Esse artigo nasce como uma sugestão de um leitor e parceiro, autor do blog No Mundo das Umbandas, Felipe Matos. Entre nossas conversas, diálogos e ponderações nesse meio que virtual sobre a Umbanda e todas as suas implicações, gerando um debate filosófico muito oportuno, chegamos a uma conclusão alarmante: Os médiuns (principalmente os dirigentes) estão alienados!

A Alienação possui diversos significados, desde a cessão de um bem material ou a transferência do domínio de algo até mesmo uma perturbação mental. Quem já leu a obra O Alienista, do escritor Machado de Assis, percebe como o mundo é doente ou louco e como apenas aquele que o trata se sentia seguro, a ponto de tratar a normalidade como a loucura e a loucura como normalidade, em termos gerais.

Recomendo a leitura desse livro, porém sei que poucos o farão, visto que muitos só querem saber sobre Umbanda e religião e não entendem que Religião é todo um complexo sócio-antropológico da vivência humana.

Porém, das definições de alienação a que mais me deixa preocupado é a que define que Alienação é a diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar ou agir por si próprios. Pegando a primeira assertiva onde damos domínio de algo nosso para alguém (nossa mente?) e também quando anulamos nossa capacidade de discernir por conta própria, estamos fadados a sermos escravos, subjugados pela opinião alheia de pretensos mestres e profetas.

Desde quando estudava o Espiritismo, puramente, vejo um fenômeno que se repete dentro da Umbanda. As pessoas procuram MESTRES, procuram Sábios e quase nunca se preocupam consigo.

Não conseguem compreender que a verdadeira salvação está dentro de cada um e que as respostas para nossas perguntas não se encontram em textos escritos por outras pessoas. Esses textos são apenas guias, mas quem faz o caminho somos nós! Abrindo um parenteses aqui, mas sem fugir ao tema, gosto de lembrar do porquê o Dr. Edward Bach, criador do sistema Florais de Bach, após extensa pesquisa, decidiu-se por queimar seus escritos! Dr. Bach, recomendava que cada um fizesse essa viagem a seu EU de forma individual, seguindo seu próprio caminho, fazendo suas próprias descobertas, agindo conforme a sua vontade. Ainda pontuava que a doença se instala no ser humano quando a Mente e a Alma divergem.

Oras, não é isso que vemos nos terreiros? Médiuns e, para piorar, dirigentes que se julgam sacerdotes, repetindo textos escritos por um único homem, endeusando o mesmo e até mesmo refutando qualquer forma lógica de analisar um conteúdo? Mesmo que seja a mais absurda afirmação, ainda insistem em dizer que o senhor estava certo, porque ele é o ESCOLHIDO, um SER ILUMINADO! Deixando assim de lado toda sua razão de pensar, ponderar e duvidar.

Esse é um caso de alienação e na visão espírita podemos dizer que é um caso de Fascinação partindo para uma subjugação, em muitos destes já consolidada.

Percebemos esse efeito acontecendo também com supostos guias espirituais que citam até títulos e páginas das obras e que recomendam a leitura para os consulentes, agindo de forma inócua no problema do consulente que é a dor imediata que o mesmo está sentido, seja dor física, moral, espiritual ou emocional!

Agem contrários a regra básica da Umbanda que é manifestar o espírito para caridade. Qual a caridade que já em forçar uma situação de uma pessoa a ler um livro ou fazer um curso, sem que essa tenha qualquer capacidade para discernir? Primeiro ajudamos, depois apontamos o caminho e à partir daí o caminho é da pessoa.

Infelizmente, fecham-se hoje em círculos herméticos, como se fossem ordens esotéricas e acabam ganhando respaldo midiático que de certa causa um estrago grande a religião e toda psicosfera espiritual e religiosa do Brasil.

Hoje somos vistos como lunáticos ou simplesmente como divergentes, sendo que não se preparam para realmente discutir o cerne do problema, que a divergência existe e é saudável, mas essa suposta divergência que estão tentando aplicar, na verdade é uma submissão a uma única corrente de pensamento disfarçada de “Boa Nova”.

Vamos ter cuidado, para nos preparar a encarar essas situações de frente. Ainda há muito para ser feito, para que a Umbanda não se perca, como o Espiritismo se perdeu com o Roustaingnismo e também como andamos nos perdendo de todas as formas possíveis.

Para manter a religião viva, devemos respeitar a individualidade, ou seja, não cite livros, não referencie toda sua vida em palavras ditas por outras pessoas. Procure a sua verdade, procure a sua liberdade e se a cura da Alienação te levar para a loucura, que seja a sua loucura.

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