada a linha da Ciência, Oxóssi é considerada a linha da Lógica, Xangô Agodô é considerada a linha da Justiça, Ogum é considerada a linha da Ação e Iofá é considerada a linha da Filosofia.

Vemos aqui claramente a mudança das linhas com a inclusão da linha do Oriente no lugar da linha dos Ibejis. Essa ideia de definir funções e outros atributos não era nova e também foi usada por Lourenço Braga, de uma forma um pouco diferente, sendo considerada as linhas com regentes que não eram santos, mas sim anjos ou forças planetárias.

Vemos a Linha de Oxalá, sendo considerada em 1955, com o lançamento do livro “Umbanda e Quimbanda – Volume 2”, como: Linha de Oxalá ou Linha das Almas, com a regência de Jesus e a força planetária de Júpiter; Linha de Yemanjá ou Linha das Águas, com a regência do Arcanjo Gabriel e a força planetária de Vênus; Linha do Oriente ou Linha da Sabedoria, com a regência do Arcanjo Rafael e a força planetária de Urano; Linha de Oxóssi ou das Matas (Vegetais), com a regência do Anjo Zadiel e a força planetária Mercúrio; Linha de Xangô ou dos Minerais, com a regência do Anjo Oriel e a força planetária de Saturno; Linha de Ogum ou das Demandas, com a regência do Anjo Samael e a força planetária de Marte e por fim, a Linha dos Mistérios ou Encantamentos, com a regência do Anjo Anael e a força planetária de Saturno.

Podemos perceber que os autores não se fixam em uma só ideia e vão se adaptando e adaptando suas estruturas de pensamento conforme adquirem novas informações. Lembrando que muitos deles eram influenciados pela maçonaria e também práticas esotéricas e ocultistas, que podem ter influenciado também o seu pensamento sobre a estrutura de Umbanda.

As 7 Linhas de Umbanda – Umbanda Sagrada:

Rubens Saraceni, bebeu também dessas fontes anteriores para fundamentar a sua estrutura de pensamento dentro das lógica da Umbanda Sagrada. Separou as sete linhas em funções e dentro dessas em outras tantas, conferindo polaridades a cada uma dessas funções e então chamando-as de Tronos de Deus. Termo que é amplamente confundido com os Tronos Angelicais – e que o autor não se esforça para esclarecer, muito pelo contrário, reforça que o Orixás são facetas divinas acima da compreensão humana e também são Universais, ou seja, o Xangô do planeta Terra é o mesmo que do planeta Júpiter, me pergunto se lá também houve miscigenação cultural.

Dentro desses sete tronos, esforçou-se para colocar quantos orixás fossem necessários, valendo-se até do expediente de criar ou de repetir os Orixás, inclusive de resignificá-los, mas mantendo-os como estruturas africanas em muitas lendas e justificativas, conforme convinha a necessidade do momento.

Criou então o Trono da Fé, onde encontramos as figuras de Oxalá e de Logunan, anteriormente chamada de Oyá-Tempo (uma faceta de Iansã); Trono do Amor, com as figuras de Oxum e Oxumaré; Trono do Conhecimento, com as figuras de Oxóssi e Obá (Orixá não cultuado na Umbanda até então, de forma mais massiva); Trono da Justiça, com as figuras de Xangô e Egunitá (outra faceta de Iansã), posteriormente renomeada para Oro Iná; Trono da Lei, com as figuras de Ogum e Iansã; Trono da Evolução, com as figuras de Obaluayê e Nanã Burukê e a Linha da Geração, com as figuras de Iemanjá e Omulu (outra manifestação ou qualidade de Obaluayê, mas considerado outro Orixá na Umbanda Sagrada).

Para cada um dos pares ele definiu funções como: ativo/passivo, positivo/negativo, feminino/masculino, irradiador/consumidor, etc. Também criou os termos como Trono Cristalino, Trono Mineral, Trono da Expansão, Trono da Razão, Trono da Ordem, Trono Consumidor, Trono da Criação, Trono Ígneo, Trono Aquático, Trono Vegetal, Trono Eólico, etc.

Podemos perceber que o próprio mudou o nome de seus Orixás com o passar do tempo, muito isso devido a crítica dos leitores e dos estudiosos, por não conhecerem uma Oyá-Tempo (sendo o Orixá Tempo outra estrutura e de característica masculina, diferente de Oyá-Tempo que era feminina) e mudando o mesmo para Logunan, outro nome desconhecido da maioria dos Umbandistas.

O mesmo foi feito com a figura de Egunitá, que foi muito confundida, principalmente pelo seu sincretismo com Santa Sara Kali, que se deturpou e confundiu-se com a própria deusa hindu Kali, muito devido a saudação desse trono: Kali-yê.

Para saber mais sobre essa confusão, recomendo o nosso texto sobre Kali.

