Os boldos e suas propriedades, sempre são motivo de confusão. Quando estudamos ervas, principalmente em suas questões biológicas e farmacoquímicas, devemos tomar cuidado redobrado para nos assegurar de que estamos nos utilizando realmente de algo seguro e da planta correta. O grande problema que encontramos é referente a nomenclatura das plantas, pois estamos acostumados a usar o nome popular (ou vernacular) para nos referir a uma planta. Mas podemos ter diversas espécies de planta com o mesmo nome e com composições e propostas diferentes, além de cuidados e contra-indicações diferentes também.
Em nosso grupo de estudos, recebemos uma pergunta de uma das integrantes questionando se determinado arbusto era realmente um boldo.  Realmente, a planta é um boldo, mas não é o boldo que estamos acostumados a usar para tomar chá. Vamos entender mais sobre isso nas próximas linhas.

Tipos de Boldo

Na imagem podemos ver dois, dos mais comuns, tipos de boldo que encontramos. Existem outras plantas que são chamadas de boldo também, mas vamos nos ater a esses dois por serem os mais conhecidos.

Além de serem os mais conhecidos, também são os mais confundidos: Boldo-do-Chile e Boldo-Brasileiro.
 
Tradicionalmente ouvimos as “avós” falarem para tomar chá de boldo caso a pessoa esteja com
problemas digestivos ou se exagerou naquela caipirinha no final de semana. Mas aí eu pergunto: CHÁ DE QUAL BOLDO?!

O Boldo-do-Chile (Peumus boldus) como vemos na imagem tem as folhas mais ovais, sem serrilhados nas bordas e um aspecto mais coreáceo. Já o Boldo-Brasileiro (Plectranthus barbatus) tem um formato mais triangular, folhas dentadas nas bordas e aspecto mais aveludado.

Mas qual é o usado para chá? É o boldo-do-chile, que geralmente está a venda em formato de sachê nos mercados brasileiros. Porém mesmo seu cultivo no Brasil é diferente, pois o tipo do solo e do clima também influenciam nas composições químicas das plantas. Podemos também encontrar o boldo-brasileiro em formato de chá e para dirimir essa dúvida precisamos olhar na parte de ingredientes e ver qual é o nome científico.

Abaixo deixo uma breve ficha descritiva de cada uma das espécies, lembrando sempre que devem ser tomadas todas as medidas de cuidado possíveis quando estamos falando de ervas e plantas.

BOLDO DO CHILE (Peumus boldus)

COMPONENTE QUÍMICO PRINCIPAL: Boldina (É um alcaloide e deve ser administrado com cuidado)

INDICAÇÕES DE USO: afecções do fígado e da vesícula, cálculo biliar, cólica, digestão, dispepsia, hepatite, má-flatulência, previr icterícia, prisão de ventre.

CUIDADOS: Em altas doses pode provocar vômitos, diarreias e alterações do sistema nervoso (efeito narcótico). Pode ser abortivo e provocar hemorragias internas. Segundo Steinegger & Hansel (1988) podem ocorrer, com o uso prolongado ou de altas doses: hepatotoxicidade, hiperemia da mucosa gastrointestinal, que pode levar a inflamações, distúrbios da coordenação, alterações psíquicas e convulsões. (Segundo a Plantamed). NÃO USAR EM CASOS DE GRAVIDEZ, pois o boldo pode gerar problemas na formação do bebê, principalmente nos primeiros três meses.

BOLDO BRASILEIRO (Plectranthus barbatus)

SINÔNIMO: Tapete de Oxalá

COMPONENTES QUÍMICOS PRINCIPAIS: barbatusol, barbatol, barbatusina, cariocal, ciclobutatusina, colenol, coleol, coliona, óleo essencial (rico em guaieno e fenchona), ferruginol, forskolina. (Segundo Plantamed)

INDICAÇÕES DE USO: asma, bronquite, diarréia (extrato cru das folhas é antiviral), fadiga do fígado, distúrbios intestinais, hepatite, cólica e congestão do fígado, obstipação, inapetência, cálculos biliares, debilidade orgânica, insônia, ressaca alcoólica. (Segundo Plantamed).

CUIDADOS: pessoas com úlceras/gastrite não devem usar.

USO RITUALÍSTICO: É uma erva usada em muitos amacis por ter propriedades energéticas, protetivas e purificadoras.


Além disso, todas as plantas ou ervas usadas de forma fitoterápicas devem ser recomendadas por profissionais qualificados, tais como: médicos, farmacêuticos, terapeutas naturais e fitoterapeutas. Não devemos simplesmente nos apegar as questões energéticas ou religiosas, pois existe muita diferença no uso FITOENERGÉTICO e FITOTERÁPICO. Não recomendamos ainda o uso dessas substâncias por períodos de tempo prolongado, pois podem causar danos. Podemos notar que existe um alcaloide como componente principal do Peumus boldus que pode ser extremamente tóxico, usado em altas dosagens e/ou por muito tempo.

Assista também nosso vídeo sobre Fitoterapia na Umbanda.

Para mais informações, consulte um terapeuta natural.

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