A resposta para essa pergunta, como todas as que envolvem a esquerda é envolta em polêmicas. Tentarei explicar aqui qual é a questão energética que envolve ou diferenciam médiuns homens e médiuns mulheres, com o ponto de vista da tradição. Não queremos soar misógino, machistas ou homofóbicos. Esse texto foi postado antes em nosso grupo de estudos, como um balão de ensaio para sabermos como seria a reação.  Nosso blog tem compromisso com o estudo sério e também com a divulgação de informações coerentes, não queremos levantar bandeiras sobre estas questões por serem tão importantes, pois sabemos que não é o escopo do blog, então não poderíamos defender de maneira adequada a liberdade universal de todos os seres humanos.  Ressalto que essa resposta é pautada na questão energética e não questões culturais.

O médium homem (não importa sua orientação sexual no caso, mas sua constituição biológica) não deve incorporar Pombagira segundo a tradição, apesar de poder fazê-lo. Vamos entender a questão aqui, pois há duas frentes para essa refutação: Primeiramente, a questão energética que é atrelada a constituição biológica do ser humano; Segundo, por questões de preconceitos do próprio médium.

A questão Energética

Podemos usar a afirmação, extraída de um famoso ponto-cantado, que diz:

“Pombagira é mulher de 7 Exus.”

Em uma visão bem superficial e grosseira, o ponto nos leva a entender que ela se entregou a lascividade e que possui sete maridos, o que acarretaria o adjetivo de promíscua a essa figura. Porém, na visão da tradição, simbolicamente, esse ponto indica que são necessários sete homens para fazer o trabalho de apenas uma mulher, ou seja, uma Pombagira valeria por sete Exus.

Isso se aplica a todas as mulheres, não só as pombagiras, por questões energéticas e do mistério gerador da vida que elas carregam. O corpo feminino possui um tônus e uma reserva energética diferente do masculino. A mulher por possuir o segredo da vida (gerar vida) tem mais vitalidade do que o homem, ou seja, a mulher produz mais ectoplasma. Logo consegue lidar com forças que os homens teriam mais dificuldade. Esse é o motivo de uma médium mulher receber Exu, Pombagira, Caboclo e Cabocla, Preto e Preta-velha, etc. Já o homem, geralmente só recebe entidades masculinas, salvo raras exceções.

Digamos que o aparelho biológico da mulher está mais bem adaptado para receber a energia de uma entidade tão vigorosa como a Pombagira. Mas isso também se expande para as demais linhas e as suas contrapartes femininas.

A questão Preconceito

Na questão sobre preconceitos, temos que ser sinceros e ver que isso se dá mais por desajuste do médium em não aceitar a liberdade universal e individual de cada um. O médium, pode evocar e incorporar uma pombagira, mesmo despendendo mais energia. Porém não deverá fazê-lo, pois a entidade também não se sentirá confortável com a situação, sentindo o preconceito do médium e muito será cerceada em suas capacidades em ajudar o próximo, pelo próprio médium.

Também devemos analisar o outro lado da questão e perguntar: Se a entidade conhece seu “cavalo” e sabe que o mesmo ainda tem preconceitos – afinal, estamos aqui para aprender e não somos perfeitos – por que ela iria força-lo a incorporar? Por que expô-lo a uma situação em que ele se sentiria desconfortável, possivelmente prejudicando o trabalho mediúnico? Temos que lembrar que o que interessa, de fato, é o trabalho e a assistência ao próximo.

Devido a isso, os antigos pais e mães espirituais, determinaram uma proibição aos homens de receber os guias femininos, o que acabou caindo no senso-comum e perdeu o sentido por trás do porquê, que deveria ser o fator energético.

Conclusão

Eu posso dizer por mim, incorporei pombagira por duas vezes, de forma muito rápida, de passagem do Exu para uma Entidade de Direita e só! Eu a ouço às vezes passando conselhos e informações, sei que trabalha em união com o Exu que me assiste, mas não é MINHA de fato. É apenas um espírito simpático a mim, que se dedica a ajudar nos trabalhos, quando o domínio dela (sexualidade, desejo, prazeres, etc) é necessário.

Então, o homem deve incorporar pombagira? Não. Mas não é por questão de ficar afeminado, pois depois que a incorporação acaba isso passa. Mas de fato é porque o homem não tem CAPACIDADE energética para aguentar a manifestação completa de uma entidade feminina durante muito tempo.  Isso pode até prejudica-lo fisicamente, pois o ectoplasma despendido também é importante para a manutenção de nossa saúde física e espiritual.

Mas porque tantos médiuns homens incorporam Pombagiras hoje em dia? Porque hoje tem a regra do TUDO PODE!

Perdeu-se completamente o porquê das coisas e deixamos tudo a cargo do “achismo”, sem procurar resgatar a tradição. A Umbanda é taxada de machista, porém, isso foi algo imputado a ela, pois em sua origem, homens e mulheres têm o mesmo nível, direitos e obrigações. São quase iguais, com a diferença que a mulher é mais bem preparada para certos trabalhos mediúnicos. Transformaram uma religião de igualdade, liberdade e fraternidade em uma religião cheia de preconceitos bobos e que nada tem a ver com a mensagem evangélica do Cristo.

Os médiuns que acabam por incorporar as entidades femininas sentem-se mais desgastados – dentro do meu campo amostral, através da observação dos vários terreiros e médiuns que pude ter contato – após a gira. Claro que há outra questão, a da mistificação. Devemos mesmo verificar se o médium está “recebendo” uma entidade. Os homens podem trabalhar com as moças de forma indireta, não precisamos incorporá-las para conseguir a sua ajuda. A prática da Umbanda é maior do que a simples incorporação.

Essas valorosas entidades são tão poderosas, que deixam a todos encantados com seus eflúvios. Eu agradeço muito por ter uma dessas dedicadas mulheres ao meu lado, me auxiliando e me puxando a orelha quando necessário; sabendo que não é preciso que ela incorpore em mim para que eu aprenda com ela.

Laroyê Pombagira! Pombagira Omojubá! Exuê!

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