Egunitá por si só também é uma qualidade de Iansã, sendo a terrível qualidade que conduz e domina os Eguns (por isso o radical Egun, no nome Egun-itá). Porém, dentro da literatura saracenista ela é vista como um Orixá do fogo consumidor, aquele que consome todos os desequilíbrios dentro do Universo, mediante o julgamento do Trono Masculino da Justiça, sendo o seu povo consumidor, ativo e negativo.

Peço perdão se algum termo aqui fugir ou eu mesmo expressar de forma incorreta, mas a literatura do Rubens Saraceni é deveras confusa e se contradiz em seus diversos livros, além disso é difícil registrar tantas mudanças em tão pouco tempo, seja de nomes ou de funções. Então, com toda essa confusão, o próprio “recebeu a revelação” de que o nome desse orixá na verdade era Oro-Iná, outro termo não encontrado.

Em uma conversa no grupo Espiritualidade em Estudo, obtive informações – até então desconhecidas – da lenda de Iansã, quando essa porta o fogo de Xangô, ou a língua de fogo, como é chamada em algumas tradições. Essa qualidade de Iansã é chamada de Oyá Topé e ela obteve seu poder de fogo por meio de Esú Iná. Abaixo a lenda, retirada do site, Os Mistérios da África:

“Esú Iná era feito de fogo, como uma chama que nunca apagava. Tudo que ele tocava queimava e por isso vivia só. Ele desejava ter uma família e que pudesse conviver sem machucar os que dele se aproximassem.
Iná nasceu no dia em que o primeiro raio bateu na terra, o seu fogo veio desse calor.
O Orisá dos Raios era Sango, então Iná foi até ele pedir ajuda para apagar seu fogo. Sango disse que nada podia fazer, mas que Iná fosse ver Orunmilá, somente Orumilá tinha resposta para tudo.
Iná foi ver Orunmilá e ele lhe disse que em Nupê havia uma feiticeira chamada Topé (o nome Topé é um termo usado para o som do eco) que sabia manipular o ar e os ventos, poderia abafar o fogo e que ele levasse dendê para ela, pois Topé ama azeite de Dendê. 
Quando Iná chegou na casa de Topé. ele teve de gritar o nome dela nove vezes, pois Topé responde no Eco, na multiplicação.
Ela então saiu e se mostrou, uma negra exuberante, com roupas vermelhas e pulseiras de cobre, Iná ficou paralisado ao ver tão bela mulher. Ele contou para ela sua situação e ela resolveu ajudar, costurou para ele uma manta de couro de búfalo e jogou sobre ele, o abafamento apagou o fogo, enquanto ele se cobrisse o fogo não reacenderia.
Iná ficou muito feliz e muito grato a Topé, ele entregou para ela o jarro com dendê. Topé abriu o jarro e então Iná lhe deu mais um presente, ele cortou um pedaço de sua pele e jogou para Topé, para que ela sempre tivesse uma chama, mas por acidente a pele flamejante de Iná caiu no jarro de dendê e isso causou uma explosão de fogo que se misturou ao Asé de Oyá Topé e nisso a pele de Esú Iná, o dendê e o fogo se tornaram parte dela, ela se transformou em uma labareda, uma chama viva, seu interior é puro fogo.
HEPA HEEEEEEEEY OYÁ TOPÉ!”
Percebem a similaridade do nome de Esú Iná com Oro Iná? Pois é! Deixo para vocês essa reflexão.

As 7 Linhas de Umbanda – Umbanda Popular:

Já nas Umbandas ditas populares ou tradicionais, nem sempre se segue uma estrutura de sete linhas fechadas, muitos nem fazem questão de nomear as sete linhas, lidando com elas de forma mais informal ou muitas vezes chamando as linhas de trabalho, por meio das sete linhas ou como se fossem as próprias sete linhas.

Para a Umbanda Popular o que mais vale é a prática da Espiritualidade e não exatamente como ela se processa, apesar que isso não é regra e como tudo que ocorre com as  Umbandas Populares, pode variar de casa a casa, sendo que algumas com uma influência maior do candomblé nagô irá cultuar Orixás como Obá, Logun Edé, Orumilá, Ossaim, que não são cultuados diretamente dentro das práticas de Umbanda convencionais.

As 7 Linhas de Umbanda – Meu Pensamento:

Dentro do meu pensamento houve um desenvolvimento dentro do que pratico na casa em que trabalho e da estrutura apresentada pelos meus guias e mentores. Além disso, muito me veio por meio de insights e de reflexões, não sendo consideradas revelações. Revelação seria se a mesma ideia tivesse permeado a cabeça de diversos médiuns em um mesmo momento, seguindo os princípios deixados por Allan Kardec no Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos.

