Esse texto é uma releitura de postagens feitas anteriormente em grupos de estudo. Vou tentar transportá-lo para o formato do blog.

Dentro da codificação espírita podemos encontrar diversas informações interessantes, mas precisamos entender que elas foram passadas para nós de forma a podermos compreender aquilo que estudávamos. A fórmula matemática não é exatamente o que ocorre nos fenômenos físicos, mas uma simplificação ou uma gramática simbólica que nos permite abstrair o fenômeno e compreendê-lo de forma mais racional.

De fato, um objeto amarelo não é amarelo, apenas é uma interpretação que fazemos daquela frequência de luz que nos parece com amarelo, ou pelo menos, entendemos como amarelo. Ou seja, tudo é ilusório e simbólico, as explicações só existem para nos auxiliar no caminho, porém no final a unidade se dá em não simbolizar, mas vivenciar.

Mas porque esse preâmbulo filosófico chato? Pois para falarmos sobre escala dos espíritos, como a maioria das coisas referentes à espiritualidade e Espiritismo é, antes de qualquer coisa, necessário compreender que as informações passadas são interpretações para um povo em uma determinada época, com um determinado conhecimento. Essas mesmas informações devem sofrer constantes contestações para atualizá-las de acordo com o novo conhecimento.

 Como o propósito é o estudo, precisamos primeiro nos desfazer dos preconceitos ignóbeis e das ideias já cristalizadas de forma errada. Despindo-nos de qualquer resquício da letargia mental imperiosa de quem se autodenomina detentor do conhecimento do mundo espiritual, porém pautar-nos naqueles que nos precederam nesses estudos e deles extrair o máximo de informações possíveis. Não devemos reinventar a roda, mas aprimorá-la.

Kardec pormenorizou a escala evolutiva de espíritos HUMANOS, dentro da codificação. Eu friso a palavra: humanos. Pois, sabemos que existem outros seres no Universo visível e invisível. Dentro dessa estrutura ele subdividiu a escala em três grandes ordens:

  • Espíritos Imperfeitos;
  • Espíritos Bons;
  • Espíritos Puros.

Essas mesmas ordens são desdobradas em 10 classes. Vamos começar abordando a terceira ordem, com a palavra Allan Kardec:

“Caracteres gerais: Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo, e todas as más paixões que lhes seguem. Têm a intuição de Deus, mas não o compreendem.

Nem todos são essencialmente maus; em alguns, há mais leviandade. Uns não fazem o bem, nem o mal; mas pelo simples fato de não fazerem o bem, revelam a sua inferioridade. Outros, pelo contrário, se comprazem no mal e ficam satisfeitos quando encontram ocasião de praticá-lo.

Podem aliar a inteligência à maldade ou à malícia; mas, qualquer que seja o seu desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas e os seus sentimentos mais ou menos abjetos.

Os seus conhecimentos sobre as coisas do mundo espírita são limitados, e o pouco que sabem a respeito se confundem com as ideias e os preconceitos da vida corpórea. Não podem dar-nos mais do que noções falsas e incompletas daquele mundo; mas o observador atento encontra frequentemente, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, a confirmação das grandes verdades ensinadas pelos Espíritos superiores.

O caráter desses Espíritos se revela na sua linguagem. Todo Espírito que, nas suas comunicações, trai um pensamento mau, pode ser colocado na terceira ordem; por conseguinte, todo mau pensamento que nos for sugerido provém de um Espírito dessa ordem.

Veem a felicidade dos bons, e essa visão é para eles um tormento incessante, porque lhes faz provar as angústias da inveja e do ciúme.

Conservam a lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea, e essa impressão é frequentemente mais penosa que a realidade. Sofrem, portanto, verdadeiramente, pelos males que suportaram e pelos que acarretaram aos outros; e como sofrem por muito tempo, julgam sofrer para sempre. Deus, para os punir¹, quer que eles assim pensem.

Podemos dividi-los em cinco classes principais: Décima classe. Espíritos Impuros, Nona classe. Espíritos Levianos, Oitava Classe. Espíritos Pseudo-Sábios, Sétima Classe. Espíritos Neutros, Sexta Classe. Espíritos Batedores e Perturbadores.”

Nos próximos textos iremos abordar as classes, com a apresentação de Kardec e também meus comentários em cada uma delas, tentando aproximá-los da visão umbandista do assunto.

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¹ Deus não pune ninguém, mas aqui a figura de linguagem é utilizada para expressar algo similar. Quem se pune são os próprios Espíritos, através da consciência pesada e do arrependimento. Tudo segue a lei de Causa e Efeito, Ação e Reação e nada consegue a ela fugir.

 

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