Vivemos procurando atingir certos objetivos em nossas vidas conforme diretrizes primárias que denominamos princípios pessoais. Destaco o termo pessoal, pois os princípios podem variar conforme o indivíduo, assim como serem absorvidos da cultura na qual o indivíduo está inserido. Somos constantemente irradiados com diversas formas de consagrações culturais e definições de como devemos ser, nos portar e até mesmo qual é o objetivo de nossas vidas.

Esse objetivo, que teima, em nossa sociedade atual, em ser definido pelo meio em qual se vive, deveria ser obtido através da profunda reflexão e também do adestramento dos nossos demônios interiores.

Essa é uma parte muito complexa de ser executada se não detivermos uma extrema atenção e um zelo redobrado com as nossas condições físicas, mentais, energéticas e espirituais. Costumeiramente repudiamos certas atitudes de terceiros, pois nós dizemos ser o oposto daquilo, mas qual é a nossa surpresa ao se deparar com manchetes nos jornais dizendo: “Jovem assassina diversos colegas em seu colégio.”? Quando nos deparamos com o subtítulo, o repúdio ainda fica pior, pois lá está dizendo que o Jovem era aparentemente calmo, “na dele”, recluso, etc.

O grande problema disso é a polarização a que somos impelidos em vida a seguir. Todo processo de extrema polarização é resultado de desequilíbrio e acarreta doenças, sejam físicas, emocionais, mentais, energéticas ou espirituais.

Devemos compreender que, tanto na visão holística, quanto em uma visão religiosa espiritual, não estamos buscando nos tornamos santos, mas sim entrar em equilíbrio conosco e com nossas dificuldades pessoais. Só passamos a considerar algo como pertencente a nós mesmos a partir da consciência, enquanto isso não ocorre, podemos encontrar a verdade nas palavras de Carl G. Jung:

“Até você tornar-se consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você irá chamá-lo de destino.”

Essa questão da polarização se dá por termos uma visão muito plana da vida, linear. Dentro da filosofia chinesa (e do taoismo) podemos encontrar os termos da polaridade definidos como Yin e Yang. Aqui não cabem definições como Bem e Mal, mas sim polos contrário e complementares. O TAO (o TODO, o CAMINHO) é formado pela união e pela dinâmica entre esses dois opostos complementares. Dentro do Yin, encontramos a semente do Yang e dentro do Yang, encontramos a semente do Yin.

Yin e Yang podem ser definidos sempre de forma comparativa e nunca de forma fixa e imutável. Aliás um dos grandes livros da filosofia de vida chinesa o I Ching, ganhou a tradução de O Livro das Mutações, por uma razão. Nada no mundo é estático. Vemos isso também nas afirmações herméticas abaixo:

  • Lei da Vibração:“Nada está parado, tudo se move, tudo vibra.”
  • Lei da Polaridade:“Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados.”
  • Lei do Ritmo:“Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação.”

Então com essa união dos opostos e essa dinâmica sempre em movimento, encontramos o TODO, o CAMINHO ou o TAO.

Agora no campo da vida prática temos a experiência de tentar sempre ser uma boa pessoa, “engolir todos os sapos” possíveis, fazer o melhor e nos anular, deixando de tomar certas atitudes, pois a sociedade ou a família, define aquilo como errado, pecaminoso ou vexatório. Porém, em determinado momento da vida, o indivíduo acaba por “explodir”, lançando tudo que havia armazenado dentro de si, Sombra e Luz, ao mesmo tempo.

Porém sempre que falamos sobre objetivos ou princípios criamos uma imagem como a abaixo:

 

Podemos substituir os termos Yin e Yang por outros como: Mal/Bem (apesar de não ser aplicável), Sombras/Luz, Noite/Dia, Frio/Calor, Terra/Ar, Negativo/Positivo, etc. Também podemos substituir TAO por EQUILÍBRIO e HARMONIA.

Em nossa falsa noção de realidade, acreditamos que devemos ir sempre para o caminho do bem, porém, isso não satisfará nosso ser que é DUAL. Assim como o caminho do mal também não é aceitável, então, devemos pois, ir sempre pelo caminho do MEIO, da HARMONIA. Quanto mais nos aproximamos de uma polaridade, na realidade mais próximos estamos da outra polaridade. Pois o que temos aqui é apenas a ilusão, ou MAYA como dizem os indianos.

De fato nossa vida é como na figura do Ouroboros, a serpente que persegue e morde a própria cauda. Tudo é cíclico e devemos ter essa consciência. Uma visão adequada da reta representada na imagem acima seria a de um círculo, como o apresentado a seguir:

 

Então vejam, que quanto mais me aproximo do pólo Yin, mais próximo estou do pólo Yang. Lembram daquela velha história que o Amor e o Ódio caminham juntos? E de que tudo é uma faceta inversa do mesmo sentimento ou emoção? Aqui também se aplica, assim como temos a figura de uma montanha sendo iluminada em uma das suas faces pelo SOL e a outra estando na SOMBRA. Ainda assim é uma montanha, porém com temperaturas e condições totalmente diferentes e diversas entre si.

O que precisamos fazer é entrar em contato com a nossa essência, procurando o nosso real objetivo dessa vida. Não adianta ficar eternamente insatisfeito – por mais que saibamos que a nossa “realidade” é imperativa e nos obriga a certas condições sociais – com tudo a nosso redor. Para isso temos diversas ferramentas e mecanismos que podemos utilizar desde práticas integrativas e complementares até mesmo a práticas espirituais ou religiosas. Porém o mais importante de tudo isso é a VONTADE de cada indivíduo para tentar compreender sua verdadeira motivação e perseguir isso, de uma forma ou outra, ou pelo menos encontrar a sua paz interior em sua atual condição.

Devemos sempre lembrar que a não aceitação consciente de nossas dificuldades e insatisfações, assim como o ato de “engolir” e não manifestar certas facetas de nossa personalidade, podem se transformar em desequilíbrios e esses podem acarretar doenças de todas as ordens, inclusive diversos tipos de tumores. Isso se chama somatização, tema esse que já foi abordado por nossa colunista Nicole Wijtenko, que é Psicóloga Clínica.

Então, agora que já temos mais essa bagagem intelectual, vamos começar a trabalhar o nosso ser de forma integral ou holística, para encontrar a harmonia que tanto precisamos. Deixe de lado a polarização, procure sempre o caminho do meio.

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