O que ocorreu é que eu dentro das práticas e da evolução do pensamento (do meu próprio) consegui chegar a uma formatação que julgo confiável e confortável, unindo teorias de diversos autores e praticando a mesma com grande taxa de acerto e pouca rejeição dos meus mentores, quando em diálogo com eles. Seria então uma estrutura de umbanda, e não uma vertente nova, derivada do pensamento e dos estudos do Perdido em Pensamentos, sendo apresentada como: Linha da Fé, Linha da Demanda, Linha das Matas, Linha da Justiça, Linha dos Ventos, Linha das Águas e Linhas de Santos e Almas.

Dentro dessas linhas ainda subdivido todas em sete falanges, dentro das falanges subdivido em sete legiões, dentro das legiões subdivido em sete povos, dentro dos povos subdivido em sete tribos, etc. Logo, com essa formatação, podemos colocar toda a sorte de espíritos e entidades, sem sobrar ninguém, conforme suas especializações e as suas familiaridades.

Porém, como a Umbanda não é algo – para mim – redondinho e sem arestas, há algumas subdivisões que são meio ocultas ou ainda assim não reveladas, simplesmente pela falta de estudo e de investigação. Uma dessas é a própria Linha de Iansã, que não consigo colocar todas as sete falanges ou dar nomes a elas, só conseguindo compreender a falange dos Caboclos(as) dos Ventos. Não serei eu a desvelar isso, até porque não tenho essa capacidade ou pretensão.

Em outros casos eu também consigo enxergar outras linhas como sublinhas, ou melhor, falanges dentro das linhas principais. Neste caso falo da Linha do Oriente, regida por Xangô Caô e que vejo, como uma falange dentro da própria linha de Xangô, no lugar onde outros autores colocam a falange de Iansã.

Então para mim a estrutura ficaria assim:

  1. Linha da Fé (Regência: Jesus Cristo / Domínio: Oxalá)
  2. Linha de Demanda (Regência: São Jorge / Domínio: Ogum)
  3. Linha das Matas (Regência: São Sebastião / Domínio: Oxóssi)
  4. Linha da Justiça (Regência: São Jerônimo / Domínio: Xangô)
  5. Linha dos Ventos (Regência: Santa Bárbara / Domínio: Iansã)
  6. Linha das Águas (Regência: Virgem Maria / Domínio: Iemanjá)
  7. Linha de Santos e Almas (Regência: São Bento, São Lázaro, São Lázaro de Bethania e São Roque / Domínio: Obaluayê ou Omulu)

Alguns podem sentir falta da presença de Oxum, Nanã Buruquê e Ossaim, pois são Orixás cultuados dentro da Umbanda com certa presença. Para o meu pensamento como são Forças e não personificações, eu atrelo-os dentro das falanges das linhas principais, sendo que Iemanjá regeria TODAS as Águas, principalmente a água do mar (salgada) e Oxum seria uma água em específico, as águas doces que possuem movimento (cachoeiras e riachos), assim com Nanã seria a regente das águas paradas e lodosas (pântanos, lagoas e lagos). Dessa forma Oxum e Nanã são falangeiras de Iemanjá. Já Ossaim estaria presente dentro da Linha das Matas, sendo muitas vezes absorvido pela figura de Oxóssi.

Nessa estrutura, há ainda os falangeiros, os espíritos-guias e a presença dos encantados. Mas isso seria um tema para um outro artigo.

Conclusão:

Essa é apenas uma apresentação do pensamento das sete linhas e não implica na verdade suprema, são formas de manifestação que se consolidaram conforme a prática de cada um e que para cada vertente tem seu sentido baseado em sua estrutura religiosa e teológica.

Apesar de não achar familiar, correta ou afins determinada corrente, não posso afirmar que ela é inexistente de todo, principalmente porque existem pessoas que nela acreditam e por si só já criaram uma egrégora e criaram seus próprios deuses. Para saber mais sobre isso recomendo o texto sobre Egrégoras, publicado aqui no nosso blog.

Pegue o que aqui foi exposto e faça o seu próprio exercício de imaginação, de discernimento e de conjecturamento. Esperamos que saiam mais fortalecidos depois das exposições aqui propostas.


Para conhecer mais a visão das 7 Linhas de Umbanda, pela ótica tradicional praticada por mim, veja os vídeos abaixo:

  1. Conhecendo a Umbanda 01 – O que é Umbanda?
  2. Conhecendo a Umbanda 02 -As 7 Linhas de Umbanda.
  3. Conhecendo a Umbanda 03 -Linha de Oxalá e De Ogum.
  4. Conhecendo a Umbanda 04 -Linha de Oxóssi e de Xangô.
  5. Conhecendo a Umbanda 05 -Linha de Iansã e Iemanjá.
  6. Conhecendo a Umbanda 06 -Linha de Santos e Almas.

► Conheça também o nosso livro: Conhecendo a Umbanda – Dentro do Terreiro.


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